12. desafios

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"O amor nos torna vulneráveis. Ainda assim, percebemos sua urgência quando compreendemos que a vida é uma faísca, um piscar de olhos entre o nascente e o poente de nós mesmos."

__ Fabíola Simões

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Mia.

Assim que eles saíram levei dois minutos para me dar conta que tinha ficado a sós com Mike.
Eu nunca fico a sós com ele desde o natal passado, e era justamente por causa daquela lembrança que eu evitava qualquer confinamento com ele, por menor o tempo que fosse.

Respirei fundo e me levantei da mesa, senti ele segurar meu braço.
Olhei pra ele e em seguida para o meu braço com sua mão me segurando.

- não vai. Espera o Jake.- ele pede.

Arqueei uma sobrancelha e disse:

- porque?

- só fica... Eu...queria falar com você.- ele diz me soltando.

Sentei de novo, mas não pelo apelo dele, e sim pela maldita curiosidade em saber oque ele queria de mim.

Droga Mia! Você não pode ficar sozinha com ele!
Ele não é confiável!- disse a voz da minha consciência.

Mas no fundo eu sabia que a única ali não confiável, era eu.
Simplesmente porque eu não confio em mim quando se trata dele.
Eu amei o Mike desde a primeira vez que vi ele, mesmo antes de saber oque era amar alguém.

Ele foi o meu primeiro amor, meu primeiro cara, e ate meu primeiro beijo.
Sim, foi ele.
Mas ele não sabe.
Eu menti na época, porque fiquei com ciúmes da Zoye andando com ele sem parar, e aí disse que tinha beijado outro cara quando fui viajar com meus pais.
Na verdade nessa viagem eu mal saí de casa.
Depois do nosso namoro as escondidas eu não sabia como lidar com esse sentimento, ainda mais porque eu nunca tive outra amiga além da Clarke.
Eu sempre andei com os meninos, e depois que ela foi embora, o máximo que eu tive foi o Jacob como melhor amiga.
Ele não é uma garota, e muito menos poderia ir comigo comprar sutiãs, mas ele ainda era meu amigo e sempre cuidou de mim.
Ele ficou arrasado depois da partida dela, e acho que isso acabou nos unindo ainda mais.
Mike foi o contrapeso nisso tudo.
Enquanto eu e Jacob estávamos pra baixo com a partida da nossa melhor amiga, ele nos manteve pra cima sempre motivando a gente.
E sem falar nas palhaçadas diárias que ele fazia também, ele sempre foi uma comédia.
Eu odeio admitir, mas morro de rir toda noite lembrando das suas piadas.

Agora no entanto eu evito até olhar nos olhos dele, de tanto que me dói.
A decepção de saber que ele dormiu com a vagabunda do bairro dita pela boca da própria, era maior do que eu podia suportar.
E o pior de tudo isso, era não ter com quem conversar.
Não ter uma amiga, ou alguém com quem eu pudesse dividir era o pior de tudo.
Pois fazia com que eu me trancasse ainda mais dentro de mim oque sentia por ele.
Nem mesmo ao Jacob eu podia dizer, ate porque ele nunca soube do nosso namoro, então não faria sentido eu contar a ele sobre nosso término.
Além do mais, e se ele ficasse do lado do Mike?
Eu não podia arriscar, preferi manter em segredo, e matar esse sentimento dentro de mim.
Mas a cada dia que passo ao lado dele, eu sinto que esse amor só me destrói ainda mais.

- falar sobre oque?- indaguei

- nós.- ele diz segurando minha mão.

Eu queria recuar, mas o toque da mão dele na minha me deixava confortável e eu me sentia segura.

A Turma Do BairroOnde histórias criam vida. Descubra agora