Capítulo 47 - 13 de abril de 2019

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13 de abril de 2019.

Por alguns minutos, que pareceram uma verdadeira eternidade para mim, eu fiquei ali, parada no meio da emergência do hospital, observando o corredor por onde a maca com a Camila havia sido levada. Eu estava assustada, como nunca havia me sentido antes e minha boca seca denunciava toda a aflição que estava sentindo naquele momento. Tudo o que eu queria era poder ter ficado ao lado da Camila, lhe dando apoio, cuidando dela, mas a única coisa que me restava era esperar e isso me agoniava cada vez mais.

―Moça, precisa de ajuda? – Eu escutei a voz de uma enfermeira soar ao meu lado, enquanto tocava meu ombro sutilmente.

—Eu... posso usar o telefone? – Eu perguntei saindo do meu transe e ela assentiu me guiando até o telefone que havia na recepção.

No meio de toda aquela situação, eu nem me lembrei de trazer meu celular e antes de pegar o telefone no gancho, tentei limpar as manchas vermelhas, das minhas mãos, no tecido da camisa.

A cada toque de chamada que soava, meu pé batia mais rápido contra o chão do hospital, desejando que a pessoa atendesse logo o telefone no meio daquela madrugada.

LIGAÇÃO ON

―Alô! – A voz soou impaciente e sonolenta, ao mesmo tempo.

—Dinah... – Eu murmurei com uma voz baixa.

―Lauren? O que aconteceu? – Ela perguntou num tom confuso.

—A Camila... eu trouxe ela para o hospital... – Eu tentei explicar, mas nem ao menos conseguia escolher as palavras direito.

―Eu estou indo para aí. – Ela disse quase que imediatamente, antes de desligar o telefone.

Eu agradeci a enfermeira rapidamente pelo telefonema e voltei a caminhar pela emergência, andando de um lado para o outro e sem saber o que pensar direito... Tudo o que eu queria era estar com a Camila.

Eu não sei quantos minutos passaram, mas quando observei a Dinah entrar na emergência, ainda não haviam me dado notícia nenhuma sobre a minha mulher e nosso bebê.

—Lauren, o que houve? Onde está a Camila? Você se machucou? – Ela perguntava rapidamente, me encarando atentamente.

―Não, eu estou bem... – Eu falei negando com a cabeça. – A Camila estava com dor, começou a sangrar e eu a trouxe para cá... Eu não sei como ela está, a Mani não fala nada... eu... eu não sei... – Eu tentava explicar vendo minhas mãos ainda sujas tremendo.

—Ok, vamos até o banheiro, vamos limpar todo esse sangue. – Ela disse num tom calmo.

—Não, eu preciso esperar a Camila aqui, eu prometi que iria ficar. – Eu neguei rapidamente.

―Lauren, vamos agora. – Ela falou firme, enquanto me puxava pelo pulso.

Por mais que eu não quisesse ir, eu não tinha forças nem argumentos, para ir contra a Dinah agora, então simplesmente deixei que ela me puxasse até um dos banheiros do hospital. Ela pediu que eu esperasse cinco minutos no local vazio e quando ela voltou, trazia consigo uma toalha e uma blusa do uniforme dos enfermeiros.

—A vantagem de namorar uma das médicas daqui, é que eu conheço quase todas as enfermeiras e consigo emprestadas essas coisas. – Ela explicou calma, enquanto colocava os objetos na pia. – Quer tentar me explicar o que aconteceu direito agora? – Ela perguntou num tom paciente, enquanto puxava minhas mãos para a água fria da torneira.

―Nós discutimos de novo, acabamos falando coisas muito duras uma para a outra... – Eu comecei observando a água vermelha escorrer pelo ralo da pia. – Quando foi de madrugada, eu acordei com o Gogh latindo e ela chamando meu nome... – Eu continuei sentindo um nó se formando na minha garganta. – Ela estava sentada na cama, chorando, praticamente gritando de dor e... tinha sangue, muito sangue... – Eu expliquei sem conseguir segurar o choro. – Foi minha culpa... Eu não deveria ter brigado com ela, desde o início, foi tudo minha culpa. – Eu disse soltando um soluço e antes que eu voltasse a falar, Dinah puxou meu corpo para um abraço apertado.

Mi Ojos Verdes - Camren -Onde histórias criam vida. Descubra agora