Mariah - "me dê 10 reais"

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Procurei por todo o quarto, nada da porcaria da agenda.

-Não é possível, não deve estar aqui. - Falo.

-Tá onde então, no banheiro? - Diz ironicamente, e nos olhamos, dou de ombros, quem sabe está mesmo.

Entramos no banheiro, nem dá tempo de procurar em nada, a porta do quarto abre e instintivamente fecho a porta do banheiro, giro a chave.

-Quem está ai? - Gritou uma voz feminina. - Vamos, saiam logo do meu quarto, que saco. - PQP! É a loca.

-E agora? - Mexo os lábios pra ele, ainda encostada na porta como se eu pudesse segurar.

-Ferro. - Seus lábios respondem e vejo o terror nos seus olhos, ser descoberto aqui seria mais que vexame, ela poderia alegar invasão... Que ideia de idiota.

Viro para a porta, ainda com as mãos espalmadas na madeira branca, e espero a próxima ação dela.

-Achei a agen... - Disse ele.

-Shiiiiiiu. - Olho pra trás estrangulando-o com os olhos, nem quero mais saber da agenda, quero ir embora. - O que adianta a agenda agora? - Sussurro um grito histérico.

-Eu estou ouvindo vocês cochichando, saiam agora, meu quarto não é motel, vão se pegar em outro lugar. - Gritava a menina em meio ao som da festa.

-Fala que está nua e só sai se ela sair primeiro. - Grande ideia Chase, grande!

-Não vai funcionar. - Falo, levo um baita susto quando a menina chuta a porta.

-Vou chamar a polícia. - Grita, olho alarmada para Chase, mas ele se limita a balançar a cabeça negativamente.

-Não vai não. - Diz baixinho, fingindo fumar um cigarro invisível, como quem diz, tem drogas na festa.

-Vocês estavam roubando meu quarto? - Gritou de novo, agora mais irritada, deve ter percebido alguma gaveta aberta.

Foi ai que tive a ideia mais escrota e ridícula da minha vida.

-Ah! Oh! Ah! - EU GEMI BEM ALTO, para a menina continuar pensando que estávamos apenas nos pegando no banheiro. - Já estamos acabando. - Gritei, com uma voz bem pornográfica.

Não olhei pra trás, não vou conseguir encarar Chase depois disso.

-Ah! Oh! Oh! - Continuei, e senti a mão dele no meu ombro, foi reflexo e me arrependi assim que olhei pra trás.

Chase se apoiava em mim de tanto rir, com a outra mão na boca tentando abafar a gargalhada, estava ficando vermelho já. Dei-lhe um tapa na cabeça, xingando-o mentalmente.

-Ahhhh que nojo! - Berrou a menina. - Eu vou chamar a tevê, será um escândalo, pelo menos minha festa vai ficar famosa. - A porta abriu e fechou logo em seguida.

Eu tinha que ser rápida, abri a porta com tudo e coloquei a cabeça pra fora, o quarto estava vazio, ela realmente saiu pra chamar quem quer que fosse. Peguei o pulso dele e arrastei o garoto risinho pra fora, abri a janela e atravessei para o telhado.

-Tá doida? - Perguntou com os olhos cheios de lágrimas e bochechas vermelhas.

-Vou te deixar aí. - Não era o telhado que eu pensava, na verdade não é como nos filmes que se vê, não havia onde pisar, então pisei no ar condicionado rezando para ele me aguentar, foi sem pensar, tentei me segurar um tubo da calha para ter equilíbrio, mas não consegui, uma mão saiu pela janela para me dar apoio. Eu só preciso me esticar um pouquinho para alcançar a sacada da janela ao lado.

Faço de tudo para não olhar para baixo, mas um grito chama minha atenção, não era nada demais, moleques nascem com o dom de ser idiota. Daqui da pra ver a piscina, onde jogavam uns aos outros, garotas semi nuas dançavam como se fossem a sensação do lugar. Para conseguir segurar do outro lado preciso largar a mão dele e dar impulso, e o frio na barriga? Como faz?

As quatro agendasOnde histórias criam vida. Descubra agora