Porra, ela estava tão perto...
Conseguia sentir o seu hálito de chocolate e menta...
Mas... O que ela está fazendo aqui?
Eu teria me lembrado caso ela tivesse ligado e marcado uma visita, não?
E o olhar que ela me dava agora, fez meu "pequeno Dimi" acender nas minhas calças. Não que ele fosse mesmo pequeno, era mais um apelido carinhoso.
-O que faz aqui? -Sussurro sem tirar os olhos dela.
-Eu disse que viria. -Ela sussurra de volta.
Ficamos nos encarando por um bom tempo, antes de eu voltar a falar.
-O que aconteceu lá fora?
-Parece que algumas das suas clientes não são tão amistosas... Correram atrás de mim como se eu fosse um pedaço de carne. Mas, algumas me conhecem. -Conclui com o olhar fixo em minha boca. Não pude deixar de sorrir com isso.
-Você faz bastante sucesso aqui. -Acrescento.-Deu para perceber. -Ela prega e eu a solto, caminhando para a minha mesa.
Deixei ela sem reação.
Ponto para mim!
E então, ela começa a arrumar os cabelos enquanto telefono para Alex, minha sócia, informando sobre a bagunça fora da minha sala.
-Achei que você ligaria marcando a visita. -Comento.
-Como eu disse, teria uma semana com muitos compromissos e eu só teria tempo no sábado. -Responde com certo ar de superioridade, no qual eu não havia presenciando no primeiro encontro. -Mas então, você não vai mostrar a livraria? -Vejo um sorriso cheio de malícia surgir em seus lábios.
Safada!
-Eu tenho alguns papéis para analisar. Se quiser esperar, fica a vontade. -Vejo o sorriso dela sumir aos poucos, enquanto caminha até o sofá que ficava na parede oposta a minha mesa.
Isso...
Fique achando que eu estou te dando moral...
-Como começou o seu negócio?
-Essa livraria era do meu avô. Foi fundada três anos depois da chegada dele na América. Ele trabalhou em vários lugares antes de comprar o terreno e construir a livraria. -Digo com o máximo de orgulho que posso.
Meu avô foi um verdadeiro guerreiro durante toda a sua vida.
-Ele te deu a base e você a transformou no que é hoje... Impressionante. -Ela sorri para mim. Não era um sorriso safado, como o que ela deu antes. Era um sorriso doce e carinhoso.
-Nem tanto. -Respondo. -Ainda precisa crescer bastante.
-Mas você tem uma boa base de clientes, assim como eu tenho um bom público em Londres.
Ela continua sorrindo.
E alguma coisa nesse sorriso está fazendo com que eu esqueça, nem que por um segundo, meu acerto de contas com ela.
-Mas e você? Como funciona processo de criação dos seus livros? -Instigo ela a contar. Quero que assuma que não faz isso sozinha.
-É difícil! As vezes você tem uma crise de criatividade e escreve tudo o que quer. Outras vezes, você se sente tão cansada que nem quer mexer nos arquivos. E, quando nem uma coisa e nem outra acontecem, você precisa trabalhar com o enredo que já tem. E, para que não está acostumado, é muito complicado. -Os ombros dela caem e ela apoia os braços no joelho. Parece cansada.
-Mas você não tem ajuda? -Pergunto sem mostrar interesse.
-Nem que eu quisesse! -Essa é a resposta dela. -Eu tenho que fazer todo o trabalho sozinha. E é bem mais difícil escrever uma cena de sexo do que praticar o ato em si e...
-Eu sou o Michael. -Solto sem perceber. E agora?
-Oi? -Como assim? Ela não ouviu?
-Eu. Sou. O. Michael. -Respondo pausadamente. E ela demora um pouco até ter alguma reação, até que ri sem parar.
Vejo ela ficar vermelha e perder o fôlego, até tomar mais um pouco de ar e continuar rindo.
Não sei ao certo quando ela parou de rir, mas fechou a cara assim que viu minha expressão séria.
Agora ela iria ouvir.
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Michael
RomanceValentina Kensington é uma jovem escritora inglesa que se consagrou ao escrever livros adultos. Porém, as cenas mais quentes dos livros vinham de um homem denominado "Michael". Em uma bienal do livro nos EUA, ela conhece Dimitri Jonhson, um homem ap...