Mi Ojos Verdes - Camren -

Capítulo 35 - 26 de fevereiro de 2019

26 de fevereiro de 2019.

O clima naquele momento estava pesado, eu tentava respirar fundo, passando uma das minhas mãos pelo meu rosto, tentando afastar algumas pequenas lágrimas que cismavam em escorrer pela a minha pele. Eu sentia como se um bolo tivesse se formado na minha garganta, depois de tentar usar minhas palavras para contornar todo o furação que tinha tomado conta da casa, enquanto meu coração apertado batia forte contra o meu peito. Eu não queria que aquilo tivesse acontecido... Eu nem ao menos entendia como tinha deixado aquilo acontecer, foi tudo tão confuso...

Do outro da sala, Camila, ainda com o rosto vermelho pelo choro, me encarava com decepção, antes de soltar um longo suspiro, limpando algumas lágrimas com as costas da mão e pegar o envelope branco depositado na mesa da sala. Ela retirou o papel que havia ali dentro e seus olhos começaram a percorrer as palavras que estavam impressas, lendo em silêncio e esboçando em sua expressão um misto de ânsia e apreensão.

Quando parecia ter terminado, novas lágrimas voltaram a escorrer pelo seu rosto e eu sentia como se algo começasse a me sufocar cada vez mais... Eu não suportava a ver desse jeito... quebrada... Eu não me esquecia da vez que a fiz chorar desse jeito, quando quase fui embora para NY, depois de ser uma idiota acreditando no veneno da Rosário... e agora, parecia que eu tinha conseguido ser uma idiota mais uma vez... Eu já tinha tentado me desculpar, tentado me explicar, mas nada parecia surtir efeito naquele momento.

—E então? Deu certo? – Eu perguntei com uma voz fraca, enquanto a observava deixar o papel na mesa. Ela não me respondeu e nem ao menos fez algum sinal positivo ou negativo, enquanto começava a caminhar pela sala. – Camz, por favor... – Eu insisti, segurando levemente em seu pulo, enquanto ela passava ao meu lado.

—Me solta, Lauren. – Ela disse num tom duro, puxando seu braço grosseiramente para longe de mim, antes de voltar a caminhar.

Eu escutei a porta do quarto bater com força, me fazendo soltar outro suspiro cansado. Eu caminhei até a mesa, pegando o papel jogado de qualquer jeito. Eu não sabia se minhas mãos trêmulas eram um resquício da briga em que havia mergulhado com a Camila, ou se eram indicio da minha expectativa sobre o que estava escrito no papel... Talvez fosse uma mistura das duas coisas.

Mais um longo suspiro e me concentrei em ler o que estava escrito no papel atentamente, pulando uma parte ou outra irrelevante, para chegar ao resultado mais rápido. Parecia que, por alguns segundos, mesmo que por pouco tempo, eu me esqueci de tudo o que estava acontecendo e troquei minhas lágrimas por um pequeno sorriso. Tinha dado certo...

Eu ainda continuei parada na sala por alguns minutos, digerindo o turbilhão de coisas que havia acontecido hoje e só então, decidi sair de casa em direção à cachoeira que havia lá por perto. Camila não iria querer falar comigo agora, de qualquer maneira e eu precisava tentar colocar minha cabeça no lugar. Depois de tanto tempo com tudo correndo perfeitamente bem em nossas vidas, eu deveria suspeitar que alguma coisa iria nos derrubar como um verdadeiro terremoto.

15 de setembro de 2016

Eu sorri ao ver o corpo adormecido da Camila, deslizando meus dedos suavemente pelo seu rosto, afastando alguns fios de cabelo de sua pele. Amanhã seria nosso casamento e eu decidi fazer uma pequena surpresa na nossa ultima noite como noivas.

—Amor... – Eu chamei a Camila, deixando um beijo suave em seu rosto adormecido. – Camz, acorda. – Eu a chamei de novo, sacudindo levemente seu corpo.

—Hum... o que foi? – Ela perguntou ainda com os olhos fechados.

—Vamos, quero te levar a um lugar. – Eu falei simples, beijando seu pescoço.