Festa animada

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Depois de explicar toda a história para a Babi, várias e várias vezes, pois ela me fez repetir todas as partes que continham o Hugo, nós fomos finalmente dormir. O que foi a coisa mais difícil para fazer no momento, a adrenalina ainda pulsava em meu sangue, o meu coração ainda soava nos meus ouvidos.

Hugo, a moto, o perigo dos meus pais descobrirem, Caio. Tudo isso tirou o meu sono aquela noite e eu fiquei me revirando na cama até dar 6:00 da manhã.

Me arrumei, coloquei aquele uniforme ridículo e chamei minha mãe para ir me deixar, Babi ia mais tarde, como sempre. Ela ainda era do ensino fundamental, e sua aula começava uma hora após a minha, que inveja.

Cheguei na escola e deparei-me com Cat, e eu logo pensei na sua reação quando eu contasse sobre as minhas aventuras. Geralmente era ela que vinha com as mais loucas histórias, e era eu que surtava com as loucuras. Mas agora é minha vez, os papéis estão trocados.

Como eu supus, Cat fez um escândalo e depois deu uma de Babi e pediu que eu contasse a histórias umas cem vezes, dando ênfase nas partes onde Hugo aparecia. O que elas veem tanto nele? É apenas um garoto perdido na vida. Não tem muita diferença entre ele e nós, nenhuma das três conseguiu se achar ainda, ele também não.

Eu estava ansiosa para entrar na sala, ver o Hugo, ele com certeza iria falar comigo, e eu queria isso, eu queria um pouco da sua atenção. Entrei na sala com Cat e nos sentamos, ele nem olhou para mim. Me decepcionei, pois pensei que depois do que passamos, isso nos tornaria amigos, certo? Ou pelo menos algo parecido. Mas parece que não, parece que para ele foi apenas mais uma noite, enquanto que para mim foi a melhor e a pior noite da minha vida.

As aulas passaram voando e eu finalmente fui para casa, cansada e decepcionada. Eu tinha que cortar quaisquer relações que eu pensava ter com Hugo, ele não é para mim. E ele não me quer, e eu posso listar mais de mil motivos para isso nunca dar certo.
Cheguei em casa e deparei-me com a minha mãe, Elizabeth, num estado de ânimo assustador.

Mãe: Meu bebê!! Amanhã você irá fazer 17 anos!! Nem acredito!!

Poisé, amanha é o meu aniversário. Grande merda.

Amelie: É mãe.
Mãe: Eu já encomendei o buffet, já comprei as flores e já fiz a lista de convidados. Será uma grande e elegante festa, você vai amar!
Amelie: Obrigada, mãe.
Mãe: De nada querida. Mais uma coisa, você conhece esse tal Hugo? Tem intimidade com ele?
Amelie: Conheço sim, ele é da minha classe. Mas nós nunca nos falamos.
Mãe: Bom, sinto lhe dizer que ele está incluído na lista de convidados. Apesar de eu não gostar nada disso, ele é filho do banqueiro, nós temos que o convidar. Mas eu não quero que você tenha qualquer tipo de envolvimento com esse rapaz.
Amelie: Sim senhora.

Ai Deus. O Hugo viria a minha festa, sendo arrastado pelo pai com certeza, mas viria. Ele vai achar um saco, e é mesmo. Todo ano é a mesma coisa, várias mesas dispostas pelo grande salão da minha casa, comidas finas, um quarteto de cordas tocando em algum lugar. Vários adultos me cumprimentando. Nenhuma diversão. Está mais para um jantar político, na verdade. Os meus aniversários e os de Babi sempre serviram para que os meus pais possam manter a reputação de família rica e unida, e para que eles mostrem que estão acima de todos nessa hierarquia doentia.

Enfim, eu não estava nem um pouco ansiosa para a noite de amanhã, com ou sem Hugo, essa festa iria ser uma desgraça. Saí com a minha mãe para comprar um vestido para a ocasião. Acabamos comprando um vestido cor rosa bebê, longo, sem mangas. Um vestido lindo sim, clássico. Mas eu preferia muito mais um preto curto que eu havia visto, muito mais... impactante.

Bad boysOnde histórias criam vida. Descubra agora