Acidentes acontecem - 6

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Pensei que eu estivesse na minha cama, mas quando me dei conta, eu estava na cama do apartamento ao lado. Tomei um susto quando me levantei da cama e vi quem estava do meu lado.
Não é possível, não pode ser. Como eu vim parar na cama do Brandon? Quando tento me lembrar do que aconteceu, Brandon se remexe ao meu lado, acorda e me abraça.
"O que você está fazendo?" Pergunto tirando as mãos dele de cima de mim.
"O que foi? Até ontem você estava gostando." Contei até três para não enfiar a mão na cara dele.
"Para com isso Angie..." Seu sorriso galanteador toma posse de seu rosto bem marcado, uma barba bem rala e aqueles olhos azuis penetrantes.
Sinto sua mão escorregar para cima da minha barriga nua - percebi isso depois que ele colocou a mão em mim - e foi acariciando-a.
"Brandon..." Tento me mover, mas suas mãos não me deixam sair.
"Por favor Angie, deixa eu te fazer feliz, pelo menos por hoje." Logo sua boca veio sobre minha barriga e como um animal faminto, ele começou a se mover de forma sorrateira para cima de mim.
"Por favor, para." Soou mais como uma súplica para que ele continuasse, mas não podia me deixar parecer fácil.
"Shhh!" Sua boca roçou no meu pescoço e minha pele se arrepiou toda.
"Eu gosto de sentir sua pele." Ele mordisca a pele da minha clavícula.
"Eu também." Opa! O que eu acabei de falar? Não consigo me concentrar no que eu disse, e pior ainda, não consigo me concentrar em desmentir o que eu disse, sendo levada da terra ao céu em milésimos de segundos pelas sensações que ele estava me proporcionando naquele momento.
Ouço seus sorriso malicioso enquanto meus olhos estão fortemente fechados, apenas sentindo tudo aquilo.
"Eu sei que você pensa em mim o tempo todo..." Ele diz enquanto vai descendo com seus beijos pelo vale dos meus seios ainda cobertos com o sutiã vinho de renda.
"Sei também que você me deseja nos seus sonhos, como agora..." Ele continua descendo com seus lábios molhados.
Tenho um pensamento rápido. Ele diz que eu o desejo nos sonhos como estou fazendo agora.
Como estou fazendo agora.
Sinto seus dedos longos percorrerem para minha calcinha, enquanto um arrepio enorme toma conta de mim.
Como estou fazendo agora.
Não sei porque essa frase ainda está ecoando na minha mente sendo que...
Merda!!!!
Quando me dou conta, dou um pulo assustada. Eu estava sonhando! Acordo ofegante e suada.
Mas que merda eu estava pensando quando fui sonhar com esse idiota?! Não posso me deixar ser tomada completamente pelo físico muito atraente do meu mais novo e odioso vizinho.
Estou realmente desesperada porque acho que minha mente está me sabotando pra valer, enquanto euzinha tento fazer de tudo para odiar o cara.
Vou direto para o banho, talvez isso me acalme um pouco e me deixe mais relaxada, ja que no momento estou MUITO tensa.
Fico o tempo todo pensando como sou pervertida, porque além de sonhar que eu e o Brandon estávamos tendo uma baita intimidade, ainda descobri que no próprio sonho eu fiquei me tocando. Tento afastar os pensamentos que me culpam por ser uma vadia não revelada, mas é em vão.
Travo uma grandíssima briga comigo mesma. "Eu transava com o meu namorado e não me sentia nada culpada. Agora que ele está lá trepando com outra, eu estou me culpando por ter a merda de um sonho erótico com meu vizinho gostoso."
Ainda é cedo e sei que tenho aula mais tarde, mas até o momento de sair de casa para a faculdade, fico tentando me sentir um pouco menos pior. Impossível.
Hoje eu começo a aula só as dez da manhã e ainda são oito e meia. Decido sair para correr, e quem sabe assim, afastar esses pensamentos de mim.
Visto minha roupa de ginástica e coloco meu tênis de corrida. Eu gostava muito de esportes, estava sempre praticando algum tipo de atividade física e mantendo meu físico bem definido, do jeito que eu havia ralado muito para conseguir.
A paisagem verde do parque em frente do meu apartamento com minhas músicas de fundo, me transportam para outro mundo, um lugar em que eu consigo relaxar e pensar em outras coisas.
