Foi Ilusão

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#14

Foi Ilusão

Sempre tem alguém que costuma dizer que "amor de verdade nunca acaba". Dizem que, se acaba, então não é amor. Talvez eu seja uma das pessoas que tem mais propriedade para falar que amores de verdade também são finitos. Eu amei de verdade, amei muito. E ele acabou. Nada na vida é certo, apenas a morte. Os sentimentos não são diferentes disso. Amores podem ser infinitos ou não, mas quando não são eles deixam feridas. Que demoram pra secar, e talvez continuem frescas por muito tempo.

Também acredito que no mundo existam dois tipos de pessoas. Os que já sofreram por alguma desilusão amorosa, e os que ainda vão sofrer. Os que vão, nunca vão esperar passar por isso. E os que já passaram, desejariam não ter passado. Eu passei de um grupo para o outro de uma maneira que nunca esperaria, por conta de alguém que menos esperava.

Ainda estou tentando digerir tudo o que aconteceu. Até porque, não foi há tanto tempo, há um pouco mais de um ano. E mesmo que fosse há milênios, a superação continuaria sendo o maior desafio. Mas eu posso dizer que me sinto bem melhor neste momento que antes.

Naquela época, a vida de James estava de cabeça para baixo, Sua família no Arizona passava por problemas financeiros e quase sempre pegava o avião para ver eles. Dizia que era para ajudar em algumas coisas. Tudo isso deixava ele estressado, não só ele. De uma forma ou de outra também me atingia. Nosso namoro estava péssimo. Aquele sentimento tão bonito que tínhamos tempos atrás parecia que se esvaía a cada dia. Como a areia escorregando das mãos.

Em certa noite, estava eu na Utopia House como sempre. Estava colocando minhas coisas no armário e me preparando para mais um expediente como todos. James havia viajado novamente fazia alguns dias. E nesses dias, ele não havia me dado nenhuma satisfação, não me informou quando voltaria. Absolutamente nada. Eis que ele surgiu na casa fingindo que nada havia acontecido.

— Chegou agora, James? — Disse quando me aproximei dele.

— Faz algumas horas. — Disse meio cansado — Só passei em casa antes pra tomar um banho.

— Poxa, e por que não me avisou? Eu te pegava no aeroporto.

— Não precisava, eu sei ir sozinho pra casa. — Respondeu com indiferença.

— Eu me preocupo com você, cara. Desde que viajou não tem me dado mais nenhuma informação de como você estava.

— E isso é importante?

— Pra mim, é. Não sei se você lembra, mas eu estou com você.

— Eu sei disso, Larry. É que eu estou muito estressado com tudo. Parece que tá tudo dando errado. Estou me sentindo um lixo.

— Eu entendo. Como foi a viagem?

— Como sempre, uma bosta. Toda vez que eu chego lá parece que só piora.

— E o dinheiro que você manda? Tá ajudando?

— O que você acha? Minha família também não ajuda em nada. Parece que eles jogaram a toalha e no final sobra tudo pra mim.

— Bom, eu tenho certeza de que tudo vai dar certo. Pode apostar.

— Sabe que esse otimismo barato não ajuda em nada, não?

— E você quer que eu fale o que? James, eu tô do seu lado, te dando força. Eu bem que gostaria de te ajudar mais do que isso, mas não dá.

— Olha, se você quer me ajudar, não fica mais me enchendo o saco com isso. Só me deixa quieto com meus problemas, ok? Fica na sua que eu fico na minha.

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