Trigêmeos

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Mirelly

Fiz todo uma higienização para poder ver Angely. Estou muito sensível, boto culpa na gravidez, e já estou chorando antes mesmo de entrar na CTI. E ao ver aquela garota ali, sem vida, desabo. agora posso apenas imaginar a dor que Marcelo está sentindo, mas ela é forte, vai sair bem de tudo isso, e espero que me perdoe.

-Oi, Angely. Eu espero que você me perdoe, eu fiz isso porque eu amo você e seu pai. Quando você estiver bem e curada ele explica melhor, não tenho muito tempo. - seguro a mão dela e a coloco na minha barriga -Esse é seu irmão ou irmã, eu acho que é menino, seus chutes são mais violentos. Essa eu acho que é menina porque os chutes são mais delicados. Você quer ser a madrinha da menina? Aí você pode ensina-la a dançar balé, eu vou adorar se ela for tão graciosa como você. Pode chamar Jasper para batizar também. E como eu não tenho muito amigos, - rio com a brincadeira. -eu acho que vou chamar o chato do meu primo para batizar o menino, se Marcelo concordar claro. Quem sabe não chamo sua amiga, Cecile o nome dela? Bom, a pouco tempo soube que eram gêmeos, quando eu e seu pai fizemos as pazes. O cara que fez isso com você vai pagar muito caro, ele já está na cadeia. Acorda logo por favor, o sofrimento do seu pai está me matando. Eu queria tanto estar no seu lugar, é tudo culpa minha não é? Então acorda logo para me culpar. Brigar comigo por ter perdido a peça, mas você terá tantas pela frente. E agora você vai comer bastante, sem anorexia, me promete? Ou melhor prometa a seu pai. Ah, como eu amo aquele homem. - olho para o vidro e vejo Marcelo, fazendo um sinal que meu tempo tinha acabado. -Ah Angely, seu pai é tão chato, ele está me chamando, meu tempo acabou. - reviro os olhos, como se ela pudesse me ver. -Vou tentar voltar. - beijo sua testa -Amamos você.

Saio chorando e Marcelo me abraça. Logo depois ele vai para uma reunião, uns médicos queriam desligar os aparelhos, e ele comentou antes de ir, que nem por cima do seu cadáver iriam fazer isso com sua filha.

Fui até uma enfermeira e perguntei se aqui faziam ultrassons, é claro que sim, esse hospital tem tudo, até laboratórios testando a cura para o câncer.

Pedi para marcarem ainda para hoje uma consulta para mim, a obstetra disse que não poderia. Então coloquei sem querer o nome de Marcelo, e que os bebês eram dele e ela me deu um horário na hora. Eu sei que fazer isso não é certo e nem combina comigo, mas quero saber sobre os bebês o mais rápido possível.

Enquanto Marcelo ainda estava em reunião saí para comprar um café para ele. Decidi tentar deixa-lo o melhor que eu conseguir, hoje pude sentir um pouco de sua dor, e serei seu Porto Seguro enquanto Angely estiver dormindo. Prefiro achar que ela está só dormindo do que em coma, logo ela irá acordar e dar um sorriso para os que a amam.

Bato na porta e ouço um "Entre" desanimado, como todos os dias.

-Trouxe um café para você. - coloco em sua mesa no porta-copo.

-Eu não quero.

-Mas vai beber, não estou pedindo. - ele faz cara feia -Eu sei que você está sofrendo, mas eu vou cuidar de você.

Ele pega o café e da um gole.

-Faz quantos dias que você não dorme?

-Dormir?

-E tomar banho?

-Eu não vou sair daqui, deixar minha filha sozinha para ir tomar banho.

-Eu marquei uma ultrassonografia, você pode me acompanhar?

-Hoje?

-Eu sei que você está ocupado com Angely, mas é bem ali. Por favor, vamos conhecer nossos filhos. E qualquer emergência o relógio apita, não é?

-Ok.

Mirelly of

Marcelo

Entramos na sala de ultrassonografia e a doutora Hannah nos atende.

-Boa tarde doutor Marcelo, como está sua filha? - ela pergunta.

-Como sempre. - respondo frustrado e Mirelly alisa minha perna.

-Então você vai ser pai de novo? Vamos lá? - ela tenta quebrar o clima e nos chama para adentro da sala.

Mirelly se deita e Hannah deixa o barrigão dela amostra e prepara a barriga para começar o ultrassom.

Hannah parece surpresa, ela se vira para nós.

-São trigêmeos.

-Trigêmeos? - exclamamos juntos.

-Isso mesmo. Parabéns. - ela abre o telão.

Mirelly cai no choro ao ver a ultrassonografia do seu útero, ao ver a imagem de nossos três bebês. Eu só estou em choque, eu que a um tempo atrás, só tinha uma filha, hoje tenho mais 3 pessoas para cuidar, sem contar com Mirelly, que precisa muito de mim.

-São dois meninos e uma menina. - diz a doutora e Mirelly sorri para mim. -É mesmo uma gravidez de risco. Você está quase de 8 meses, já querem marcar a data de parto?

-Mas não vai dar tempo de Angely estar acordada? Será Marcelo?

-Eu tentarei fazer o possível, mas você sabe que só depende dela. - respondo.

-Então vamos marcar o parto para daqui 6 semanas, terá que ser cesárea, não podemos abusar da sorte.

-Como assim doutora? - pergunto.

-Sua mulher tem 50% de chances de morrer no parto normal e 40% na cesárea, por isso temos que ser cuidadosos e não abusar da sorte.

Olho para Mirelly, ela se arruma e levanta.

-Mirelly, vai para meu escritório, preciso pensar. - digo a ela e vou até a recepção e me sento.

Eu sou mesmo um filho da mãe emprestavel. Eu nem sei cuidar das mulheres da minha vida. Uma morreu, a outra levou uma facada e uma apanhou tanto de um filho da put* que pode morrer também. Mas agora eu me dedicarei ainda mais. Eu farei de tudo para ajudar minha princesa nas próximas cirurgias, e acompanharei Mirelly no parto. E não deixarei nenhuma morrer. Porque eu preciso das duas.

Elas vão ficar bem, para que no futuro sejamos uma família bem grande, e ainda quero mais um bebê de Mirelly. Bricariamos na sala, Angely com aquele sorriso mais lindo, com os meu trigêmeos do lado.

Vou até a CTI e vejo minha pequena daquele jeito. Assim que ela melhorar vou tirar férias desse hospital, não aguento mais ficar aqui. Vamos fazer uma viajem, eu, Mirelly, Angely e os trigêmeos. E vou pensar em levar aquele bastardo chato do Jasper.

Qual será a reação da minha primogênita ao saber que vai ter três irmãos de uma vez? Mirelly quer que ela seja madrinha da menina. Eu acho justo. Agora tenho 3 mulheres na minha vida, e mais 2 homens para me ajudar a cuidar delas. Eu estaria tão feliz se não estivesse tão triste.

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