Chegou o dia.
Apesar do tempo passar extremamente devagar, só o que eu desejava era que aquele dia acabasse. Tudo já estava na mochila, que conferi novamente antes de escondê-la em outro lugar, agora no fundo meu armário. Tinha a sensação (para não dizer paranoia) que minha mãe sentiria de longe a minha intenção, mas nos despedimos pela manhã para que ela fosse para o trabalho e não pareceu que ela desconfiava de alguma coisa. Mas aí comecei a me preocupar de que meus pais, logo hoje, resolvessem não dormir no mesmo horário que todos os outros dias, como se alguma coisa pudesse conspirar contra.
Passei todo o meu turno, que cumpri pontualmente, pensando nessa decisão, não que eu estivesse errada. Não, eu não conseguia mais viver aqui, só que todo aquele dinheiro enchendo minha mochila, a grandiosidade em ter que, de repente, me virar sozinha longe de todos que amava, isso sim me assustava. E se meus pais descobrissem? Eles iriam me entregar imediatamente só para que eu não conseguisse o que eu queria. Além da possibilidade de me tornar uma traidora. Nunca fui tão longe nas minhas escapadas.
Cada pensamento naquele dia foi por esta direção. E após horas que me pareceram dias, eu voltei para casa com enorme tristeza no peito pois reparei que seria a última vez que veria Clara me esperando e quando vi seu rosto triste tive uma reação espontânea.
Ali, na entrada da minha casa envolvi a minha melhor amiga nos meus braços e a apertei com força.
Clara foi meu porto seguro desde que nos mudamos, no início achei que era por interesse, mas depois de tudo que fez por mim, passei a amá-la como uma irmã. Foi ela quem me ensinou a lavar roupas, a cozinhar, me ensinou sobre como me proteger naquelas ruas cheias de regras à parte das decretadas pelo nosso Regente.
Me senti bem-vinda assim que ela me abriu um enorme sorriso ao ser apresentada pela sua mãe que veio também das as boas-vindas a minha família na semana da mudança. Eles não foram os únicos, mas a maioria parecia mais curiosa em saber do Castelo e da Família Real do que de nós.
Ela me abraçou de volta e ali permanecemos por um bom tempo em silêncio até que nos separamos.
- Você vai mesmo, não é? - Precisou saber, apesar dos fatos.
- Sim, mas vamos falar sobre isso lá dentro.
Falei enquanto abria a porta com minha chave.
Subimos até o meu quarto e fechei a porta.
- E então? Está tudo certo?
- Sim. Preciso só esperar meus pais dormirem e vou deixar esta carta.
Entreguei-lhe o pedaço de papel que trazia no bolso da calça.
" Queridos Papai e Mamãe"
Ela começou a ler em voz alta.
"Quero pedir desculpas por não contar sobre a minha decisão, mesmo porque sei que vocês seriam extremamente contra e eu não poderia arriscar. Estou indo embora, vou buscar a liberdade que nunca tive. Não acredito que o Príncipe Nicholas volte e mesmo que isso aconteça, não vou admitir me casar com alguém que nos deixou por tanto tempo sem suporte algum. Vocês, apesar de viverem num conto de fadas, têm que admitir que minhas chances são péssimas. E depois de ser tratada como um objeto de câmbio pelo Rei, não creio que tenha outra opção. Pensarei em vocês todos os dias que se seguirão, sei que não digo isso nunca, mas são pais maravilhosos. Amo vocês demais. Espero que o amor que eu sei que sentem por mim seja forte o suficiente para entender minha decisão e me perdoem algum dia.
Estou bem e por favor, não me procurem, já devo estar longe.
Da filha que sempre vai amá-los,
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A Prometida do Príncipe (Degustação)
RomanceElena Portier é filha de uma mulher que estava no lugar certo e na hora certa e se tornou, antes mesmo de nascer, uma princesa não pelo sangue Real correr em suas veias, mas devido a gratidão de seus soberanos. Com 16 anos porém, devido a uma tragéd...