Por um momento me sinto triste. Eu costumava ir ali com o Joshua, nós corríamos juntos e depois fazíamos piquenique na grama verde próxima ao lago. Me aproximo do ponto onde mais costumávamos ficar quando estávamos juntos. Sento-me na grama e por um momento, quase choro, mas ai lembro de tudo que ele me fez e fico com raiva por ter sido tão ingênua em relação a ele.
Minha raiva me faz sair dali correndo. Continuo como uma louca sem direção, sentindo que lágrimas vão cair, então me forço a ir mais rápido enquanto estou passando as mãos pelos olhos lacrimejados.
Incrível como a vida tem horas que só te ferra, esse era um exemplo disso. Enquanto eu passava as mão pelos olhos e corria ao mesmo tempo, não enxerguei se alguém vinha na minha direção ou não, ja que meu ódio e minha tristeza não permitiram ficar atenta ao mundo real. De repente eu estava caída no chão, ralada na palma da mão e sem saber o que tinha acontecido.
Ouvi uma voz de homem me trazendo para a realidade, "Aonde você vai, garota?" Eu conhecia aquela voz.
Sentada no chão e completamente derrotada, tento me virar pra enxergar a cara do infeliz que ao invés de me ajudar a levantar, veio reclamar comigo.
Não pode ser!
Sim, só podia ser quem eu menos gostaria de ver naquele momento. Brandon.
Como um grandíssimo idiota, ele estava em pé com a cara franzida e sem camisa. Ao ver quem ele havia acabado de derrubar, sua expressão mudou para desconcertado.
"Só podia ser você!" Falei com a testa franzida e a cara rígida de puro ódio.
"Caramba Angela. Desculpa, de novo!" Ele extende a mão, mas dessa vez eu não a seguro.
"Você se machucou muito?"
"Não, só o suficiente pra não me deixar encostar em nada e me fazer sentir dor até não sei quando!" Levanto com uma raiva que seria capaz de me fazer soca-lo mesmo com as mãos sangrentas.
"Você é um tremendo babaca! Não vê por anda, não?" Ele segura um sorriso, posso ver.
"Angela, você veio como um furacão, eu nem vi que alguém tinha trombado comigo, só enxerguei um vulto indo para o chão!"
"Você deve planejar essas coisas. Deve ficar me perseguindo só para me ver caindo por ai." Estou em pé agora, com as mãos sangrentas e raladas, enquanto o babaca maior começa a rir.
"Você é hilária, garota. Por que eu iria ficar te perseguindo?"
"Porque você é idiota o suficiente para isso." Passo por ele mancando com a perna direita.
"Aonde você vai?" Ele pergunta.
"Não sei, acho que vou sair por ai correndo e depois, quem sabe, nadar por três horas no lago." Bufei e continuei tentando me locomover.
"Para de ser chata, eu estou tentando te ajudar!"
"Querido, se você quer tentar ajudar, então não atrapalha. Começando por me derrubar no chão!" Grito com ódio pulsando dentro de mim.
Seus movimentos são calmos, ele respira profundamente e coloca as mãos na cintura, ao mesmo tempo que está olhando para o céu, como se pensasse em algo.
Continua andando toda ralada e ferrada pelo parque, indo em direção à rua que cercava o lugar. Algumas pessoas me observam com um olhar de julgamento, como se eu tivesse culpa de ter caído como uma banana no chão.
Estou me aproximando da rua quando ouço meu nome sendo chamado em alto e bom tom. Reviro os olhos e não me viro para ver quem eu já sei que é, apenas continuo andando.
Ele continua me chamando mas eu não olho, quanto mais longe dele, melhor. Sei que eles está se aproximando de mim, mas não quero sua presença, então começo a atravessar a rua, fazendo força para conseguir fugir dele.
"Angela, cuidado!!!" Escuto sua voz histérica ao fundo e só começo a perceber o que está acontecendo quando sou erguida do chão por alguém.
Tento abrir os olhos, mas é como se uma força maior fizesse-os permanecer fechados.
"O que está acontecendo?" Sinto o balanço do andar da pessoa que está me carregando. Minha voz está sonolenta e meus olhos ardem com a luz do sol.
"Ta tudo bem. Fica calma." Ouço a voz dele preocupada.
Consigo ver umas pessoas saindo de perto de nós enquanto ele tenta sair dali o mais rápido possível.
