Capítulo 2- Nárnia é real

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Pov Marine Le Fay

-Que menina linda! Como você cresceu, não te vejo desde que tinha 3 anos- disse Tia Alberta me abraçando muito forte.

-Tia, eu não... consigo respirar...- pedi me livrando do seu abraço.

-Oh perdão- falou ela agora cumprimentando meus pais.

-Onde está o seu marido?- perguntou minha mãe curiosa.

-No trabalho, só irá voltar ao anoitecer- disse ela.

-Tudo bem então- disse minha mãe observando cada detalhe da sala. Uma característica de mamãe: curiosidade extrema.

Era uma bonita sala, mesmo não tendo muitos artigos luxuosos pode se dizer que é refinada, alguns quadros estranhos dispostos pela parede, um sofá marrom com almofadas amarelas, poucos móveis, e as janelas escancaradas.

Algumas plantas enfeitavam a casa, Eustáquio estava inquieto e me encarava o tempo todo.

-Perdeu alguma coisa em mim?- perguntei para ele.

-Você é muito grossa, Alberta não gostará de saber que você é uma menina mal educada- falou ele esnobe.

-Também não gostará de saber do filho inconveniente que tem - falei andando ao lado do meu pai.

-Venham almoçar, desculpe não ter tantas coisas... temos que economizar, são tempos difíceis - disse ela.

A mesa tinha duas tortas, um cozido de legume e outro de carne, separados, "talvez eles sejam vegetarianos, como assim não tem tantas coisas?" me perguntei.

-Sente-se ao lado de Eustáquio Marine- pediu minha mãe ou melhor ordenou.

-Mas eu não...- antes que eu começasse meu pai me interrompeu forçando a garganta e sinalizando que se eu não senta-se ao lado dele ele iria me fazer sentar.

Contra minha vontade me sentei ao lado de Eustáquio que me lançava um "olhar 47".

-Vamos agradecer ao nosso Senhor por mais um dia em que permanecemos vivos e ao alimento que nos é fornecido- disse Tia Alberta.

Papai começou a oração e todos nós continuamos juntos, era tradição em nossa casa rezar ao iniciar uma refeição.

Coloquei um pedaço generoso de torta de frango como eu estava com fome devido às viagens de navio. Sempre que eu viajo de navio não consigo me alimentar direito, fico mais preocupada se o navio vai afundar do que em me "manter viva".

-Como você consegue comer tudo isso?- Eustáquio me perguntou assustado com o tamanho da fatia de torta, enquanto o prato dele estava 2 vezes menor.

-Minha filha tem que se manter forte Eustáquio, as aulas de esgrima e conhecimento bélico desgastam ela demais - disse minha mãe me defendendo.

-Como você faz esgrima sendo que você é uma menina?- me perguntou.

-Simplesmente pegando uma espada e desafiando meu adversário - respondi enchendo meu copo com suco.

Terminamos o almoço em silêncio, sem mais interrupções de Eustáquio e nos reunimos novamente na sala de estar.

-Querida nós já vamos - disse minha mãe.

-Sim mãe, só vou buscar minha mala- pedi.

-Não meu amor, você não entendeu. Você irá ficar - disse meu pai agora se agachando a minha altura.

-Mas vocês não iriam ficar conosco?- perguntei sentindo meus olhos se enchendo de lágrimas.

-Você terá que enfrentar isso sem a gente. Nós estamos indo para outra cidade, seria muito arriscado para sua Tia se eu e sua mãe permanecemos aqui - disse meu pai.

-Vocês fizeram alguma coisa de errado?-perguntei sem entender praticamente nada.

-Sim querida, por isso precisamos deixa-la aqui - disse minha mãe. Mas o que meus pais fizeram de errado?

-Mas eu quero ficar com vocês - pedi sentindo minhas lágrimas escorrendo pelo rosto.

-Não chore minha princesa- pediu papai me abraçando.

-Deixe-me ir com vocês, eu prometo me comportar, sei lutar caso precisamos...- comecei a falar mas mamãe me interrompeu.

-Querida nós voltaremos, tudo bem? Fique calma, sua Tia irá cuidar de você, se comporte e a obedeça- pediu minha mãe.

-Mamãe...- sussurei em seu ouvido.

-Não me abandone, por favor - pedi em seu ouvido.

-Tudo irá se resolver querida- disse ela me abraçando.

-Por favor, não vão- pedi.

-Será rápido little Darling, você nem perceberá- disse papai acariciando minha bochecha.

-Eu amo vocês- falei os abraçando.

-Nós te amamos também, se comporte, não faça nada que eu não faria- disse meu pai me abraçando novamente.

-Por favor, não me deixem- pedi novamente.

-Se comporte - pediu ele saindo da casa de Tia Alberta.

-Não!- gritei correndo atrás deles, mas, ambos já tinham entrado no táxi.

-Pai!- gritei tentando correr atrás do carro, mas o inverno rigoroso de Londres me fez parar por conta do frio extremo que eu estava.

-Marine!- gritou Tia Alberta e Eustáquio atrás de mim.

-Não...- sussurei sentindo minha garganta trancar.

Um ataque de pânico, novamente, não estava em meus planos.

-Fique calma querida- pediu Tia Alberta.

-Eu não consigo- falei.

Minha visão começou a embarcar, senti meus pulmões contraindo e o ar faltava não senti minhas pernas.

Algo muito estranho começou a acontecer. Senti como se meu corpo estivesse sendo teletransportado para outro lugar, um cheiro de grama e mato estava se fazendo presente a minha visão mudou uma linda campina com algumas tendas vermelhas e douradas.

Alguns animais e criaturas que eu nunca tinha visto antes a não ser em meus livros. Centauros, leopardos, alguns ursos, faunos?

-Onde eu estou ?- sussurrei.

-Está em Nárnia- disse uma voz bastante conhecida por mim.

Me virei para o dono da voz e me surpreendi ao perceber que realmente era Aslam.

-Eu devo estar louca- falei dando alguns passos para trás.

-Está em plena consciência querida. venha temos muito o que conversar- disse Aslam indo em direção à tenda.

-Aslam, isso é real? Como é possível? Eu estou sonhando?- perguntei olhando ao redor.

-Está tudo em seus conformes Marine, eu já havia lhe dito as antigas histórias de Nárnia não é mesmo?- me perguntou.

-Sim, mas eu nunca imaginei que viria para aqui, e agora, está tudo tao confuso- falei me sentando em uma das cadeiras presentes.

-Você acha que é destino ou coincidência?- me perguntou.

-Destino- respondi.

-Acha que está por acaso em Nárnia?- me perguntou.

-Não, estou confusa... me desculpe Aslam- disse para ele.

Aslam rugiu em minha frente. Meus ossos tremeram um arrepio passou pela minha espinha, meus cabelos foram jogados para atrás.

-Acredita agora?- me perguntou.

-Sim- disse rapidamente.

-Você veio mais cedo para se organizar os outros chegarão em dois dias- disse Aslam.

-Quem são ou outros? - perguntei.

As Crônicas De Nárnia - Le fayOnde histórias criam vida. Descubra agora