COM O HOLOFOTE APAGADO, FICO CEGA DE REPENTE enquanto meus olhos tentam se reajustar à escuridão. Os tiros do canhão chiam contra o sofá de couro, e eu me abaixo, me pressionando deitada contra o chão o máximo que posso para o caso de as armas da nave cessarem fogo. O mundo lentamente volta a ter foco no centímetro entre a parte de baixo do sofá e o chão, pelo qual eu posso observar. Armas são disparadas constantemente, embora parece haver cada vez menos deles. Eu espreito pela lateral do sofá bem a tempo de ver o que parece ser um cara - eu acho que é um cara, ele é apenas uma sombra para mim - pairando na borda da nave alienígena. Ele deve ter um lançachamas ou algo do tipo, porque o fogo está tomando conta da cabine. Então ele se solta, pousando na rua novamente enquanto a nave gira e se choca contra um prédio de frente para o banco. É algo parecido com o Homem-Aranha. Há uma explosão gigante, e eu me abaixo de novo, protegendo minha cabeça.
Eu acho que esse cara salvou minha vida. Eu me pergunto se finalmente o exército chegou para aniquilar eles desgraçados pálidos. Quem quer que seja deve ter ganho, pois eu não ouço o som de mais nenhuma arma alienígena sendo disparada, e eu posso identificar vozes humanas vindas da rua. Okay. Então eu não estou morta. Isso é bom. Eu também não estou muito longe do restaurante que minha mãe trabalha. Ou pelo menos estou bem mais perto do que eu estava uma hora atrás. Lentamente, eu me levanto, mantendo meus olhos na rua. Depois de alguns passos, eu quase tropeço na mochila chia de dinheiro que o ladrão estava carregando. Eu a encaro por um segundo, e então de repente minha mente está me mostrando a última imagem de mim com minha mãe, discutindo com ela sobre Benny e o apartamento. Embora eu pense que nada disso importa muito agora - se nosso apartamento ainda estiver lá e tudo mais - eu pego a mochila. Eu sei que eu fiz uma droga de discurso para Jay e os outros sobre roubar enquanto a cidade estava sob ataque, mas agora a coisa é totalmente diferente. É uma jogada de sorte. Eu não vou deixar apenas, tipo, cem dólares aqui. Minha mãe e eu talvez precisaremos para sobreviver depois. E essa não é razão de tudo afinal? Nós passarmos por isso e começarmos tudo de novo? Se - quando eu encontrar minha mãe, esse dinheiro significa que poderemos ir para qualquer lugar, fazer o que nós quisermos. Ir para um lugar bem longe dessas naves, mesmo se o mundo acabar. Agora pareço uma ladra. Se foi o exército que me salvou, talvez eles nem saibam que estou aqui. Eles estavam provavelmente apenas matando os alienígenas que estavam atacando a cidade. Se esse for o caso, talvez eu possa conseguir escapar. Eu jogo a mochila por trás do ombro bem na hora que duas figuras aparecem, silhuetas na janela quebrada. Eu me abaixo atrás do sofá. - Apenas continuem andando - eu sussurro.
- Ei! A barra está limpa aqui! - um deles diz. Merda. Eles devem ter me visto. Estúpida. Então, uma luz é acesa e primeiramente eu acho que ela vem de um celular muito bom, porém quando dou uma espreitada pelo canto do sofá eu vejo que ela parece estar saindo das mãos do garoto. Eu posso ver apenas um pouco do seu rosto de seus cabelos loiros. Alguma coisa nele me parece familiar, mas eu não tenho certeza do porquê. - Nove? - ele chama. Então seu tom de voz diminui, ficando mais agudo. - Cinco? É só então que caí a ficha e eu lembro de onde conheço esse cara - ele é o garoto que estava lutando contra o alienígena grandão e horrendo na TV. Ele é como um super-herói legítimo. O alienígena bonzinho famoso no vídeo do YouTube que eles ficam reproduzindo nos noticiários. John Smith. Talvez ele saiba o que está acontecendo. Talvez ele saiba o porquê eu de repente posso mover as coisas com a mente por aí. Eu dou um passo à frente, em direção à luz que sai das mãos dele. É aconchegante. Embora isso não significa que não possa ter alguma radiação ou alguma coisa estranha extraterrestre que possa me ferrar depois. Meus olhos têm de se reajustar novamente. Quando eles se reajustam, eu posso enxergar a outra figura que está ao lado de John. Ele é magricela e tem cara de nerd. Não o John, por outro lado. Ele é alto e forte, embora ele pareça mais jovem agora que ele está na minha frente do que nos noticiários. Ele provavelmente é a pessoa mais famosa do mundo neste momento. Mais do que os alienígenas. É meio estranho o fato dele estar parado ali olhando para mim como se eu fosse a famosa. - Você é ele - eu digo, dando mais alguns passos curtos adiante. - Você é o cara da TV.
