Capítulo Cinco

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A menininha sorria, satisfeita, enquanto Sarah chorava, desesperada e em pânico. Faze-la desestabilizada não seria tão difícil assim, concluiu. Ela observou, enquanto o médico examinava Sarah, que não parava de soluçar. Já estava ficando entediante. Ela precisava de algo novo, algo que fizesse Sarah berrar, ao invés de chorar.

Quando a mais velha foi liberada, e uma amiga foi busca-la para leva-la para casa, a garotinha chegou a ficar apreensiva, pensando que Sarah não ficaria na própria moradia, onde ela poderia armar sua armadilha. Mas, alguns minutos depois, a garota negou a oferta de dormir na casa da amiga, e decidiu ir para seu próprio lugar

A menininha riu, e se escondeu no quarto de Sarah, mantendo-se invisível a ela, e esperou. Esperou que a outra chegasse, para seu plano ser botado em prática.

***

Sarah podia ter ido com sua amiga, realmente podia. Teria estado mais tranquila e segura, assim. Mas uma coisa a impediu: e se esse alguém que matara Johanna viesse atrás das duas? Se fosse o caso, ela não queria que sua amiga morresse também. Então, mesmo apavorada, voltou para seu apartamento, sozinha, depois de muita insistência para poder ficar ali.

Ela não fora mais interrogada, não depois de quase surtar com Eva. Eles lhe fariam perguntas quando ela estivesse melhor psicologicamente. Suspirando, Sarah se largou no sofá. Estava com medo de ir para seu quarto, mesmo sabendo que toda a bagunça já fora limpa. Mas sabia que, mais cedo ou mais tarde, teria que entrar lá.

Era meio da tarde, quando bateram na sua porta. Instintivamente, Sarah ficou tensa e começou a tremer, relembrando os acontecimentos passados. Ela ainda não havia chorado a morte de Johanna, não como deveria. Mas a verdade era que ela queria evitar pensar nisso. Segundos depois, as batidas ficaram mais fortes e insistentes, e foram seguidas por uma voz conhecida:

– Sarah? Abra, por favor!

Ela soltou o ar que não percebera que segurava. Era sua vizinha. Sua querida, antiga e confiável vizinha, chamada Emma. Levantando-se, Sarah foi até a porta, espiou pelo olho mágico, e viu a amiga encarando a entrada para a casa, batendo insistentemente na madeira. Ela trazia uma um prato, com o que pareciam ser biscoitos. Mais tranquila, Sarah abriu a porta.

– Oh, Sarah, fiquei tão preocupada com você! – Emma a abraçou com um braço, mantendo o prato longe de si. – Sinto muito por Johanna. Seus pais estão vindo, certo?

– Sim – sua resposta saiu baixa. Ela encarou Emma. Os cabelos dela eram loiros e compridos, encaracolados, e seus olhos, verdes. A segunda era mais velha; deveria ter seus vinte e poucos anos. Sarah sempre a considerara uma irmã mais velha.

– Eu fiz biscoitos. Quer que eu fique um pouco aqui com você?

A outra fez que sim com a cabeça. Era o momento perfeito para ela entrar no quarto. Não conseguiria fazer isso sozinha. Então, depois de entrarem, comerem os biscoitos, e conversarem um pouco, Sarah tomou coragem e falou:

– Emma, eu preciso entrar em meu quarto, mas eu não cons... – ela se interrompeu. Sentia que seus olhos começaram a se encher d'água. Mas, se começasse a chorar agora, não pararia mais.

– Certo, entendo. Você sofreu um trauma e tanto. Não precisa se envergonhar por ter medo. – Emma a abraçou novamente, e a mais nova se permitiu enterrar o rosto no peito da outra, fazendo força para conter as lágrimas. – Quer entrar lá agora?

Assentindo com a cabeça, Sarah se levantou, e deixou que a mais velha fosse na sua frente. Emma abriu a porta do quarto, e entrou. Ligou a luz... que fez um som estridente antes de explodir em fagulhas, espalhando o vidro da lâmpada pelo chão. Sarah soltou um gritinho, assustada, antes de pular para abraçar Emma.

Não havia mais luz no quarto, mas havia no resto da casa. Não era necessário ficar no quarto. Sarah apenas precisava pegar algumas roupas, e tudo estaria bem.

– Emma, isso foi só um problema dos fios elétricos, né? – ela apenas precisava que alguém respondesse que estava tudo bem.

Mas Emma não respondeu. Ela encarava a cama de Sarah, estática, a respiração acelerada. Sua boca formou um "O", enquanto seu braço levantou e ela apontou para o lado da cama, na parede. Ali, duas esferas brilhantes e vermelhas a encaravam. Pareciam... olhos.

***

Olááá, capítulo postado, espero que gostem! Se eu acabar o outro capítulo pra amanhã, eu posto ahaha 

Bjs

Crianças AssassinasOnde histórias criam vida. Descubra agora