Inesperadamente Acontece - 13

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O dia hoje está nublado, ameaça chover e a minha vontade de sair da cama para ir a faculdade, é zero. Estou coberta até a cabeça lutando contra a obrigação de tentar ser responsável.
Droga, preciso levantar.
Saio rastejando da cama até meu armário, troco de roupa rapidamente enquanto tento desviar das lufadas de vento que entram por alguma fresta e que me deixam arrepiada.
"Abby, onde está meu par de botas pretas?" Estou aflita porque já me atrasei o suficiente para não dar tempo de tomar meu capuccino matinal.
"Abby?" Não obtenho respostas. Vou até quarto dela e a vejo dormindo profundamente. Abby sendo Abby, a minha amiga irresponsável que falta pelo menos uma vez por semana.
"Droga Abby, você não vai de novo?"
"Não." Sai mais como um murmúrio.
"Onde está minha bota?" Ela não responde. "Abby!" Estou chacoalhando-a.
"Não sei. Procura no armário." Ela se vira para o outro lado e começa a roncar.
reviro o armário e não a encontro, debaixo da cama também não. Já estou em pânico porque vou perder minha aula. Vou até o banheiro e encontro meu lindo par de botas enfiado dentro da banheira.
"Que droga Abby! Olha onde você colocou minhas botas!" Visto-as rapidamente e desço toda atrapalhada pelas escadas, já que o elevador demoraria demais pra chegar.
Tento buscar as chaves na bolsa, mas ela parece ter caído num buraco negro o qual eu ainda tenho coragem de chamar de bolsa. Estou revirando-a loucamente quando saio na calçada do prédio e vejo um rosto familiar encostado no meu carro.
"O que você tá fazendo aqui?" É o Josh. Hoje está mais bonito que o normal.
"Vim te levar para a faculdade." Ele tem um meio sorriso no rosto, o que parece dizer que ele está convencido mas um pouco receoso.
"Não, obrigada." Digo avançado para a porta em que ele esta encostado. "Licença, por favor." Digo com a mão na maçaneta.
"Angie, eu não vou sair daqui. Vim pra leva-la até a faculdade e farei isso, caso contrário você se atrasará porque eu não vou te deixar ir sozinha."
"Eu não sou criança Josh, e não preciso pedir sua permissão para ir ou não aonde eu quero." Ele ri. Seu sorriso é perfeito. Tinha me esquecido dele, mas quanto mais ele ri mais ódio vai se acumulando contra ele.
"Ou você desencosta agora do meu carro ou eu chamo um táxi." Ele segura meu pulso não permitindo-me movimentar os braços.
"Por favor Angie, não vou te fazer mal algum, se quiser que eu não abra a boca no caminho eu não abro, mas me deixe pelo menos dar carona." Olho para o relógio em meu pulso e vejo que não há escolhas a não ser aceitar a oferta desagradável.
"Sem abrir a boca!" Vou andando em direção ao carro dele, abrindo e fechando a porta furiosa.
Ele está tão feliz por eu ter aceitado o convite, que nem se importa pelo fato de eu estar emburrada enquanto ele não para de sorrir.
"Você está muito bonita hoje." Seu rosto se vira pra mim rapidamente, esperando uma resposta.
"Eu só topei vir porque você disse que não falaria nada." Permaneço emburrada enquanto o encaro com ódio.
"Desculpa, eu não resisti." Ele parece envergonhado. Viro-me de volta para a paisagem lá fora. Um dia tão nublado, ameaçador, tristonho, assim como eu. Volta a lembrar de quando nos conhecemos, era um dia chuvoso que começou nublado como este. Nunca vou me esquecer do olhar dele quando eu sem querer derrubei todos os livros no chão. Ele se divertiu muito durante o nosso namoro, mas algo ou alguém o fez acreditar que eu não merecia fazer feliz a pessoa que eu mais amava no mundo.
"Joshua, o que você quer de mim afinal?" Eu o pego de surpresa porque ele vira com as sobrancelhas erguidas me encarando sem saber o que fazer.
"Você quer que eu fale agora ou não?"
"Porra, você só piora as coisas!"
"Desculpa Angie, mas eu realmente não sei quando devo falar."
"Agora é a hora. Me responde." Estou de braços cruzados, séria como jamais estive e o encarando com todo meu ódio.
"Você. Eu quero poder consertar meus erros e ser aceito por você de volta, Angie." Permaneço séria. "Eu cometi diversos erros e tenho consciência de todos eles, mas eu estou pedindo uma segunda chance pra te fazer feliz." O farol está vermelho dando brecha para que ele se vire totalmente para mim e apoie a mão sobre a minha perna.
"Você não pode fazer isso! Não pode!" Eu grito com ele que se assusta no mesmo segundo.
"Eu não posso e nem vou ficar sendo a idiota da história. Não vou dar chances pra quem eu sei que não vai agarra-las. Não ouvir promessas que não serão cumpridas, você está entendendo?" Tiro a mão dele de mim, mas ele agarra meus braços com suas mãos e me olha nos olhos.
"Angela Caswell, eu amo você. Amo você mais que tudo." Estou tentando com todas as minhas forças não deixar que ele me quebre em pedacinhos novamente. Eu estou destruída mais tive que me remontar, mesmo que eu nunca mais seja a mesma, eu tive que unir forças para conseguir seguir em frente, mas de repente ele chega de uma hora para a outra e me diz coisas desse tipo. Não posso chorar, não vou... Não consigo segurar.
As mãos dele neste exato momento parecem ter o melhor calor do mundo, minhas lágrimas me queimam como um ácido me mostrando o quanto eu sou fraca. Ele as limpa sem dizer nada mas faz questão de ser delicado.
"Vem cá." Quando dou por mim estou abraçada a ele, inundando sua jaqueta jeans.
"Eu te odeio, Joshua!" Grito enquanto me abraço fortemente a ele, tentando encobrir todos os meus sentidos que me dizem para me afastar dele e ser feliz sem ele, mas não consigo, é mais forte do que eu.
"Eu também me odeio. Muito." Ele faz cafuné nos meus cabelos enquanto beija o topo da minha cabeça.
Não sei onde eu se estava com a cabeça quando resolvi abrir a boca para fazer a minha pergunta. Eu não posso negar, Deus sabe o quanto eu o amo, mesmo depois de tudo. Eu gostaria que minha raiva fosse maior que o meu amor, mas não é e o único jeito de eu ter certeza do que estou fazendo é se eu der esta chance para ele.
Eu não sei o que fazer, juro que não sei. Meu cérebro me diz para ser forte e seguir em frente enquanto meu coração se joga desesperado em direção à morte novamente. Eu não tenho o apoio de ninguém ao meu lado e tampouco tenho meu próprio apoio, já que estou no meio de um tiroteiro entre o certo e aquilo que eu quero.
Deus me ajude.

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