Capítulo 4

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Ao chegarmos em casa meu pai passou por mim feito um furacão. Com certeza iria até o trabalho da minha mãe para contar o que o Rei queria. Ele entrou no banheiro, tomou banho e de lá já estava vestido e pronto para sair novamente.

- Vai falar com a mamãe? - Ele se arrumou tão rápido que foi só o tempo de fazer um sanduíche e sentar na cadeira da cozinha.

- Claro que vou, e depois voltarei ao Castelo para pedir uma reunião com o Rei. Minha filha não é um brinquedo. Milene ficará uma fera, mas desta vez ela terá toda razão.

- Pai, por favor, não vai enfrentar o Rei. Nenhum de vocês dois.

- Não iremos, não sou tão burro assim, mas quero saber o que acontece se você disser não. Pelo que você me contou ele não te informou isso e eu quero que ele me garanta que vamos ficar seguros e seguindo nossas vidas.

- Seguindo a vida de vocês né? - Soltei sem querer.

- Como assim?

- Não vou discutir isso de novo, você e a mãe acreditam que Nicholas vai voltar, o que posso dizer? Daqui a pouco estarei velha demais para ter filhos e vocês ainda estarão presos nessa fantasia de que eu vou ser Rainha. Parecia uma coisa boa no início, mas nem eu quero mais isso.

- Minha filha, já falamos sobre este assunto, eu vi o garoto crescendo e já vi vocês juntos, ele vai voltar e vocês vão salvar esse Arquipélago de se afundar ainda mais.

Ele me deu um beijo na testa e saiu com um sorriso forçado.

Fiquei com meus pensamentos e o meu sanduíche por pouco tempo já que precisava chegar ao trabalho.

No fim da tarde, quando cheguei em casa minha mãe já me esperava.

- Como você está se sentindo?

Ela me abraçou e parecia aflita.

- Estou bem, mãe. Se está falando do Rei, eu estava chateada, mas agora é continuar e ver no que isso vai dar.

- Não, você não devia estar bem. Ele te tratou de uma forma que eu nunca pensei que seria capaz.

Me perdi por alguns segundos com a direção da conversa.

- Mãe, o que a senhora quer dizer?

- Eu fui a primeira a te tratar como uma mercadoria.

E então ela me abraça e continua falando nervosamente segurando as lágrimas.

- Quando aceitei tudo isso de você não escolher seu marido, isso é tão, tão ultrapassado, mas mesmo assim, a ideia de morar no Castelo me consumiu. Quem negaria uma chance dessa? Mas eu juro que eu não pensei um segundo que um dia você poderia se sentir assim. Me mata saber que o Rei fez isso hoje e que eu, sem perceber, fiz o mesmo anos atrás.

- Não mãe, eu nunca me senti assim. Claro que não me agradava a ideia de casar, mas...

Não sabia bem o que falar, as coisas que a Rainha me lembrou sobre Nicholas abriram uma ferida que eu nem sabia que estava lá.

- Mas eu gostava de Nicholas, não acho difícil que se tivéssemos mais tempo eu teria aceitado melhor a ideia.

Senti me arrepiar por todo o corpo. Eu estava falando aquilo apenas para acalmá-la. Eu não acreditava em uma palavra do que estava dizendo, mas o meu corpo reagiu às palavras de forma diferente. Por sorte minha mãe não percebeu nada.

- Você é uma filha maravilhosa, eu vou tentar te tirar dessa e juro que se fosse possível te livrava até da primeira promessa.

O nosso abraço interminável ficava mais forte a cada declaração. Será que ela estava arrependida ao ponto de me ajudar? ... Não, isso já seria brincar com a sorte.

A Prometida do Príncipe (Degustação)Onde histórias criam vida. Descubra agora