Capítulo 9 - Bônus I

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 NIC

Iniciava mais um dia comum como todos os outros e pescar, principalmente sozinho sob as últimas estrelas da noite, sempre me relaxava porque eu aproveitava para pensar no caminho que minha vida tomava e para ser sincero, também para me afastar das investidas da Dona Altair em me arrumar uma esposa, porque, para ela, eu não devia estar sozinho enquanto poucas meninas de boa família ainda estavam disponíveis em Solaris. Eu não conseguia pensar nelas como pretendentes, não gostava de pensar no futuro. O presente era meu melhor amigo e meu passado não valia a pena para ser lembrado.

Dona Altair foi uma segunda mãe desde que cheguei na Ilha e vejo como um privilégio, fazer certos serviços para a senhora que tanto me ajudou. Como o de levar peixes frescos para que ela servisse o almoço e ajudava com serviços na pensão que era dona.

Joguei o anzol apenas duas vezes até sentir que havia fisgado alguma coisa, me tirando daquele momento, temporariamente, relaxante.

Reparei que, após a constatação de que o peso do anzol tinha aumentado consideravelmente, percebi também que não houve resistência e logo imaginei que era apenas mais um lixo que os piratas costumavam jogar ao mar quando percebiam que não era de valor. Quando pude finalmente enxergar o que era percebi meu engano, pois encontrei, na verdade, uma mochila. Era preta, boiava e de longe parecia estar lotada.

Minha curiosidade falou alto quando coloquei a bolsa no chão do pequeno bote que usava para pescar e percebi que ela, aparentemente, era impermeável já que assim que saiu da água ainda parecia seca. Não era qualquer um que possuía aquelas coisas, os piratas não desperdiçariam um material como aquele. Soltei-a do anzol e abri à luz de uma lamparina que usava para poder enxergar na hora de tirar o peixe do anzol e me deparei com algo que realmente nunca esperaria encontrar.

Eram montes de dinheiro enrolados entre roupas femininas, um livro... Parei antes de me aprofundar mais e olhei ao redor procurando pelos donos dos pertences. Será que estaria ali por perto ou aquela mochila tinha vindo de tão longe assim? Não conseguia ver nada, o sol ainda estava nascendo, precisaria de mais alguns minutos antes de ter mais visibilidade. Escondi com um pano a pequena lamparina e novamente forcei meus olhos a se acostumarem com a pouca quantidade de luz. Nada.

Voltei meu olhar, indeciso, para a mochila caída no chão do bote. Não conseguia imaginar qualquer criminoso deixando aquela quantidade de dinheiro à deriva. Mas o que me deixava ainda mais preocupado era o que uma pessoa com aquele poder fazia tão próxima de Solaris. Apesar da minha mudança no visual, não creio que pessoas próximas ao Rei não lembrariam de mim. Havia baixado minha guarda há tanto tempo que não pensava mais na possibilidade de ser encontrado. E até onde sabia, caso isso acontecesse, seria morto imediatamente. No fundo eu sabia que a culpa do meu exílio era minha e somente minha. Com o passar do tempo a hipótese de que um dos fogos pudesse ter seguido o caminho do celeiro que não era tão longe de onde eu estava pareceu que estava começando a fazer sentido para mim, talvez pela culpa crescente em não ter conseguido salvá-lo naquele dia.

Por finalmente me permitir pensar no meu passado, tantas lembranças se passaram na minha cabeça que ficou imediatamente dolorida, me senti estranho, como se estivesse deixando passar alguma coisa. Será que estava sendo espionado? Será que aquilo era apenas um lembrete de que não devia estar ali? Mas quem? Quem teria deixado alguma mensagem assim?

Pensei sobre aquilo na próxima hora de pescaria quando decidi que não continuaria a procurar algo naqueles pertences que o tempo todo me fazia pensar no que aquilo significava. Tentei focar no que estava fazendo ali, mas a calmaria do mar e a falta de peixes me fizeram ter tempo o suficiente para pensar um monte de coisas.

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⏰ Última atualização: Jul 13, 2018 ⏰

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