CAPÍTULO 4 (O acerto de contas e as confissões)

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(Na mídia, Helena)

***

Quarto dia de terapia...

— Vamos lá regredir? — Alice me pergunta.

— Sim. Estou pronta.

[...]

"Duas semanas depois após termos nos falado desde a primeira vez, as mensagens tornaram-se rotineiras. Todos os dias eu acordava com um ''bom dia'' mais encantador do que o outro. Eu respondia sempre de imediato. Era uma coisa espontânea, natural. Como se realmente ele estivesse próximo a mim, ainda que distante.

Na semana de meu aniversário, eu precisei levar meu carro para a manutenção mecânica. Neste lugar eu acabei encontrando o Renato, pois até então, não havíamos nos encontrado há bastante dias.

— Oi Lena! — Virei-me de frente para saber se realmente aquela voz conhecida condizia com o dono.

— Oi, Renato. Tudo bem? — Digo pouco sem jeito.

— Há bastante dia não nos falamos. Está tudo bem?

— Sim, tudo bem.

— O que houve com o carro?

— O trouxe apenas para fazer uma revisão. Tenciono viajar neste carnaval.

— Ah, sim. Algum lugar especial?

— Especial? Não. Você sabe que eu detesto essa época... muito barulho e eu gosto de sossego. Escolhi a um lugar mais calmo, como refúgio.

— Hum. Me convida?

— Renato, não começa...

— Qual foi Lena? O que mais eu preciso fazer para você entender que eu te amo?

— Você pode primeiro falar mais baixo? Ninguém precisa saber do nosso dilema.

— Desculpa. É que eu realmente fico muito perdido com essa situação toda. Amanhã é seu aniversário eu quero ficar em paz com você.

— Eu te entendo. Mas não gosto de me sentir pressionada.

— Tudo bem. Podemos ao menos sair para conversarmos hoje à noite? Tem um restaurante recém-inaugurado que eu gostaria de te levar para conhecer.

— Hoje? Certo. Tudo bem. — Percebi que não adiantava fugir.

— Desfaz essa cara de brava. Anda, vamos ver como está o seu carro.

Naquele dia eu estava decidida a pôr um ponto final na história que deixei rolar por anos. Renato era um homem bom, honesto e trabalhador. A vida com ele tinha sabor de segurança, mas não me trazia paz por conta de seus ciúmes. Logo, era um relacionamento que me trazia uma inquietude na alma. Eu nunca gostei de me sentir privada nas escolhas de minhas roupas ou com o corte de meus cabelos, por exemplo. Renato implicava até com minhas amizades.

A noite chegou e então eu preferi ir ao encontro com o meu carro. A conversa não seria tão boa e eu queria garantir os meios de voltar para casa em segurança.

— Você está linda! — Ele disse assim que me viu.

— Obrigada.Vamos? — Peguei as chaves do carro e seguimos até a garagem, no andar debaixo.

— Por que você vai no seu carro? Pensei que fôssemos juntos.

— Renato, quero ir no meu carro. Sem neuras, ok?

— Está bem. Não está mais aqui quem falou. Você vai na frente.

Tivemos uma noite agradável, realmente o restaurante era incrível. Foi um jantar maravilhoso. Deixei ele contar suas histórias para que então estivesse mais relaxado, antes de ouvir o que eu tinha para contar. Pouco tempo depois, fomos caminhar no calçadão com a vista para o mar. Sentamos em um banco de praça e ali eu comecei a falar:

Adoro-te! (Degustação)Onde histórias criam vida. Descubra agora