"O que aconteceu?" Tento insistir na pergunta, mas ele não responde.
Reconheço o elevador do nosso prédio. Acho que ele está me levando para casa. Fecho os olhos para ver se a sensação ruim passa.
Escuto o barulho da chave girando. Meus braços estão largados enquanto minha cabeça está enfiada no peito do Brandon.  Ele está me ajudando. Esse pensamento me passa enquanto me sinto ser colocada numa cama de casal bem macia.
"Brandon..." Digo com os olhos semicerrados, enquanto ainda estou aguentando ficar acordada.
"Sim?" Enxergo o vulto de seu corpo encostado no batente da porta do quarto.
"Obrigada." Consigo dizer antes de fechar os olhos completamente e apagar.
Sonho que estou no apartamento dele novamente. Sinto ele deitado ao meu lado, fazendo carinho no meu cabelo enquanto eu pareço estar dormindo. Acho que em algum momento do sonho ele sai e me deixa sozinha, naquele quarto estranho e grande
demais para uma pessoa só.
Tenho a sensação de que ele está ao meu lado novamente, falando algo que tento fazer força para reconhecer o que é.
Tão maluca, tão brava, tão chata e ao mesmo tempo tão linda.
Escuto essa frase soando na minha mente, mas não sei de onde ela surgiu. Sinto a mão pesada dele segurando minha mão pequena e me retraio, assustando-o, mas no momento em que ele tira sua mão pesada e áspera de cima da minha, um sentimento incômodo me toma e sinto vontade de pedir para ele segura-la de novo.
Depois de me sentir sonhando por quase um dia, acordo assustada quando não reconheço o quarto em que estou. Ele é escuro, os móveis são de madeira quase preta, a parede onde a cama está encostada é cinza e a roupa de cama é um lençol cor vinho. O quarto tem um espelho enorme e objetos bem modernos de decoração. Gostei da decoração.
Descubro-me e tento sair da cama, mas todo o meu corpo dói e minhas mãos estão ardendo. Esqueci como aqueles ferimentos foram parar lá e sinto uma dor de cabeça terrível. Quando olho para baixo vejo que eu não estou com a roupa de ginástica rosa e branca de quando sai de casa, ao contrário, estou com uma camiseta de manga cinza que vai até minhas coxas.
Como se alguém tivesse ouvido meus pensamentos, a porta do quarto se abriu e revelou um corpo todo musculoso segurando uma bandeja de comida em seus grandes braços.
A primeira coisa que passa pela minha cabeça é: NÃO FOI UM SONHO!!!! Meu Deus do céu, eu estou realmente na cama desse homem e não tenho a menor ideia do que ele fez comigo porque dormi a metade do tempo.
Estou desesperada. Começo a tentar me movimentar enquanto o pânico toma conta de mim. Acabo me enrolando inteira no lençol, tento chuta-lo para longe, mas cada vez mais ela se enrola nas minhas pernas, e sem perceber que estou me aproximando da beirada da cama, acabo caindo no chão.
"Meu Deus Angie!" Ouço o barulho da bandeja sendo deixada em algum lugar enquanto ele vem em minha direção.
"Não encosta em mim!!" Grito o mais alto que consigo. Vejo sua cara de espanto com o meu grito.
"O que foi que eu fiz?" Ele pergunta com delicadeza enquanto tenta de algum jeito pegar minhas mãos sem eu me tornar uma onça feroz.
"Eu quero saber também!" Estou mais que brava, estou histérica.
"Calma, tá? Senta aqui e eu te conto tudo, mas por favor, para de gritar e me olhar com essa cara de louca. Você me assusta." Ele estava assustado, mas depois que parou para pensar no que havia falado, ele soltou uma risadinha enquanto eu continuava séria.
"Desculpa." Ele tentou disfarçar o riso enquanto tentava me ajudar.
Brandon veio até o lado esquerdo da cama onde eu estava caída, e se ajoelhou ao meu lado, segurando com delicadeza a minha mão e meu braço, erguendo-me e me colocando deitada novamente.
"Então..." Começou ele enquanto se sentava na beirada da cama. "O que você quer saber?"
"Antes de tudo, quero saber como vim parar nessa camiseta." Cruzei os braços e fiz uma cara de brava.
"Bom, foi bem fácil."
"Brandon..." Cerrei os dentes.
"Você prometeu não gritar comigo. Deixe-me continuar."
"Não prometi nada." Ele revirou os olhos. "Tá, continua." Gesticulei com a mão.
