"Quem somos nós?"

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A palavra "utopia" pode significar muitas coisas. Para alguns, é um sonho inalcançável, para outros, um objetivo a ser conquistado. Para nós, de uma certa forma, é uma realidade. É o universo em que a gente vive.

Por isso nada mais justo que a boate que eu trabalho tenha o nome de "Utopia House". É só passar por aquela porta que tudo acontece. Os desejos mais secretos se tornam realidade. As fantasias tomam conta de todos que estão lá dentro. Sejam aqueles que trabalham, ou que frequentam.

Tudo que acontece naquele lugar faz jus ao nome da casa. Muitos gostariam de conhecer e passar por todas as aventuras que tanto falam, mas não tem a mesma sorte. E quem já viveu isso, nem que seja por uma noite, jamais se esquece.

Parece estranho, não? Confesso que também achei. Eu posso explicar. Mas antes, permitam-me que eu me apresente.

Meu nome é Larry Scott. Atualmente tenho 27 anos. Tenho uma estatura média, cabelos castanhos. Um corpo levemente corpulento por conta do meu trabalho. Quando muito novo eu tive a coragem de sair do interior e vir para New York, uma cidade tão intensa e cheia de possibilidades. Mas o meu começo não foi nada bonito.

Não tive muitas oportunidades lá atrás, restou-me trabalhar como garçom em um restaurante ordinário. Era um trabalho estressante e desanimado, mas era o que tinha. A vida na cidade grande ficava cada vez mais difícil com o tempo. E isso me deixava extremamente frustrado e sem muitas perspectivas de futuro.

Até que o destino mais uma vez brincou de ser irônico. Durante o meu trabalho, quando eu tinha 22 anos, um homem, que dizia ser um "olheiro" me fez uma proposta nada convencional, trabalhar em uma boate de striptease, uma das mais famosas da cidade.

Não me deu muitos detalhes, mas disse que eu era perfeito para esse trabalho. Não entendia como ele achava isso. Eu sexy? Mas como eu me sentia estar no fundo do poço mesmo, resolver aceitar o convite de conhecer o lugar e pensar na proposta. Dizem que a vida ajuda quem tem boa vontade.

Fui lá conhecer a boate. Conversei o dono e me surpreendi com o que eu fiquei sabendo. Era realmente uma boate de striptease, mas os rapazes ali tiravam a roupa para outros homens. Em outras palavras, uma boate gay.

Lógico que fiquei em choque, principalmente por aquele convite. Era inacreditável como podiam achar que eu faria aquele tipo de coisa. Mas o dono do local acreditava, e muito. E fez de um tudo pra me convencer a aceitar o emprego. Era estranho eu estar naquela situação, parecia inacreditável.

Talvez em um outro momento da minha vida, eu jamais aceitaria aquilo. Mas minha vida não me permitia fazer escolhas, então decidi ficar com o emprego e quem sabe, pelo menos, sair da miséria em que eu estava.

E realmente, desde que eu pus os pés naquela casa, que minha vida nunca mais foi a mesma. Nem eu nunca mais fui o mesmo. Eu fiz muito mais do que dançar e tirar a roupa. Eu me descobri de verdade de uma maneira que nunca imaginei.

Descobri também que a UH não era simplesmente uma boate. O clima destoava totalmente da realidade lá fora. Quem frequentava, afirmava que lá era um "paraíso na Terra". E sinceramente, não tiro a razão deles.

Em cinco anos passei por tanta coisa. Tantas experiências, sensações, histórias e pessoas que descobri. Cada noite era única. Uma história nova a ser vivida. Nunca imaginei que trabalhar como stripper fosse me transformar todo. Eu mudei, e muito.

Hoje eu sei que sou um homem bissexual, seguro do que eu sou e do que eu acredito. Que não tem medo de encarar o novo e que pode dizer com todas as letras que ama o seu trabalho. Eu amo fazer o que eu faço e sentir tudo o que eu sinto. Todas as emoções e desejos. E só um lugar que eu posso sentir isso.

Lugar esse que hoje eu sou sócio. Casa essa onde eu sou considerado o melhor stripper. Quantas histórias eu vivi, outras presenciei, ou me contaram. Todos que trabalham na casa tem uma história lá.

Histórias intensas recheadas de paixões, amores, sedução, aventuras, descobertas. Tão incríveis e quentes que se algumas pessoas escutassem jamais acreditariam. Por isso que nós as mantemos em segredo. Até agora.

E quando me perguntam como é ser um stripper, eu respondo: Não somos tão diferentes dos outros homens, somos apenas mais abertos a experiências novas.

Resolvi contar algumas das histórias que passaram nesses últimos cinco anos de trabalho aqui. São tantas que eu selecionei as melhores. Algumas delas são minhas, outras são com colegas meus e que eu presenciei, e outras me contaram. Onde nós trabalhamos, sempre temos algo interessante pra contar.

Momentos picantes, que só quem trabalha na Utopia House pode passar. Não espere nada clichê ou previsível. Não somos assim. Afinal, a boate não é como as outras. É um paraíso, um lugar perfeito. Por isso, se chama Utopia.

Utopia HouseOnde histórias criam vida. Descubra agora