Capítulo 1 - A Invenção

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Era um final de tarde frio, uma brisa suave tomava conta de toda a região de Artharat. O sol estava quase deixando de aparecer, e no topo de uma colina, avistava-se uma casa, porém, não uma casa qualquer, mas sim a casa de um alquimista.

Kelmi Vdjeka era seu nome, um cientista louco de 21 anos que mexia com forças que nunca deveriam ser perturbadas, ele, porém, não possuía medo delas, fazia tudo pela ciência - mas nunca arriscava um fio de cabelo seu sequer.

Ele vivia dia e noite em seu laboratório, que se encontrava no porão da casa, trabalhando o tempo todo em seus projetos. O atual, era construir um portal que o levasse para outros mundos, mundos nos quais nenhum outro ser humano pisou.

Muitas outras tentativas falharam, e ele nunca conseguira chegar a outro lugar que não fosse em uma curandeira para acabar com todas as cicatrizes e queimaduras das explosões de suas experiências. Mas desta vez, ele saberia que ia funcionar, a única coisa de que precisava, era uma cobaia para garantir que seu portal levaria a algum lugar, e que não fritaria ele quando fosse atravessá-lo.

"Desta vez, não irei abrir essa coisa aqui em casa, já tive muito prejuízo com essas experiências, não quero ter que arrumar toda essa casa de novo" - pensava Kelmi - "Irei instalá-lo na floresta, se explodir, não terei prejuízo nenhum".

Kelmi era solitário, não saía muito de casa por conta de suas loucuras, poucos dos amigos que tivera na infância, ou se mudaram para longe de sua cidade, ou paravam de falar com ele por medo. Sua fama na região não era muito boa, várias pessoas ouviam explosões e estrondos de sua casa, e assim, ficavam sem coragem de sequer falar com ele. Sua aparência também não ajudara muito, era magro até de mais, muito pálido e seu cabelo, castanho escuro, liso, bastante embaraçado, ia até pouco acima de seus ombros, porém, na maioria das vezes, ele o prendia em um rabo de cavalo forte para esconder os embaraços que não conseguia desfazer.

A ansiedade de testar o novo portal era grande, mas deveria se esperar até o amanhecer, todos sabem que após o anoitecer em Artharat, ninguém pode sair de suas casas, pois é quando o sol se põe, que as criaturas mais temidas saem de suas tocas e perambulam pelas florestas.

*****

Amanhecera e os pássaros começaram a cantar, no mesmo minuto Kelmi se levantou rapidamente, pegou sua maleta de ferramentas, um livro velho que sempre carregava e sua nova experiência, que estava armazenada em um pequeno cubo de metal, que, apertando os botões certos, abriria o portal para a suposta dimensão alternativa.

A floresta não era tão distante da casa do alquimista, em apenas meia hora de caminhada, chegava-se na floresta de Rosendary. Não se sabe o porquê desse nome tão estranho, muitos dizem que havia uma mulher com esse nome, uma parteira muito querida por todos que fora morta ali naquele local, e então, os habitantes da região nomearam a floresta em homenagem á mulher que tanto gostavam, mas até hoje, não se sabe realmente se fora assassinada ou vítima dos animais selvagens da região.

Apesar de existirem cidades no Condado, elas eram habitadas apenas pelos mais ricos, que tinham condições de comprar um terreno na área urbana. A maior parte da população se encontrava nos campos, onde viviam do que plantavam e colhiam. E o resto das pessoas se mantinha nas florestas, onde se alimentavam de frutas, pequenos animais e suas hortas, portanto, Kelmi deveria escolher um lugar na floresta onde não tivessem pessoas por perto, afinal, poderiam se machucar.

Após dez minutos caminhando para dentro da mata, Kelmi chegara em uma enorme árvore, com aparentemente, mais de 20 metros, era a árvore perfeita, assim Kelmi poderia pregar a caixa que guardava seu portal no tronco da árvore, e se explodisse, não teria risco da árvore cair, pois seu caule era grosso de mais para ser derrubado com tanta facilidade.

Mistérios de Artharat - A Aldeia Da LuaOnde histórias criam vida. Descubra agora