Eram mais ou menos cinco horas, quando precisei ir até a sala do Chase, entrei, caminhei até sua mesa. Ele sabia que era eu, óbvio, mas nem me olhou, deixei os papéis sob a mesa e esperei. Demorou, mas ele olhou, claramente chateado.
-Não quero te ouvir. - Disse, não houve nem um pingo de humor, mas senti que se espremesse, quem sabe.
-Qual é? Vai dar tudo certo, né. - Soei muito distante, quase como se duvidasse.
-Sério, Vinz, não estou no clima de brigar com você. - Sua vozinha me cortou o coração, estranho vê-lo assim
-Permissão para abraço de consolo? - Um sorriso bem discreto me respondeu, quase um deboche humilde.
Dou a volta na mesa, fico ao lado da sua cadeira grande e abro os braços, sentado mesmo ele se inclina em minha direção e me abraça. Seus braços agarram minha cintura, e ele descansa a cabeça na minha barriga, que rezo para que não ronque de fome bem agora, sem muito o que fazer, deixo um braço sob suas costas e com a outra mexo em seu cabelo.
Nunca foi tão errado estar certo. Já era um hábito pensar "não podemos fazer isso".
-Está ficando sério, Vinz. - Diz, mas preciso me concentrar em outras coisas, como fazer meu coração desacelerar só com essa insinuação. Não gosto desse tipo de assunto, não gosto de pensar sobre e odeio mais ainda saber que ele está pensando.
-Sério? O que está sério? - Meu tom parece dizer que estou irritada.
-Você dormiu comigo. - Me odeio por isso agora.
-Dormi abraçada, não entenda de outra forma. - Desfaço o abraço, o que piora, porque preciso encará-lo enquanto fala.
-Você sabe que foi mais que isso.
-Não sei porque quer falar sobre isso. - Retruco, me distanciando, volto para meu lugar, deixando a mesa entre nós de novo, ele conseguiu estraga o clima de compaixão.
-Calma, não estou querendo dizer nada, só estou te mostrando cada detalhe, cada momento que fez você se apaixonar por mim. - Dou risada, não coloco nem a mão na boca para fingir estar me controlando, quero que me ouça rir. - Não quero ouvir aquela história depois de "não sabia que gostava de você, por isso fiz besteira".
-Depois dessa, eu vou até voltar ao meu trabalho. - Disfarço.
-Você sabe que casar é besteira, Vinz - Insiste ele, mesmo eu estando quase na porta, abro-a e meio que me escondo atrás dela, metade do corpo do lado de fora e outra metade dentro.
-Chase, é tão difícil admitir que você quer namorar comigo? - Se ele quer brincar, também irei fazer o mesmo jogo, e pela cara dele, Chase é do tipo de cara que faz brincadeiras como se fosse o senhor confiante, mas quando respondo no mesmo nível, fica sem jeito.
-Eu não sou do tipo que namora. - Finjo estar surpresa.
-Não? Nem parece o mesmo cara que dormiu abraçadiiiinho... - Apertei os olhos e balancei o corpo, forçando fofura. - ... no sofá.
-Você não tem mais o que fazer não? - E rindo o deixo, como é idiota!
Eu estava vendo os e-mails, e acabei entrando no do Nathan, havia apenas uma mensagem não lida, dizia "Suas fotos" no assunto, abri, acho que fui movida mais por curiosidade do que outra coisa. Vish. Lá estava a Ailee com outro cara, não sei se o lance deles é de verdade, ou é por causa do testamento, mas de qualquer forma deveria ter sido mais cuidadosa, afinal se isso saísse na mídia, ficaria feio pro Nathan.
Não era nada comprometedor, pareciam melhores amigos, fotos deles rindo numa lanchonete, caminhando pela rua, ele fotografando ela num parque ensolarado, até eles numa escola, onde Ailee sorria pra ele numa quadra de basquete, e ele com sua câmera profissional tirava fotos.
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As quatro agendas
RomanceNum golpe de sorte, a senhorita Vinz consegue seu então desejado emprego na maior empresa do estado, onde os donos são quatro irmãos, ela como secretária tem que realizar seu trabalho e cuidar desses quatro homens singulares, e descobrir o que suas...