Ela Gosta

177 8 1
                                    

#06

Ela Gosta

O medo é algo natural de nós mesmos. O preconceito quase sempre está ligado à isso. Temos preconceito por algo que nos dá algum medo. Algumas vezes pode até ser bom, mas outras pode mais atrapalhar do que ajudar. Destruir os preconceitos, medos e receios pode ser algo libertador e uma chance para novos momentos na vida. E para as aventuras.

E aventura é o que não falta no nosso trabalho como stripper. Todas as noites sempre passamos por alguma experiência. Algumas grandes, outras pequenas. Algumas boas, outras nem tanto. É algo que nos acostumamos normalmente e aprendemos a gostar. Afinal, é o que nós fazemos.

Quando nós saímos dos bastidores, fazendo tudo o que os frequentadores esperam, é que a aventura começa. Os olhares passam a se voltar para nós, e retribuímos provocando eles. Ficamos nisso a noite inteira, e às vezes chega a ser algo bem cansativo.

Os momentos interessantes não se limitam à isso. Nos bastidores, seja no camarim ou perto dos armários, sempre acontece alguma coisa interessante que o público nunca presencia. E quando nos saímos pela porta dos fundos é que tudo isso acaba. O expediente acaba e nossa vida muitas vezes se torna normal, como a de qualquer pessoa na rua. Fora do trabalho de stripper, não vivemos em função do erotismo e do sexo.

Nem sempre. Nós temos nossas aventuras sexuais no trabalho, mas sempre tem aqueles que querem mais. O que não é errado, afinal, somos humanos, com gostos e desejos. É normal, alguns strippers gostam de fazer coisas quentes em suas vidas pessoais.

Um grande exemplo de alguém que viveu muitas experiências é Aaron Lynch. Ele era um dos rapazes mais velhos da UH. Ele era um homem negro grande, alto, de músculos volumosos e voz grossa. Careca, de cabeça raspada, tinha quase trinta anos de idade quando começou lá. Certamente alguém que não precisava fazer muito para deixar bem claro o quanto era viril.

Sua história por si só já é recheada de aventuras. A da sua entrada nesse mundo parece inacreditável. E é isso que o torna alguém mais interessante.

Aaron era um investigador da polícia. Ele fazia parte de uma equipe que investigava uma quadrilha que traficava drogas na cidade. Para isso, ele se disfarçou de stripper na própria Utopia House. Combinando tudo isso com Paul, que sabia de tudo. Ele ficou com esse disfarce, vendo tudo o que acontecia ao seu redor. Até que a polícia conseguisse desmantelar a quadrilha e todos os envolvidos serem presos.

Logo depois de terminar seu trabalho, Aaron pediu dispensa do trabalho. Foram tantos anos correndo atrás de criminosos e vivendo uma vida perigosa que em um momento acabou ficando cansado, e não se sentia feliz de verdade sendo o que era. E mais do que isso, gostou tanto do seu disfarce que decidiu continuar como stripper. Foi uma decisão um tanto estranha, e nem o próprio nega isso. O importante foi que ele se sentiu bem com essa decisão.

Na UH, tornou-se um dos strippers mais desejados, principalmente pelo seu corpo trincado e escultural. E nunca fez feio no seu trabalho. Só seu olhar fazia qualquer cara louco. Não se envergonhava com nada. Mas sua energia e seu desejo de aventuras não se resumia ao trabalho.

Era um gay assumido fissurado nos aplicativos e sites de relacionamento, frequentemente estava atrás de uma aventura mais picante. Buscava do sexo casual, até um ménage ou uma orgia. Ele já fez muita coisa e conheceu muitos rapazes de estilos e gosto diferentes, alguns até se tornaram seus amigos. Mas nunca iria se encontrar com alguém sem saber que se tratava de alguém confiável. Como um bom ex-policial, sempre prezou pela sua segurança e integridade física.

Utopia HouseOnde histórias criam vida. Descubra agora