CAPÍTULO 3 (A rotina agradável)

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(Regressão - Fevereiro)

***

Com apenas dois encontros terapêuticos, já consigo me sentir um pouco melhor. Falar das coisas que mantive guardadas ao longo desses um ano e meio, me trouxe um alívio imediato, como se eu estivesse transbordando e começasse só agora a esvaziar. É nisso que vou me apegar! Hoje é o terceiro dia de psicanálise e me sinto ansiosa para dar seguimento à terapia. Quando chego a sala da Dra. Alice, já me sinto em casa. Acomodo-me sobre o divã e aguardo suas orientações:

— Alice, essa sensação de leveza que sinto já se dá por conta da psicanálise? – Eu quis saber.

— Sim! Isso prova que você está respondendo bem ao método aplicado. Mas, é importante salientar que, além da psicanálise, ler um bom livro, praticar um esporte ou dança, sair com os amigos e uma alimentação balanceada, contribuirá e muito para sua recuperação.

— Ótima ideia! Farei isso. – Concordo.

— Então, Helena, hoje falaremos sobre o "X" da questão. Sobre a pessoa que se tornou um dos responsáveis por você estar aqui. – Ela diz. – Me responda analisando seu coração: É amor o teu sentimento por ele?

— Não vou dizer que é amor agora, até porque eu não sei. Estou confusa! Mas é algo inenarrável. Uma loucura! Um querer bem. Uma raiva... tem brigas, ciúmes, tem desabafos, preocupação, mas tem doçura, gargalhadas, troca de ideias e muita sedução. Como um casal normal...

— Brigas? Isso tornou-se possível?

— Verdadeiramente! Chega a ser ridículo! – Sorrio. – A primeira vez em que brigamos, eu quase nem percebi que se tratava de uma discussão. Agora, nos dias de hoje, se brigamos, ficamos dias sem nos falar.

— Exatamente como um casal real! Me conte, havia sedução? Erotismo?

— Sim. É como você disse, parecíamos um casal real. Mas contarei mais adiante...

— Hum. Ok. Pronta para a regressão de hoje?

— Estou pronta sim. Vamos lá.

— Pode começar.

[...]

"Ele se chama Rafael. Como havia mencionado ontem. Nos conhecemos ao acaso naquele site de encontros, Love You... Eu não tinha pretensão de conhecer ninguém. Foi mesmo por acaso que tudo começou. Mas, ele foi me cativando dia a dia e quando dei por mim, já estava me apegando.

Bom, no dia seguinte, após nosso primeiro contato, ele me adicionou no aplicativo de bate papo, WhattsApp. Logo pela manhã já havia um ''bom dia'' brilhando na tela do meu telefone.

— Bom dia! — Foi a primeira mensagem que li ao acordar.

— Bom dia! — Fui breve em responder.

— Estás a trabalhar?

— Não. Estou de licença médica, esqueceu?

— Ah, claro. Mas, afinal o que é tens?

— Dores na coluna. Desequilibrei-me da escada quando tentava pegar uma pasta de arquivos no alto de uma estante no trabalho.

— E estás então medicada?

— Sim. Inclusive, vou levantar da cama para tomar o remédio.

— Ah, eu a acordei?

— Sim... mas não há problemas. Já volto. – Aviso. – Levantei e fui direto tomar um banho. Depois de tomar o café da manhã, e jeitar a minha cama, tomei os remédios no horário certo.

Adoro-te! (Degustação)Onde histórias criam vida. Descubra agora