A separação

Capítulo 11

Enquanto estávamos assim nos abraçando e beijando, o meu celular tocou de novo. O celular estava em cima da mesa da cozinha entre a comida fria e as velas. Tocava sem parar. Ele me deixou abruptamente  e correu para pegar o celular. Viu quem era e atendeu.

- Sim, quem está falando? Você quer saber meu nome? Eu me chamo Ricardo e você? Sim, este telefone é da Solange Conceição sim e aqui quem está falando é o namorado dele. Não, ela não está disponível no momento. Você pode deixar recado comigo. 

Ele deixou o celular em cima da mesa e disse sorrindo. De repente, o ar depressivo desapareceu. Ele sorria e parecia jovem de novo. Os olhos demonstravam uma certa amabilidade e a postura rígida.

- Ele nao quis deixar recado comigo nenhum.

Eu cheguei perto dele e o abracei, beijando no pescoço. Ficamos assim até que falei:

- Nao sei por que ele está me ligando.  E eu tinha bloqueado o número dele.

Ricardo pegou meu celular de novo e me mostrou como se bloqueava um número corretamente. Agora este otário nunca mais me perseguir. Não quero mais ouvir falar dele nunca mais. 

No outro dia, estava trabalhando no salão. Muitas clientes estavam se aglomerando, Várias estavam esperando o efeito da tinta de cabelo da certo até que vi uma figura se aproximando do local. 

Marcelo estava vindo. Um pouco mais gordo com roupas não passadas e um ar de quem está com raiva. Abriu as portas de vidro do salão e disse que precisava falar comigo. Eu recusei mas ele disse que o assunto era de extrema importância e do meu interesse talvez.

Eu flapi que se ele quisesse falar que teria que ser ali mesmo no salão. Ele falou que o assunto era particular. Então, eu o disse para voltar quando o salão estivesse fechando. Ele disse que viria

Voltou quando o salão estava fechando e queria ir a um restaurante  para discutir o assunto. Disse que eu estava mudada e que as mudanças me caíram bem. Me olhou dos pés à cabeça. Não tinha paciência para este tipo de prosa. Fiz um ar de megera e falei:

- Marcelo, qual é o assunto?

- Esta carta aqui é o assunto. Minha tia morreu e você foi notificada a ir ao testamento. Você não foi. Foi lido e você está entre os herdeiros junto comigo. Ai está  a segunda notificação. Quero vender a casa e repartiremos meio a meio.

- Ah, tá. Pode deixar a carta comigo que eu irei.

Ele fez menção de ir, mas acabou voltando de novo para falar comigo:

- Como voce está? Solange, eu sinto falta de você

- Pois eu não sinto falta nenhuma tua. 

- Eu estava numa crise da meia idade. Nosso casamento estava chato e nós não tínhamos filhos. Eu...- ele baixou a cabeça para chorar.

Eu me virei e fui embora.