09 | Apanhados!

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A esfera de cristal apareceu no ponto exato em que estivera dois mil anos antes. As crianças não perceberam deslocação alguma, não obstante terem dado um grande salto no tempo.

De fato, Bergen voltara ao seu lugar e, de repente, viam-se casas por todo o lado, tanto nos vales como nas encostas das montanhas. Num segundo, tinha havido uma mudança que, na realidade, durara centenas de milhares de dias.

Hans Petter e Anne Lise desceram da esfera de cristal e despediram-se dos gêmeos de Sukhavati. Lik e Lak prometeram voltar a estar com eles: bastava que exprimissem o desejo de se encontrarem na Rua da Montanha e, ops!, lá estariam eles.

Todos os quatro achavam que era melhor que Anne Lise e Hans Petter descessem antes de Lik e Lak voltarem a enfrentar os jatos de água na avenida. Os gêmeos de Sukhavati queriam desvencilhar-se sozinhos.

As crianças da Rua da Montanha despediram-se de Lik e Lak e dirigiram-se para o elevador. Era a primeira vez que faziam o percurso montanha-vale no regresso do cinema...

— Para a avenida! — ordenou Lak.

A esfera de cristal reapareceu no meio dos jatos de água vindos das mangueiras. Foi atirada para longe e, por pouco, não se despedaçou contra a vitrine de um restaurante. Pouco mais abaixo, ao longo da avenida, Lik e Lak viram o grande cartaz em que se sobressaía o escrito «SAARA».

Não se pode dizer que tenham recebido umas calorosas boas-vindas, no regresso daquela longa viagem pelo conto, mas aquela interrupção tinha sido positiva para ambos.

Nenhuma daquelas pessoas que estavam por baixo, imaginava longinquamente que fosse, que Lik e Lak tivessem partido: lá na avenida, não tinham desaparecido senão por uma fração de segundo, até menos que isso. Tinham desaparecido no espaço entre um e outro segundo, mais ou menos como uma folhinha de papel que se esconde entre duas páginas de um grande livro.

Mas nesse momento, o jato de água parou. Provavelmente, era só um ato de gentileza meramente passageiro. Lik e Lak abriram a portinhola da esfera.

— Parem com isso! — exclamou Lak.

Da multidão elevou-se um grito de espanto. Não pelo que dissera Lak, mas porque as pessoas tinham percebido de que dentro da esfera não havia quatro, mas duas crianças. Ninguém, lá em baixo, poderia imaginar que Hans Petter e Anne Lise estivessem naquele momento voltando para casa.

Exceto Olve, talvez. Estava novamente lá em baixo, entre a multidão, e agitava os

braços.

— Bravo! — gritou. — Assim é que é!

Mais não pôde dizer, já que foi imediatamente apanhado por dois polícias, que o fizeram entrar num carro.

— O que é que fizeram com as duas crianças norueguesas?

Era o policial com o megafone.

Viagem A Um Mundo FantásticoOnde histórias criam vida. Descubra agora