Capítulo 10

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Depois de muito namorar no sofá, eu e Ricardo levantamos. Nossos beijos estavam cada vez mais quentes e ele me acariciava na barriga. A mao caminhando quase entre as minhas pernas. Parei a mao dele e olhei para a expressão do rosto dele. Eu não quero apressar nada entre nós. Quero algo mais devagar antes de dormir com ele. Ele me deixou excitada. Mas eu achei que precisava de mais tempo para me adequar ao nosso novo tipo de relacionamento.

- Eu preciso de um tempo ainda, Ricardo. está indo tudo muito rápido.

Ele me deu um beijo longo, carinhoso, levantou e foi dormir. No outro dia, acordei e ele não estava mais em casa.  Já estava fazendo o café quando ele chegou com paes frescos e frutas. Ele sempre gosta de comidas saudáveis... e é impossível não comparar. Marcelo, meu ex, sempre comia comigo comidas gordurosas. Nós nunca pensamos em fazer exercício juntos. Sempre comíamos ,na primeira refeição do dia, ovos e no jantar frituras. Mas este tempo passou e eu até me sinto melhor no meu novo corpo agora. Porque, realmente, com o nosso casamento fiquei relaxada. Só fazia comer. Nem conseguia mais andar direito na rua. Ficava cansada só de ir a pé até o salao onde trabalho.

Ricardo sorriu, me deu um beijo e sentou à mesa. Começamos a conversar sobre amigos, e eu percebi que não tenho nenhum amigo mais. Eu me isolei à vida familiar apenas, aos meus hábitos de merda, ao casamento sem sal.

- Eu tenho alguns amigos. A gente podia se encontrar com eles, Conceição, num fim de semana. Sair um pouco.

- Nao sei, Ricardo. eu não conheco  seus amigos. O que vou conversar com eles?

Ele segurou a minha mao e me puxou um pouco, me dando um beijo na boca.

- Relaxa. É só um encontro com amigos.

Ele  começou a descrevê-los quando meu celular tocou. Primeiro tentei ignorar.

-E você dizendo que não tem amigos? o celular toca nesta hora da manha- perguntou Ricardo provando um pouco de seu café.

- Ah, quem vai me encher o saco neste hora da manha!- falei me levantando da cadeira na cozinha para encontrar o celular

O pior é que eu não sabia mais onde o havia colocado, procurei por todo lugar e o bicho continuava tocando. Em breve, Ricardo começou a me ajudar a procurar também. Ele o encontrou debaixo da minha cama, olhou quem estava me ligando e me deu o telefone com raiva.

Era Marcelo. O que este idiota quer? Com certeza, que eu não vou atender este telefonema de jeito nenhum! Otário, vou bloquear o número dele. Pronto. Bloqueei. Bem feito para ele. Espero que este otário se exploda para lá.

Quando voltei à cozinha, Ricardo estava comendo calado com uma expressão não muito agradável no rosto. Sentei. Tentei retomar a conversa de antes e ele me respondia com sim e não. Ficava olhando para a xícara de café preto, colocava o açúcar e ficava remexendo o café pensativo. 

Foi observando-o assim que eu percebi o quantos os olhos deles eram bonitos. Seu rosto sério o fazia ficar charmoso. O cabelo preto combina tao bem com a cor de sua pele. Eu me vi apreciando sua postura, a delicadeza das maos de quem nunca trabalhou no duro, mas sempre com computadores. E fiquei pensando na noite anterior quando ele me acariciou com estas mesmas maos de hoje.

Enquanto eu sonhava aqui com a maos dele nem percebi o que ele me perguntava.

- Conceição , eu te perguntei algo.

- Sim, repete ai. EU nao prestei atenção

- Você ainda se encontra com o teu ex... É por isso que ele está te ligando?- sussurrou Ricardo com uma expressão séria.

-  Nao. eu nao contei ontem que ele está esperando um filho com uma outra sirigaita? Não, nunca 

Ele levantou, pegou o café e foi para a janela, vendo as pessoas passarem na rua

- Mas você ainda gosta dele?

Eu demorei para responder. De fato, eu já iria dar minha resposta quando o telefone dele tocou. Ele me pediu licença, atendeu a ligação e começou a falar sobre trabalho. Voltou e disse que tinha que dar consultoria a um cliente. Nem me deu  um beijo de despedida. 

Eu tenho a certeza que não sinto mais sentimentos de amor por Marcelo. Eu sinto raiva de ter perdido meu tempo com ele e de ter sido enganada. Mas mesmo esta raiva , aos poucos, está se transformando em apatia. É como se, aos poucos, eu estivesse esquecendo o carinho que senti por ele. Nem me lembro mais por que ficamos tanto tempo juntos se o relacionamento era tedioso tanto para mim quanto para ele.  

Ricardo saiu tao rápido de casa e ainda nem me deu chance de eu me explicar que não sinto mais nada pelo cachorro do meu ex. Não posso fazer nada se ele tirou, tirará e ficou tirando as conclusões erradas. 

Eu sinto que às vezes ele tem medo de que eu rejeite. De que eu volte para o meu ex. Mas como? Nunca que eu faria isso. Ele fez muito por mim. Me deu ajuda num momento horrível da minha vida, conselhos, foi mais do que um paquera. Foi um verdadeiro amigo. E eu me sinto realmente atraída por ele, pelo corpo dele. 

Só sinto que ele não me da chance de dizer isso a ele. Ele trabalha tanto. Se eu não morasse com ele, pensaria que ele tem outra namorada. Até à noite vejo-o no computador trabalhando. Algumas vezes queria conversar com ele mas não queria interferir no trabalho dele. Mas agora sinto que ele está com medo que eu não queira nada com ele e que meu coração ainda bata por aquele idiota do meu ex.

Nós temos que conversar.

Aproveitando que ele tinha sido, tentei entrar no computador dele para apagar todas as fotos que ele registrou. mas não dei certo. O computador é protegido por uma senha e por mais que eu tentasse escrever qualquer senha nunca conseguia acertar o número certo.

Depois do trabalho, voltei para casa e decidi fazer um jantar com  o que ele gosta. Preparei tudo, coloquei até velas para o clima ficar mais romântico. Nada de ele voltar. Fiquei pensando no que ele deve estar fazendo. Pensei com meus botões que ele deve estar com outra. Deve ser sim. Estes homens são todos iguais. Quando ele voltar, ele vai ver... Se bem que nós não fizemos nenhum pacto de fidelidade. Nem sabemos mesmo o que somos um pro outro. E eu algumas vezes pensei que queria um relacionamento aberto. Acabei ficando confusa.

A comida ficou fria e a porta do quarto dele se abriu. Ele foi ao banheiro.

Eu levantei da cadeira e achei estranho que ele estivesse o tempo todo em casa e não tivesse saído do quarto dele. Eu esperei à porta do banheiro. quando ele saiu, me viu, falou um oi e foi embora.

- Ricardo, você está agindo estranho... O que há? Eu fiz um jantar aqui para gente e você não diz nada. 

Ricardo colocou as maos para trás do corpo e disse:

- Não  tem nada. Estou apenas cansado.

Mas o rosto continuava sério. De fato, achei que ele estava com um ar depressivo. Eu segurei o pescoço dele e o beijei violentamente. Tempestuosamente, minhas maos circularam pelo cabelo dele, pelas costas, por debaixo da camisa dele. As maos dele me puxaram mais para perto dele. De repente, ele beijou meu pescoço e foi caminhando em direção aos meus seios. Eu disse no ouvido dele:

- Eu nao gosto mais de Marcelo. Eu gosto de você, seu bobo.

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