Um

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O dia amanheceu chuvoso, o sol se escondia atrás das nuvens carregadas, assim como Eleanor se escondia debaixo de seu cobertor.
Era uma segunda feira e ela não estava nenhum pouco disposta a levantar e ir para a escola e teria ficado na cama se sua mãe não tivesse lhe perturbado para levantar.

Mesmo se arrastando pelo corredor como um zumbi, Eleanor conseguiu chegar até o banheiro e tomar um lento banho.
Se arrumou e desceu as escadas sem força para levantar os pés e foi até a cozinha.
Na mesa, uma tigela de Froot Loops e uma xícara de café lhe esperavam, ela se sentou e lentamente pôs-se a comer.
A ideia de Eleanor era que quanto mais lentamente fizesse as coisas, mais rápido o tempo passaria e ela se atrasaria para a escola. Não deu muito certo.

Mesmo andando como um zumbi, Eleanor não conseguiu se atrasar como pretendia, arrumou a mochila e saiu.
Lá fora, o céu continuava coberto por nuvens, a rua estava deserta a não ser por Eleanor acompanhada por sua preguiça, que era tão grande que quase se tornou um ser humano.

O caminho para a escola não era tão extenso, mas também não era tão curto.
Pela coragem de Eleanor, pode se dizer que ela só chegaria na escola no dia seguinte.
Não tardou para que ela visse surgir, ao dobrar a esquina, os grandes muros da escola.
Aos poucos ela se aproximava e as silhuetas de seus colegas ficavam mais visíveis,

-Bom dia, zumbi, comeu muitos miolos? -Perguntou um de seus colegas quando ela passou pelo portão.
-Pra falar a verdade, eu estou meio sem miolos hoje. -Ela respondeu sem olhar para trás.

Dentro da escola, o aglomerado de alunos esquentava o ambiente, Eleanor apertou o passo para sair dali.
Sua sala estava vazia como seus pensamentos, nenhuma alma viva estava lá. Pelo menos até o sinal tocar.
E não demorou para que isso acontecesse, assim que Eleanor sentou em seu lugar, o barulho irritante do sinal ecoou por toda a escola, fazendo uma avalanche de alunos invadirem as salas.

Foram quatro horas de aulas intermináveis e um intervalo entediante, mesmo ouvindo Twist and Shout em loop, Eleanor não conseguiu escapar do tédio.

Iam dar onze horas, o sinal tocou um pouco antes, e aquele barulho irritante se tornou o barulho mais esperado do dia.
Eleanor saiu da sala depois que todos os outros alunos saíram, não queria correr o risco de ser pisoteada, saiu pelo portão do mesmo jeito que entrou, mas sem seus colegas para lhe atormentar.

Ainda estava frio lá fora, Eleanor não foi direto para casa, queria comprar um livro antes.
Foi até a livraria que ficava próxima a praça da cidade.

-Posso ajudar? -Perguntou a balconista, Eleanor virou-se para ela.
-Estou procurando o livro A Vida dos Beatles, a senhora teria aí? -Ela perguntou.
-Encontrar um jovem por essas bandas que conhece os Beatles é como encontrar uma agulha num palheiro, minha jovem, ainda mais um livro sobre os Beatles, mas vou ver o que posso encontrar. -A mulher sumiu atrás de algumas prateleiras, e surgiu do outro lado, sumindo novamente e reaparecendo novamente mais distante.
Eleanor riu daquilo enquanto observava outros livros nas prateleiras.

Ela estava tão concentrada naquilo que não ouviu passos vindo em sua direção, ficando cada vez mais perto.
Casa vez mais perto... Cada vez mais...
A sombra de uma mão surgiu por trás de sua cabeça e repousou sobre seu ombro, fazendo-a soltar um grito abafado e suas pernas tremerem.

-Aqui está o livro, minha jovem. -Disse a mulher com um sorriso no rosto. Eleanor pegou o livro e seguiu a mulher até o caixa, ainda assustada.
-Pela sua raridade e bom gosto, vou vendê-lo para você por $50,00. -Disse, Eleanor tirou a nota meio amassada do bolso e a entregou para a mulher.
-Obrigado. -Disse ela antes de sair do ambiente quente e sentir o vento frio acariciar seu rosto, do lado de fora.

Eleanor voltou para casa com o livro nas mãos, no caminho, encontrou uma carta de baralho virada de cabeça para baixo.
Não entendeu a estranha vontade de voltar e pegá-la, mas ignorou e seguiu seu caminho até em casa.

Sua mãe estava na cozinha, seu pai estava na sala assistindo futebol e seu irmão mais velho estava em seu quarto tocando alto em sua guitarra.
Ela subiu as escadas até seu quarto e largou a mochila pelo chão, deitou-se na cama e pôs-se a ler o livro que acabara de comprar.
O começo falava sobre Liverpool, e tudo mais.
Ela já estava passando da página 32 quando sua mãe a chamou para almoçar.

Eleanor desceu as escadas do jeito que estava e foi até a cozinha, seu pai, sua mãe e seu irmão já estavam na mesa.
-Como foi seu dia, querida? -Perguntou sua mãe, Eleanor mordeu a carne.
-Foi a mesma coisa, desde o primeiro dia de aula. -Ela respondeu, sua mãe não falou mais nada e continuaram comendo sob o mais absoluto silêncio.

Eleanor passou a tarde inteira lendo o livro e quando a noite chegou, ela já passava da página 138.
A janta também foi silenciosa como o almoço, seu pai se preparava para ir trabalhar como segurança e sua mãe para assistir Todo Mundo Odeia o Chris.
Ela voltou para o seu quarto, procurou sua toalha e tomou um banho quente, trocou de roupa e leu mais algumas páginas antes de adormecer.

Naquela noite, Eleanor sonhou com a carta que viu na rua, pela manhã.
A fantasia de sua mente fez ela ficar curiosa e a fez se perguntar:

-O que teria acontecido se eu tivesse pego a carta?





Atenção!
Obrigado pela atenção!
Tá, parei.
A primeira fanfic sai bugada mesmo, não liguem <3.
Beijo na coxa direita, bípedes S2.

A Door To The PastOnde histórias criam vida. Descubra agora