Utopia em Filme

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#12

Utopia em Filme

Já disse tantas vezes que trabalhar na Utopia House é sempre uma caixinha de surpresas. Vivemos uma noite de cada vez, pois nunca sabemos o que vai acontecer no futuro.

Trabalhar com o corpo não é só coisa de stripper. Há os atores pornôs, gogoboys, performers, acompanhantes e por aí se segue. Para alguns, todos são a mesma coisa. E de certa forma temos nossas semelhanças com eles. Mas somos diferentes.

Sobre os atores pornôs, por exemplo: eu admiro muito o trabalho deles, e a coragem. Podem não acreditar, mas não sei se conseguiria fazer o que fazem. Eu me exibir, para homens em um lugar fechado é diferente de se fazer isso em frente às câmeras e saber que milhares — se não milhões — de pessoas pelo mundo inteiro já viram seu corpo nu.

E depois de uma experiência que eu e todos nós da casa passamos com eles. Passamos a admirá-los mais ainda.

Isso aconteceu há dois anos. Com uma conversa a portas fechadas com Paul. Ele estava conversando com dois homens, grandes amigos dele. Eles estavam fazendo uma proposta que à primeira vista não o agradou. Pois isso feria as principais regras da casa.

Foram longos minutos de conversa. Longos minutos tentando convencer Paul de que ele e a casa não seriam prejudicados. Pelo contrário, isso só iria promover a UH. Ele pensou um pouco e se convenceu. E também pelo grande carinho que tinha pelos dois, resolveu aceitar a experiência nova.

No dia seguinte, chegamos no horário de costume. Para nós seria uma noite normal como qualquer outra. Até que Brad chamou todos os strippers e outros funcionários para se reunirem perto do bar. Disse que Paul tinha um comunicado importante para fazer.

Lógico que todos ficamos apreensivos. Paul falava muito pouco com os rapazes. Falar para todo mundo junto era raro. Ele não costumava interferir no funcionamento da casa de maneira direta. Mas quanto tinha que dar qualquer comunicado para todos, nem sempre era uma coisa boa.

Todos nós reunimo-nos no lugar indicado. Todos nervosos porque ele demorou um pouco. Ele chegou perto fazendo cara séria, mas logo tratou de nos acalmar.

— Fiquem tranquilos, pessoal. Não tem por que ficarem nervosos desse jeito.

Paul se posicionou, respirou fundo, e começou a falar.

— Bom, é o seguinte. Eu tenho uma espécie de proposta para vocês. Garanto que não é algo da casa, mas envolve-a. E se vocês não quiserem participar, não precisam.

A conversa já havia começado estranha. Envolvia mas não envolvia? Como assim? Ele explicou isso em seguida.

— Não sei se vocês conhecem o Jeremy Fallon, ele é um amigo meu de muito longa data.

Alguns rapazes se exaltaram ao ouvir esse nome.

— Ele é diretor da Male Premium. Sim, a produtora pornô que acredito a maioria deve conhecer. Ele me propôs algo muito interessante e seria muito legal se todos participassem também. Acredito que vão gostar.

Mais dúvidas, um olhando para o outro. E ele continuou.

— A proposta é simplesmente fazer um filme tendo a Utopia House como locação única. Mas eu sei que vocês vão falar que isso fere a regra da casa de não haver qualquer tipo de filmagem. Mas tudo será feito de dia, fora do horário de trabalho. E sem os frequentadores serem prejudicados e expostos.

— E aonde os rapazes entrem nisso? — Rocco perguntou.

— Então, a ideia do Jeremy é que vocês participem do filme. Mas não vão fazer sexo com ninguém. Só vão aparecer, mostrar o corpo e sensualizar. Eu não sei de muita coisa. Ele na segunda-feira vai explicar melhor. Então, eu posso contar com vocês?

Utopia HouseOnde histórias criam vida. Descubra agora