Ele desliga as luzes e sua expressão fica estranha. Eu não posso dizer se ele está aliviado ou desapontado por me ver. - Sou John - ele diz. Eles me fazem algumas perguntas sobre outras pessoas estarem aqui comigo, mas eu tenho certeza absoluta de que eles não se referem aos outros ladrões. Mas os garotos olham para mim como se eu estivesse prestes a arrancar uma faca e atacá-los ou coisa assim. Então eu mostro a eles que eu tenho poderes também, fazendo uma das armas alienígenas flutuar e se chocar contra a parede atrás de mim. Isso definitivamente muda as expressões deles. Eles parecem surpresos. Não apenas com relação aos poderes, mas pelo fato de eu possuí-los. Eu vi John fazer umas coisas doidas na TV, e ele e seu amigo derrubaram um esquadrão de monstros espaciais mais a nave deles. Eu me pergunto se eles sabem o motivo de eu ter desenvolvido a telecinese - a nomenclatura deles para o que eu faço. Eu tento entender tudo enquanto andamos. Eu sou humana, porém eu tenho os mesmos poderes que John e seu amigo têm. Benny não tinha. Nenhuma das outras pessoas assustadas que eu vi tinham. Mas eu tenho. O que significa que eu sou a mais sortuda - ou talvez a mais azarenta, eu ainda não sei direito - garota na cidade, ou há um motivo por trás disso pelo fato de eu ter me tornado uma super-herói. Parece que alguém ou alguma coisa me escolheu especificamente. Eu apenas não consigo descobrir o porquê. É hora de eu ter umas respostas. - Então, hum, posso perguntar por que você me escolheu? - eu levanto minhas sobrancelhas e olho de um para o outro. A boca do magricela se abre como se eu tivesse pedido para ele me levar voando até a lua. John franze as sobrancelhas. - Te escolhi? - ele pergunta. É, idiota, por que eu tenho poderes extraterrestres?
Um monte de perguntas dispara da minha boca, mas nenhum deles aparenta saber o motivo de eu ser uma mutante agora. E agora? Se nem eles sabem, quem irá saber? John tem outros planos em mente. - Não é seguro aqui - ele diz. Ele parece muito sério, os olhos arregalados enquanto ele assente. - Você deveria vir conosco. Não posso simplesmente começar a seguir esses caras. Eu ainda tenho que encontrar minha mãe. Além disso, se eles estão lutando contra os alienígenas - Mogs, é assim que o chamam - isso significa que me juntar a eles provavelmente me colocaria nas linhas frontais da batalha. Eu não estou exatamente cogitando essa ideia. - O lugar para onde você vai será seguro? - eu pergunto. - Não, óbvio que não. - O que John quer dizer é que esse quarteirão em particular estará cheio de Mogs a qualquer minuto - o outro diz enquanto ele começa a andar para fora do banco, parecendo muito nervoso. Vê-lo assim começa a me deixar nervosa, como se talvez ele soubesse de alguma coisa que eu não sei. - Seu parceiro é nervoso - eu digo a John. - Meu nome é Sam - o outro garoto diz. - Você é um cara nervoso, Sam. Eu mordo a parte de dentro de minhas bochechas, tentando decidir o que eu vou fazer. Eles estão certos; nós provavelmente não deveríamos estar passeando onde um esquadrão completo de alienígenas malvados estão prestes a explodir. Embora eles não tenham nenhuma resposta para mim, eles são a coisa mais perto que eu tenho de uma explicação do que está acontecendo. E obviamente eles são poderosos - eles derrubaram uma nave. Talvez eles possam me ajudar a encontrar minha mãe. E há algo sobre John. É difícil