A primeira vista - 2

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Em um corpo escultural, cabelos loiros queimados, uma barba rala quase imperceptível e olhos azuis tão brilhantes que eu poderia jurar que a pouca luz que batia ali iria refletir o hall todo com apenas aqueles olhos, que vi pela primeira vez o meu novo vizinho.
A primeira vista ele não percebeu que havia uma garota tentando se levantar do chão. Obviamente, com todas aquelas caixas espalhadas no chão era impossível achar qualquer coisa que fosse, até mesmo um ser humano. Analisei seu movimento de se abaixar, pegar uma caixa que parecia estar bem pesada e depois virar-se para a porta.
Fiquei um tempo sem me mexer apenas observando aquele cara forte e musculoso que estava um pouco mais à minha frente e acabei não reparando quando ele me viu.
"Meu Deus, você está bem?" Ele deixou a caixa no chão e caminhou em minha direção.
"Quê?" Eu ainda estava reformulando a pergunta em minha mente, mas não havia prestado atenção o suficiente para responder.
"Perguntei se você ta legal." Ele estava com a mão estendida em minha direção. Aceitei a ajuda, já que eu provavelmente cairia de novo tentando andar por ali. Sua mão era firme e grande, meu braço fino pareceu uma folha de papel sendo pega por ele.
"Não. Você acha que eu estou bem?" Agora que eu estava de pé, poderia me recompor.
"Não sei, por isso perguntei." Ele riu passando a mão direita pelos cabelos espetados.
"Se não fosse sua bagunça, eu não teria me estatelado no chão e feito um corte na mão!" Ele riu, provavelmente pensando que eu estivesse brincando.
Fiquei séria e o fitei. Percebi um colar de identificação pendurado em seu pescoço. Ele era do exército.
Talvez eu tenha demorado muito observando seu colar, o que o fez passar a mão pela plaquinha e vira-la para trás, de uma forma que fez parecer que eu estava invadindo-o.
"Desculpa." Abaixei a cabeça envergonhada.
"Tudo bem." Novamente seus dedos tomaram seus cabelos.
"Posso dar uma olhada no seu corte?" Sua mão pende em minha direção.
"Não foi nada, eu to bem." Me viro em direção à porta do meu apartamento mas sua voz grossa me chama.
"Posso saber seu nome pelo menos?" Observo um sorriso envergonhado e encantador em seu rosto.
"Quem sabe numa próxima." Virei-me para a porta novamente, colocando a chave na fechadura.
"Então haverá uma próxima?" Ouvi seu sorriso pairar no ar. Não queria me dar ao luxo de responder, mas meu orgulho não me permitiu. Virei o rosto na direção dele e revirei os olhos, o que o fez rir mais ainda.
"Brandon. Meu nome é Brandon Walker." Não me virei para observa-lo de novo. Virei a chave na fechadura e enquanto fechava a porta respondi, "Angela Caswell". Então o barulho da porta fechando tomou conta dos meus pensamentos.

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