#56 - NARRAÇÃO

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3 meses depois...

Michael finalmente parecia estar feliz.

Por sugestão de Casey, seus cabelos agora estavam em um tom descolorido que pareciam tornar os olhos de Michael ainda mais verdes. Ele finalmente havia abandonado os fios cor-de-rosa e a franja emo e aquilo o fazia sentir-se estranhamente revigorado, desapegado.

Casey havia se tornado, provavelmente, a pessoa mais presente em sua vida (perdendo apenas para Karen) e ele não poderia estar mais contente por este fato. O garoto vinha o oferecendo grande ajuda; estava sempre lá, disposto a abraça-lo, ouvi-lo ou... beija-lo. Não que Casey estivesse se aproveitando do momento de fraqueza que Michael tinha enfrentado e parecia estar recuperado, não. Clifford gostava de gastar seu tempo ao lado do moreno, mesmo que aquilo significasse assistir Digimon. Ele ficava feliz. Ao lado de Moreta, era como se a ferida em seu coração quase se cicatrizasse.

Mas ainda doía.

Não importava o que fizessem a ele. Mesmo com as repentinas crises de ciúme/raiva de Calum que o faziam rir, as palavras de carinho de Ashton e as tentativas de piadas – geralmente ruins – de Casey, ele ainda não se sentia completamente bem. Claro, não demonstraria isso, seus amigos se sentiriam inúteis, como se estivessem fracassando na missão Faremos Michael Clifford Feliz.

Quando Michael encostava sua cabeça em seu travesseiro fofo, não conseguia dormir de imediato. Seus pensamentos sempre se voltavam a Luke; ele estava bem? Ele sentia sua falta? Estava comendo direitinho a cada três horas e escovando seus dentes perfeitinhos?

Michael não fazia a mínima ideia. O assunto Luke não fazia parte das conversas habituais do novo grupo de amigos. Às vezes, podia ler por cima do ombro de Calum, Ashton lhe contando coisas por mensagem. Nada interessante. Sempre era capaz de ver um "estive com Luke hoje" e suspeitava que o moreno o deixasse ver aquilo de propósito, como se confirmasse indiretamente que Luke Hemmings ainda estava vivo, apenas esperando um sinal de vida.

Clifford desbloqueara o contato de Luke duas semanas depois de decidir – e se arrepender tardiamente – que ele não mais faria parte de sua vida, após perceber que Luke havia o desbloqueado também. Muitas vezes sentira-se tentado a mandar alguma mensagem, talvez tentar manter uma conversa comum como se nada tivesse acontecido? Mas não. Michael definitivamente não era capaz de ignorar o acontecido e por isso havia seguido sua vida sem ele, tinha que se contentar em ler mensagens por cima dos ombros de seus amigos e escutar conversas cortadas.

Quando sentia vontade de mandar mensagens para Luke, sendo para falar de assuntos sérios ou sobre contos de fadas sem sentido às três da manhã, ele ligava para Casey. Eles realmente se beijavam às vezes. Talvez alguns boquetes trocados? Era como antes de Casey conhecer Rena e Michael conhecer Luke: sem nenhum comprometimento. Mas, desta vez, Clifford não sentia nada por ele e não achava aquilo justo, mesmo gostando da situação em que se encontravam. O outro parecia estar se apaixonando por ele e aquilo não era bom.

De certa forma, Michael também se sentia culpado. Era como se estivesse substituindo Luke por Casey, porém sabia que não funcionaria, já que os sentimentos se diferenciavam de várias formas. Ele sentia estar usando-o para curar suas dores, colocando-o no lugar de Hemmings em sua vida: Casey fazia parte de seu círculo de amigos, ocupando exatamente onde Luke deveria estar. Ele era próximo de Ashton e Calum, mas ambos sabiam que ele e Michael se envolviam. Da mesma forma como era com Luke. Porém, nem Calum, nem ele próprio aprovavam aquilo, já que estava claro que Michael estava o usando, mesmo que sem querer.

Não o leve à mal. Michael adorava Casey e toda sua ajuda e companhia. Mas ainda sentia como se algo faltasse e aquele algo tinha nome, sobrenome e endereço: Luke Hemmings. O endereço ele talvez não soubesse ao certo, mas sabia que era longe, do outro lado da cidade, como Ashton costumava dizer.

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