Capítulo 10

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No dia e horário marcado estávamos no shopping. O filme ainda demoraria uma hora para começar e decidimos circular para avaliar as vitrines e quem sabe teríamos tempo suficiente para comer alguma coisa. No caminho passamos em frente a uma livraria.

— Ah não, Any. Nós não vamos entrar aí. Não vamos conseguir entrar e sair antes do horário do filme. Esquece. ― Carol sempre odiou me acompanhar em livrarias, só porque eu não consigo sair sem comprar pelo menos uns dois livros e ler uns dez prólogos.

— Por favor! Eu prometo que não vou demorar. Ainda temos uma hora para procurar o que fazer.

Nara me olhava com um olhar desconfiado, desta vez era ela quem estava observadora.

— Eu só preciso ver se tem um livro, juro que vai ser só um.

Minha cara de cachorro que caiu da mudança às convenceu. Entramos e nos separamos pelos corredores. Isso já é quase um ritual, sem precisar de qualquer comunicação nossos caminhos se cruzam ao longo dos corredores. Eu sigo para a fileira de romances; Nara para a ala de ficção e Carol sempre olha um pouco de tudo. Peguei um livro e comecei a folhear sem prestar muita atenção nele, percebi que estava tremendo, então o larguei e circulei um pouco pela loja em busca de uma oportunidade; foi quando avistei Carol com fones de ouvido curtindo uma música, que pelo movimento de seu corpo, só podia ser dance music. Mudei imediatamente de direção e andei no sentido a saída da loja, eu não podia hesitar.

Já perto da saída, olhei para trás para ver se ela ainda estava no mesmo lugar. Aliviada, voltei os olhos para saída e segui, quase derrubei a Nara que estava parada na minha frente. Ela me lançava um sorriso de quem acabará de surpreender alguém cometendo um ato ilícito.

— Credo Nara. Que susto!

— Já percebi o que está tentando fazer. Porque você quer nos despistar?

— Despistar vocês? Não... Só a Carol. Aliás, que bom que está aqui, você vai me ajudar. Eu vou ao bar onde Santiago está cantando, mas não quero que Carol saiba e muito menos que ela descubra onde é. Por favor, me ajuda. ― fechei as mãos como se estivesse rezando para que ela compreendesse minha angústia.

— Depois eu prometo que te conto tudinho. Se eu não sair agora vou me atrasar e corro o risco de ter a Carol na minha cola. Você precisa segurar ela aqui por um tempo, até eu me afastar o suficiente para que ela não me encontre.

Depois de pensar dois segundos Nara sorriu e eu sabia o que aquele sorriso dizia. Tudo por uma boa história de amor e mistério.

— Tudo bem, mas amanhã quero saber de tudo, com todos os detalhes. Se quiser me contar, é claro. Mas acho que vai querer.

Dei-lhe um beijo e sai o mais rápido que pude.

Seguindo o mapa não teve erro. Quando cheguei ao café, de cara ouvi aquela voz, a mais bela de todas. Logo avistei San. Ele estava cantando com muito mais alma e vontade do que da última vez. Cantava com os olhos fechados uma música que retratava uma despedida. Era tão perfeita que me esqueci, por um momento, à forma fria com que me tratou da última vez que nos vimos. Sentei-me em uma mesa no canto oposto, a mais afastada possível. Olhei em volta e não vi Antoni. Aguardei conforme suas instruções.

Arrependi-me de ter marcado o encontro naquele local, gostaria que Santiago não pudesse me ver. Se pudesse ficar invisível, seria o melhor dos mundos naquele momento. Tudo o que eu não precisava era encontrar com ele, olhar pra ele e muito menos ser vista por ele. Eu precisava me concentrar na conversa que teria com o cara do lado negro da força. Sentia que essa conversa seria ainda mais reveladora, se é que era possível. Pedi um refrigerante; e nada mais podia fazer, além de ficar ali parada, contemplando a apresentação perfeita de San. Tudo bem que eu não precisava, necessariamente, ficar hipnotizada daquele jeito... Só que não. Eu não podia evitar, alguma coisa fervilhava dentro de mim sempre que ouvia sua voz.

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⏰ Última atualização: Jun 14, 2016 ⏰

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