"Eu tirei sua blusa suada, mas não ousei tirar seu top, você ainda está com ele." Ele se sentia muito intimidado por mim, chegando a ser engraçado.
"Continua." Permaneci séria, mas tinha vontade de rir.
"Tirei seu shorts de corrida sem olhar, e eu estou falando sério! Depois peguei uma camiseta minha e coloquei em você. Achei que ficaria mais confortável."
"Eu agradeço, mas não faça isso nunca mais." Brandon soltou um sorriso nervoso e eu acabei sorrindo de volta.
"E o que aconteceu?"
"Você estava tentando fugir de mim não sei porque, e quando foi atravessar, uma moto acabou te atropelando. A pancada foi tão forte que você desmaiou. O cara nem parou a moto, desgraçado!" Senti a raiva dele apenas no olhar.
"Você ficou caída no meio da rua e várias pessoas foram tentar te socorrer, incluindo eu, que fui correndo pra te tirar dali quando tudo aconteceu."
"Por que você não me levou para a minha casa?"
"Porque era mais fácil te trazer para um lugar que eu tinha a chave." Concordei.
"Que horas são? Eu tenho aula daqui a pouco." Algo que eu disse o fez rir loucamente.
"O que foi agora?" Fechei a cara novamente.
"Angie, são quatro da tarde. Você dormiu das nove da manhã até agora. Sem falar que você nem pode sair por ai normalmente, você precisa de repouso."
"Que droga!" Resmunguei. Como podia ter acontecido tudo isso num dia só? Eu tinha que ter ido pra aula, deveria ter resolvido vários problemas hoje, mas a desastrada consegue ser atropelada e parar na cama do vizinho, no bom sentido - se é que existe bom sentido.
"Fica tranquila. Você pode ficar o tempo que precisar. Eu deixei uma mensagem debaixo da porta do seu apartamento para a sua amiga vir aqui quando chegar. Agora eu acho bom você comer alguma coisa para não acabar desmaiando de novo, só que de fome." Ele se levantou da cama e foi até a cômoda onde tinha deixado a bandeja com comida. O cheiro que vinha dali estava maravilhoso e ficou ainda melhor quando ele a colocou no meu colo.
"Panquecas?!" Se ele tinham alguma intenção de me fazer sentir melhor, ele tinha acabado de conseguir um estado de entusiasmo vindo de mim.
"Eu amo panquecas! Você que fez?" Perguntei enquanto já dava uma garfada naquela maravilha.
"Sim." Então ele sorriu aquele sorriso espontâneo que eu já havia presenciado outras vezes.
"Obrigada." Falei sem graça com a boca ainda cheia.
"Não tem de quê. Você quer alguma outra coisa? Aqui no criado-mudo eu deixei um copo de água pra você." Ele apontou o copo com um gesto de cabeça. Dei uma olhada rápida para conferir onde estava.
"Fiz panquecas doces e salgadas. Se quiser mais é só pedir." Assenti enquanto mastigava outro pedaço maravilhoso da panqueca doce.
"Que foi?" Perguntei de boca cheia assim que vi ele olhar para mim e dar um sorriso envergonhado.
"Tem calda na sua cara." Esqueci de me comportar decentemente, mas se tratando de panquecas tão boas quanto aquelas, eu me tornava uma criança babona.
"Posso?" Ele fez sinal com a mão para tirar o melado.
"Sim." Ele veio com aqueles dedos longos em direção ao meu rosto. Seu toque fez um arrepio percorrer pela minha pele toda. Seu toque era leve, suave, delicado, carinhoso e tudo aquilo que eu poderia pensar de bom.
A cena parecia estar acontecendo em câmera lenta. Nós estávamos nos olhando intensamente no fundo dos olhos um do outro, sem conseguir desviar o olhar ou piscar.
Quando seus dedos finalmente abandonaram minha pele do rosto, sorri envergonhada e ele também. Abaixei a cabeça morrendo de vergonha, mas logo senti sua mão levantando meu queixo, seu olhar sério e penetrante, me invadindo por completo.
"Por que você fez tudo isso por mim?" Minha expressão estava séria novamente, mas não brava.
"Porque é exatamente o que eu faria com qualquer outra pessoa. Eu a ajudaria." Não sei qual era a resposta que eu pretendia ouvir, mas com certeza não era essa. Abaixei a cabeça novamente, mas dessa vez, desapontada.
Não sei o que realmente quero, mas talvez eu esperasse ouvir que no fundo, ele havia feito tudo aquilo porque se importava.

