Capítulo 6

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Seguimos, como se estar ali fosse o certo, mas por dentro eu estava tremendo. O soldado andou na minha frente, se mantendo sempre a um passo de distância. Ele vestia uma calça larga de cor marrom escura e um casaco. Não falou com ninguém até nos aproximarmos de um barco de porte médio, haviam alguns homens abastecendo a embarcação do mesmo tipo de barril que serviu de parede para mim e o soldado instantes atrás.

- Capitão Charles. - O soldado cumprimentou um homem de barba branca. O que ele tinha de barbudo, tinha de careca. Era alto, tinha um pouco de barriga, mas pelo seu físico ele um dia foi um homem muito forte.

- Sou eu, quem são vocês dois?

- Fomos enviados para que o senhor nos desse uma carona até sua Ilha.

O soldado falou baixo, o suficiente para que apenas eu e o capitão escutássemos e entregou um pedaço de papel para o homem. Ao ler, imediatamente nos indicou a entrada de seu barco. Precisei da ajuda do Soldado Cortês para embarcar já que nunca havia sequer pisado em alguma embarcação daquele porte. O movimento do barco chegou a me deixar um pouco sem equilíbrio, mas logo me acostumei. O Capitão nos levou para um compartimento interno do barco, onde haviam dois colchões largados no canto.

- Desculpe, não costumamos ter visitas femininas, então não será confortável, mas é melhor que o chão.

Ele disse ao me olhar.

- Está tudo bem, mas porque dois colchões? - Perguntei.

- Eu também vou.

- Você, porque?

- Preciso te manter segura, são as ordens que recebi.

Apesar de não demostrar, fiquei grata por ter alguém comigo.

- Ok.

O capitão Charles então falou:

- Preciso ver como está a tripulação, já estávamos de saída quando vocês chegaram. Ainda bem que deu tempo.

- Eu agradeço por tudo, obrigada.

Quando ele saiu deixei minha mochila no canto e sentei em um dos colchões me sentindo extremamente cansada.

- Conseguimos. - Ele falou sorrindo.

- Sim e parece que já estou com saudade da minha família.

- Sinto muito. - Falou simplesmente, me deixando curiosa.

- E você, não sente falta da sua?

Ele pareceu um pouco incomodado ao responder.

- Meu pai era pescador e uma certa vez ele simplesmente não voltou da sua pescaria. Pegou uma tempestade e seu barco não aguentou e naufragou.

- Nossa, sinto muito.

- Tudo bem, eu era bem novo. Minha mãe ficou fora de si depois que ele desapareceu. Morreu poucos anos depois. Como eu não tinha mais ninguém fui levado ao castelo para ser treinado até chegar a maioridade e servir ao Rei.

A movimentação no nível superior do barco ecoava no teto, estávamos partido, mas fiquei imersa a nossa conversa.

Senti uma certa calmaria tempos depois e me levantei para olhar por uma pequena janela. Precisei ficar na ponta dos pés, mas consegui ver a luz do cais em que antes estávamos diminuírem até que o pequeno ponto de luz sumisse por completo da minha visão. Eu estava longe de casa, longe de tudo que eu conhecia e em breve estaria em um lugar onde não conheceria ninguém.

Quando me virei encontrei o Soldado Cortês me olhando.

- O que foi?

- Você realmente queria vir?

A Prometida do Príncipe (Degustação)Onde histórias criam vida. Descubra agora