Bad boys

Notícia Ruim

Hugo me deixou em casa e antes mesmo de eu descer de sua moto, ouvi minha mãe berrando o meu nome e decidi não demorar muito para entrar, pois queria ver logo quantos anos de castigo eu ficaria. Dei um selinho no meu mais novo namorado e disse que o ligava mais tarde. Ele acelerou sua moto e saiu, me deixando a alguns metros de perder minha liberdade por muito tempo.
Entrei e vi minha mãe com uma expressão de preocupação, e não de raiva, como eu havia previsto. E ao invés de ela me bater ou gritar comigo, ela apenas me abraçou. Nós ficamos lá abraçadas por um tempo, nós duas em perfeito silêncio, mas mesmo assim, eu sabia o que ela estava querendo me dizer.
Interrompi o abraço quando ouvi Babi descendo as escadas, diferente de minha mãe, ela desceu se atropelando em palavras e quando chegou no último degrau, me deu um empurrão e começou a chorar.

Babi: Você me deixou preocupada! Disse que ligaria de manhã e não ligou!
Amelie: Desculpe Babi, sério. Estava tudo tão complicado por lá...

Ela cessou as reclamações e me abraçou também. Agora, foi a vez de minha mãe falar

Mãe: Amy, o que você fez foi muito errado. Eu e seu pai ficamos extremamente preocupados, e você nem teve a prudência de nos ligar!
Amelie: Mãe, fale a verdade, se eu tivesse ligado para vocês e dito que estava na casa da Cat, vocês não teriam ido me buscar? Eu fiz o que foi necessário.
Mãe: Gosto de ver a mulher que você está se tornando Amy, gosto mesmo. Mas não quero nunca mais que isso se repita, está me ouvindo?
Amelie: Sim mãe, desculpe.

Nós abraçamos novamente e vi que fora umas das primeiras vezes que a minha mãe se mostrava realmente preocupada comigo, e não com a imagem da família.

Mãe: Ufa! Ainda bem que a Catarina está na clínica, assim você fica de vez longe daquela menina. As pessoas estavam começando a falar de você!

E aí estava a minha adorada mãe.

Amelie: Fodam-se as pessoas, eu não estou nem aí para o que elas falam ou deixam de falar. E você também não deveria estar!
Mãe: Amelie!! Isso é jeito de falar? Está ficando louca?
Amelie: E só para a sua informação, parei de andar com a Cat por um tempo, mas sabe quem eu estou namorando? A pior e mais mal falada pessoa da cidade!!
Mãe: Você não seria capaz! Você odiava aquele rapaz!!
Amelie: Onde tem ódio tem amor, mãe. Vamos ver o que as pessoas vão falar de mim agora.

Subi as escadas deixando minha mãe berrando coisas lá embaixo, não sei se expor o meu relacionamento com o Hugo foi uma boa ideia, mas eu estava cansada de ouvir as besteiras que a minha mãe fala sem fazer nada. Foi a primeira vez que eu reagi e não quero nem ver como ela vai me punir por isso.

UMA SEMANA DEPOIS...

Eu estava de castigo, mas apenas por 3 meses, menos tempo do que eu pensava que ia ficar. Tudo estava melhorando, a Cat estava bem na clínica e já estava mostrando avanços, meu namoro com Hugo estava maravilhoso e até minhas notas tinham aumentado. Tenho muito medo de tempos assim, tempos em que tudo está perfeito e eu fico só esperando o momento em que tudo vai ruir sobre a minha cabeça.
Infelizmente, esse momento chegou.
Era uma tarde de sábado e eu estava fazendo um trabalho de literatura, quando meu celular toca e é o Hugo na outra linha

Ligação

Hugo: Amor, preciso falar com você
Amelie: O que aconteceu amor?
Hugo: O juíz que cuida do meu caso recebeu uma queixa anônima. E ele havia dito que qualquer informação que mostrasse que eu não estava me comportando bem, eu teria que voltar a morar com meu irmão.
Amelie: Eu... Eu não estou entendendo.
Hugo: Eu vou ter que voltar para a Europa.

Brigamos, choramos, montamos planos, discutimos, rimos, choramos de novo, tudo isso em uma ligação de uma hora e meia. Como eu estava de castigo, eu não podia sair de casa, mas eu ainda podia me comunicar com as pessoas por celular. Eu ainda não estava acreditando naquela notícia, eu havia acabado de encontrar a minha alma gêmea, e ela simplesmente ia escapar pelas minhas mãos.
E o pior, eu sabia muito bem quem havia prestado aquela queixa.

Amelie: Você quer acabar com a minha vida? Você sente prazer em me ver sofrer? Achei que mães amassem seus filhos, mas estou vendo que você é uma exceção!!
Mãe: Você pode me odiar o quanto quiser, Amy. Prefiro você com raiva de mim e viva, do que você me amando e tendo overdoses por aí até morrer.
Amelie: Eu... Eu....

Eu comecei a chorar, eu simplesmente não tinha mais forças para discutir. Subi as escadas e contei tudo para Babi, passei o dia inteiro chorando em seu colo, eu sabia que chorar não ia resolver nada, mas estava sendo libertador para mim. Eu estava chorando o que não chorei por uma vida inteira, eu sempre tive que ser forte, pois eu era um exemplo para Babi. Mas agora, me deixei levar por todas as decepções, mágoas e rancores.

No outro dia de manhã, liguei para Hugo.

Ligação:

Amelie: Eu tenho um plano.
Hugo: Qual?
Amelie: Vamos fugir.