"Obrigada pelas panquecas." Mudei de assunto.

"Você quer mais?" Ele coloca seu melhor sorriso no rosto, o que me faz pensar nele como uma criancinha feliz. Paro por um segundo e começo a imaginar como ele deveria ser de criança, loirinho, magrelo e todo contente, daquelas crianças que não desligam nunca.

"Angie?" Volto para o planeta terra e vejo sua mão acenando na minha frente, tentando chamar minha atenção.

"Desculpa, o que você disse?" Balanço a cabeça tentando afastar os pensamentos daquela criança tão bonitinha.

"Quer mais panquecas?"

"Não, obrigada." Ele se levanta da cama, pega a bandeja onde estavam as tão deliciosas panquecas que eu acabei devorando e vai indo em direção à porta.

"Brandon?" Eu o chamo.

"Sim?" Quando ele se vira eu acabo percorrendo seu corpo sem camisa e devorando-o com os olhos. Acho que ele percebeu que eu estou mais de dez segundos admirando sua beleza corporal, o que o faz soltar um risinho.

"Você pode me dizer onde estão minhas roupas?" Tento fingir que nada aconteceu.

"Claro. Estão na primeira gaveta da cômoda. Você quer que eu pegue pra você?"

"Não, obrigada." Forço um sorriso meio cínico. Odeio quando me sinto vulnerável, e no momento, isso é algo inevitável.

"Angie, pode ficar com essa camisa se você quiser..." Agora quem parece me observar, é ele, fazendo exatamente como eu fiz há poucos segundos atrás.

"Tudo bem." Ele sai pela porta e eu me levanto em direção à cômoda. Abro a primeira gaveta e encontro minhas roupas bem dobradas. Remexo no minúsculo bolço do meu shorts-saia tentando buscar minha pequena chave, mas não a encontro. Droga. Preciso de um telefone e ligar logo para Abby me tirar de lá.

Saio do quarto e passo por um corredor pequeno. Ao que parece esse apartamento tem apenas o quarto dele, um lavabo e uma mini-sala que parece um escritório ou algo do tipo. Chego na sala bem iluminada e bem decorada, no mesmo estilo do quarto dele. A sala eu já conheço, porque por acaso, estive aqui ontem, que ironia da vida, não? Vejo ele em pé atrás da bancada da cozinha, lavando louça. Não pode ser bonito e ainda fazer tarefas domésticas, isso é covardia! Meu cérebro me prega peças novamente, já não aguento mais.

"Brandon ,posso usar seu telefone emprestado?" Acho que acabei assustando-o sem querer. "Desculpa." Começo a rir involuntariamente.

"Toma aqui." Ele estende seu celular pra mim. Quando o pego de sua mão, vejo que sua tela de proteção é a foto de uma garota loira muito bonita. Sinto algo que não sei bem explicar, mas parece ser ciúmes. Será que ele namora? Acho que por um lado até seria bom, assim ficaríamos distantes um do outro, sem causar nenhum sentimento a mais.
Digito o número de Abby que demora um pouco para atender.
"Abby, preciso que você venha para casa, agora."
"Por que Angie, alguma coisa aconteceu?" Queria dizer o principal: "estou na casa DELE, ele me fez panquecas, eu dormi na cama dele com uma camiseta cinza que tem um cheiro maravilhoso do perfume que ele usa misturado ao cheiro do amaciante de roupas, e agora que fui te telefonar, acabei vendo a foto da provável namorada dele" mas digo aquilo que vai trazê-la imediatamente.
"Sim, fui atropelada. Brandon me trouxe para a casa dele e me ajudou, mas estou sem a chave de casa e preciso voltar pra lá.
"MINHA NOSSA, ANGIE!!" Escuto seus berros atordoantes pelo telefone, o que me faz afasta-lo do ouvido e em seguida trazê-lo de volta para mim.
"Estou te esperando." Não vou aguentar ficar ouvindo ela gritar pelo telefone enquanto eu estou bem. O melhor que faço é desligar e esperar que minha fada madrinha apareça logo em sua carruagem mágica para me resgatar.

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