09 | A Esfera De Cristal

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No instante seguinte, a esfera de cristal com as quatro crianças dentro, viu-se no alto de uma duna de areia, em pleno deserto. Um sol tenso e avermelhado pesava no horizonte. Anne Lise e Hans Petter nunca tinham visto nada tão bonito mas, apesar disso, puseram-se a chorar.

— Quero voltar para casa para encontrar com a mamãe e o papai — disse Anne Lise fungando.

— Não temos licença para estar aqui — soluçou Hans Petter. — Tínhamos prometido voltar para casa logo depois do cinema...

Lik e Lak entreolharam-se.

— Mas vocês podem voltar para casa logo que queiram — tranqüilizou-os Lak. —

Mesmo que tivéssemos de ficar no Saara durante muitas semanas, conseguiriam chegar em casa logo depois do cinema, porque dentro da esfera o tempo não passa.

Hans Petter e Anne Lik pararam automaticamente de chorar: não podiam não acreditar nas palavras dos gêmeos de Sukhavati. Mas não deixava de ser bastante estranho verem-se de repente em pleno Saara...

Abriram o portinhola e desceram da esfera de cristal. O ar era seco e quente. Baixaram-se para tocar a areia: parecia que tinha febre.

— Se tivesse vindo para cá, diretamente de Sukhavati — disse Lak —, não acreditaria que no globo terrestre houvesse vida.

— Então, o melhor é encontrarmos um lugar onde haja mais vida — propôs Lik, enquanto entravam novamente para a esfera.

— Podemos ir a uma grande cidade? — perguntou Hans Petter ansiosamente. — A Nova Iorque, por exemplo?

— Claro! — Lik olhou para o gêmeo. — Para o topo do Empire State Building! — exclamou.

Nesse mesmo instante, a esfera com as quatro crianças dentro viu-se no coração de Manhattan, a cento e um andares da chão. Estavam lá com dificuldade, na ponta do pináculo do famoso arranha-céu que, porém, era estável como uma cúpula.

Por todo o lado se via arranha-céus. Mas eram muito poucos os que atingiam a altura do Empire State Building.

— Este edifício ainda é mais alto do que a torre mais alta de Ananda — disse Lik, roendo-se de inveja.

Lá em baixo, centenas de metros abaixo deles, viam-se minúsculos pontinhos em movimento. Eram pessoas e automóveis.

As ruas entrecruzavam-se por todos os lados, retas como as linhas de uma folha quadriculada. Somente uma estrada se desenrolava como uma serpentina por cima de todas aquelas linhas retas. Lik e Lak disseram aos outros dois que aquela estrada se chamava Broadway. Muito tempo antes da fundação da cidade, tinha sido um caminho de índios.

As crianças concordaram que Nova Iorque era uma cidade realmente enorme, tão grande que até dava vertigens.

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