Capítulo 7

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Brian ainda me enrolou pelos dias seguintes dizendo que poderia me contar apenas quando saíssemos da Ilha do Leste, onde deixaríamos boa parte da tripulação. Tentei entender porque ele simplesmente não me contava, mas ele só dizia que recebeu ordens para responder minhas perguntas apenas quando estivéssemos chegando. Não entendi a lógica da situação, mas pelo visto eu não tinha muita escolha levando em consideração minha inabilidade para ler mentes ou torturar pessoas.

Atracamos no cais da Ilha do Leste e por um momento achei que tínhamos voltado para a Grande Ilha. Olhei pela escotilha já aberta e apesar de estar escurecendo, era possível ver a movimentação do porto que se aproximava. Aos poucos a luzes começaram a ficar mais nítidas. Ali estava a primeira diferença com a Grande Ilha. Tudo ali parecia mais opaco, sem cor, sem vida. Até a iluminação era um pouco mais precária.

Quando Brian se levantou, me virei ao escutar sua movimentação.

- Onde vai? – Perguntei, tentando não parecer tão aflita como estava.

- Só vou ficar na porta. Assim que saímos daqui você pode circular pelo barco.

Ele, de repente pareceu estranho.

- O que foi? – Perguntei preocupada.

- Peço desculpas por esses dois dias nesse pequeno espaço.

- Bom, você me fez companhia e isso significa muito. Obrigada, pelo menos, seremos bons irmãos.

Sorri, tentando melhorar o clima. Funcionou, ele sorriu. Logo em seguida se virou e saiu pela porta mais um vez ignorando o fato de que alguma coisa podia estar acontecendo entre nós.

Sair daquele espaço pequeno foi reconfortante. Assim que nos afastamos da costa o Capitão veio pessoalmente dizer que eu estava livre para sair dali. O barco não era um dos maiores, mas com sua capacidade para abrigar mais de trinta homens, estava longe de ser considerado pequeno. O capitão também se desculpou pela forma que viajei até ali e depois que o deixei tranquilizado de que eu não me importava, ele voltou para sua cabine.

O vento estava maravilhoso, era forte e gelado, nem o meu casaco estava servindo para me manter aquecida, mas eu não sairia dali até cansar de sentir o cheiro delicioso que o mar mandava para minhas narinas enquanto contemplava uma imensidão negra que, por uma estranha razão, me parecia linda.

- Não acho uma boa ideia ficar aqui fora, sei que quer andar, mas podemos fazer isso amanhã de manhã.

- Você deveria ser meu irmão, não meu pai. - Sorri ao ver Brian se aproximar com mais um casaco na mão.

- Isso foi o que eu disse para todos no barco, isso foi o que eu direi para todos que conhecermos daqui pra frente. Essa é a ideia.

- Ok, mas não seja um irmão neurótico, sei me virar.

- Sabe é? Então o que vamos fazer quando chegarmos?

- Até onde sei chegaremos a noite então uma boa ideia seria arrumar um lugar para dormir. Depois...

- hm... - Ele sorriu enquanto eu vasculhava alguma ideia no meu cérebro que parecia estar congelando. - E "depois"?

- Tudo bem, posso não saber o que fazer, mas se você pelo menos me contasse para onde estamos indo, poderia clarear um pouco mais as minhas ideias.

- Eu vou contar, posso fazer isso agora, mas não farei aqui fora, estou começando a congelar.

- Tudo bem, vamos voltar. - Mais pela minha curiosidade que pelo frio.

Entramos novamente no nível dos compartimentos do navio. Estava indo em direção ao último e menor deles, onde eu havia passado os últimos dias, quando ele segurou meu braço me indicando outro caminho.

A Prometida do Príncipe (Degustação)Onde histórias criam vida. Descubra agora