Zona de perigo

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Mirelly

-Essa é minha música favorita, vamos dançar? - tínhamos saído para jantar, mas acabamos parando em uma boate por insistência minha.

-Engraçado, achei que você preferia música clássica.

-Só por que eu danço balé?

Puxei ele para pista e começamos a dançar Amnésia da cantora Anahí no ritmo da música.

Eu sorri para ele, e o vi se mexer meio desajeitado, eu até levava jeito, disfarcei bem, ele não podia sonhar que eu sou a pior pé de valsa da história.

Eu acabei tropicando no meu próprio pé e antes que eu caísse no chão ele me segurou, nosso corpo ficou muito próximo e a nossa respiração ficou pesada. Dei um sorriso meio desajeitado e ele me soltou.

-Para uma bailarina, você é uma ótima secretaria.

-Eu fiz de propósito. - sorri com triunfo.

-Sei.

Sai para o bar e ele me seguiu, pedimos uma caipirinha.

Ele deu um gole e olhou no relógio.

-Meu Deus, são 23hrs, Angely ja deve ter voltado do Colégio.

-Angely é bem grandinha, ela sabe se virar sozinha.

-Mas se ela chegar e não ter ninguém?

-Ela não é um bebê, Marcelo.

-É claro que é, ela é minha filhinha.

-Sim, sua filhinha de 17 anos. Ela não é um bebê. - ele riu. -Você é o tipo de pai que não vai aceitar que ela arrume namorado ne?

-Eu quero que ela arrume um namorado! Só com 30.

Eu rio.

-Vai sonhando que ela só vai namorar com 30.

Saímos do bar rindo.

-A quanto tempo você não sai de casa a noite sem sua filha?

-Desde que Amélia morreu. Pra te falar a verdade, desde que ela morreu eu não me divirto tanto. Só com a minha filha. Angely é tudo que eu tenho, por isso não quero ver marmanjo nenhum brincando com o coração dela.

-Já tá na hora de se apaixonar ne, Mar?

-Mar?

-Posso te chamar assim?

-Pode. - ele sorri.

-E tem outra, você querer proteger ela é uma atitude muito nobre, mas mesmo assim ela vai se apaixonar, e nada do que você fizer ou falar vai mudar. Então deixe que ela descubra sozinha, se tiver que errar, de sofrer. Tudo tem tempo. E Angely é forte, não precisa de proteção.

-Eu sei que não, no fundo, desde que a mãe dela morreu é ela que me protege, eu que tinha que ser forte para ela, mas ela que está sendo forte para mim.

-Não se culpe.

-Eu tento ser o melhor para ela, para que ela não veja a necessidade de arrumar um namorado.

-Sabe o que eu acho? Que você e ela precisam se apaixonar e viver um amor que tire o fôlego. Eu sei que você viveu esse amor com Amélia, mas ela se foi e aposto que queria que você arrumasse outra pessoa.

-É por acaso você já viveu um amor de tirar o fôlego?

Sorri.

-Vivi, eu me apaixonei uma vez, dei todo meu amor, mas ele me decepcionou demais, sabe o que eu fiz? Segui em frente, o corte é fundo, mas com o tempo regenera.

-Você é sempre tão de bem com a vida?

-Tento ser a luz de quem está por perto. Por que tem gente pior do que eu.

-Estou encantado.

Sorrio e entramos no carro dele e voltamos para casa.

-Temos que fazer silêncio para não acordar Angely. - falo.

Passamos pela cozinha e ele tropeça na cadeira, tá tudo escuro e caímos na risada, escutamos um barulho e nos escondemos atrás do balcão, vemos Angely pegar uma garrafa de água e subir novamente. Ele volta a dar gargalhadas, e nas pontas do pé saimos e subimos a escada. O quarto dela era o último do corredor e o de hóspedes era ao lado do de Angely, eu já ia entrar quando ele puxou meu pulso.

-Dorme comigo hoje. - ele sussurrou e eu fiquei surpresa e o segui até seu quarto. -Só dormi, meu quarto é bem grande, e não entra nem uma mulher aqui desde Amélia. As vezes me sinto sozinho.

Olhei para ele e sorri, ele retribuiu o sorriso. Não resisti e o beijei. Ele beijava bem, fiquei na ponta do pé segurando sua nunca. Ele pegou na minha cintura e me puxou para perto. Sorri no meio do beijo.

-Me empresta uma camisa sua? - falei me soltando. -Eu não quero dormir com essa roupa.

Ele me pegou uma camisa rosa da Adidas.

-É a menor que eu tenho.

Fui ao banheiro e me vesti só com a camisa dele e calcinha.

-Você ficou linda.

De novo voltei a beija-lo, ele tirou a camisa dele e a minha e me jogou na cama.

Fizemos amor como eu nunca tinha feito antes. Aí me dei conta que eu estava entrando na zona de perigo.

Se apaixonar não está nos meus planos, e ainda mais me apaixonar por meu chefe e dono da casa onde eu to ficando. E o que Angely ia achar de descobrisse que eu tô tendo uma queda pelo pai dela? Ou pior, se ele descobre que eu não sou bailarina, só sou uma riquinha falida?

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AnaMedrade

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