de explicar, mas eu me sinto puxada a ele. Não tem nada a ver com seus olhos ou suas bochechas - o cara definitivamente não faz meu tipo. É outra coisa, mais profunda. Me sinto conectada a ele de algum jeito. Quando ele fala sobre fazer o bem e lutar, eu ouço minhas palavras ditas à Jay mais cedo em minha mente. Mas quando ele começa a falar sobre eu ajuda-los a ganhar uma guerra junto com uns amigos dele, eu percebo o quão longe eles me levariam da minha mãe. Eu nem conheço esses caras. Não posso confiar neles em me ajudarem se eu disser que ajudo eles. Além disso, eu sei que não faz muito tempo desde que esses Mogs apareceram do nada e ruinaram a vida de todo mundo, mas o exército provavelmente já está dando conta da cidade agora. Eles vão estar voando em jatos e descendo de paraquedas no Central Park, milhares deles, atirando com suas armas. - É sério? - eu pergunto. - Eu não vou lutar em nenhuma guerra, John Smith de Marte. Eu vou tentar sobreviver aqui. Estamos nos Estados Unidos, cara. O exército vai dar conta deles alienígenas de meiatigela. Eles nos atacaram primeiro, só isso. John parece confuso com relação a isso - estou pressentindo que ele não é exatamente o tipo de pessoa que ouve um "não" todo dia. Eu aposto que um monte de pessoas caem a seus pés por causa dessa coisa de super-herói. Mas antes que ele possa discutir comigo, há uma explosão em algum lugar a uns quarteirões de distância. Eu quase caio com ela. Os alarmes dos carros começam a disparar pela rua. Sobre os telhados, eu posso ver cortinas de fumaça se formando. Minhas mãos apertam sobre o cano da arma alienígena que ainda estou segurando. John começa seu discurso novamente, tentando me dizer que é meu dever ajudá-los e que eu deveria ir com eles para o Brooklyn ou coisa assim. Todo mundo está tentando me tirar da cidade, mas só vou me preocupar com algum lugar seguro após eu saber que fiz tudo o que pude para encontrar minha mãe. Do lado de fora, as explosões continuam. Eu aponto um dedo para John. Um pouco da minha telecinese o empurra para trás, o que parece calá-lo. - Meu padrasto foi torrado por esses vermes pálidos e agora eu estou procurando minha mãe, garoto extraterreste. Ela trabalhava por aqui. Você está me dizendo que eu deveria largar tudo isso e me juntar ao seu exército de dois, correndo pela minha cidade que você ajudou a destruir? Está me dizendo que o amigo que vocês estão procurando é mais importante que minha mãe? Outra explosão acontece do lado de fora. Sam diz alguma coisa, mas meus olhos estão travados nos de John e eu não presto muita atenção no amigo dele. Então há um movimento no céu e me viro para ver a nave gigantesca aparecer no nosso campo de visão. Algum tipo de energia começa a ser carregada num canhão que parece estar conectado debaixo dela. Estamos totalmente na zona do alvo dela. - Pro inferno com isso - eu digo e começo a correr para longe da nave. Sendo ele um alienígena super-herói famoso ou não, eu não vou ficar parada aqui com John Smith e acabar sendo explodida.
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Os Arquivos Perdidos #13 (Legados Renacidos)
Teen FictionA invasão mogadoriana a Terra já começou e a vida de uma adolescente mudará para sempre. No inicio, Daniela Morales pensou que a nave espacial que atacou Nova York na televisão era apenas parte de algum filme de ficção científica. Então a terrível v...