Capítulo 5 - Dimitri

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Porra, ela estava tão perto...

Conseguia sentir o seu hálito de chocolate e menta...

Mas... O que ela está fazendo aqui?

Eu teria me lembrado caso ela tivesse ligado e marcado uma visita, não?

E o olhar que ela me dava agora, fez meu "pequeno Dimi" acender nas minhas calças. Não que ele fosse mesmo pequeno, era mais um apelido carinhoso.

-O que faz aqui? -Sussurro sem tirar os olhos dela.

-Eu disse que viria. -Ela sussurra de volta.

Ficamos nos encarando por um bom tempo, antes de eu voltar a falar.

-O que aconteceu lá fora?

-Parece que algumas das suas clientes não são tão amistosas... Correram atrás de mim como se eu fosse um pedaço de carne. Mas, algumas me conhecem. -Conclui com o olhar fixo em minha boca. Não pude deixar de sorrir com isso.


-Você faz bastante sucesso aqui. -Acrescento.

-Deu para perceber. -Ela prega e eu a solto, caminhando para a minha mesa.

Deixei ela sem reação.

Ponto para mim!

E então, ela começa a arrumar os cabelos enquanto telefono para Alex, minha sócia, informando sobre a bagunça fora da minha sala.

-Achei que você ligaria marcando a visita. -Comento.

-Como eu disse, teria uma semana com muitos compromissos e eu só teria tempo no sábado. -Responde com certo ar de superioridade, no qual eu não havia presenciando no primeiro encontro. -Mas então, você não vai mostrar a livraria? -Vejo um sorriso cheio de malícia surgir em seus lábios.

Safada!

-Eu tenho alguns papéis para analisar. Se quiser esperar, fica a vontade. -Vejo o sorriso dela sumir aos poucos, enquanto caminha até o sofá que ficava na parede oposta a minha mesa.

Isso...

Fique achando que eu estou te dando moral...

-Como começou o seu negócio?

-Essa livraria era do meu avô. Foi fundada três anos depois da chegada dele na América. Ele trabalhou em vários lugares antes de comprar o terreno e construir a livraria. -Digo com o máximo de orgulho que posso.

Meu avô foi um verdadeiro guerreiro durante toda a sua vida.

-Ele te deu a base e você a transformou no que é hoje... Impressionante. -Ela sorri para mim. Não era um sorriso safado, como o que ela deu antes. Era um sorriso doce e carinhoso.

-Nem tanto. -Respondo. -Ainda precisa crescer bastante.

-Mas você tem uma boa base de clientes, assim como eu tenho um bom público em Londres.

Ela continua sorrindo.

E alguma coisa nesse sorriso está fazendo com que eu esqueça, nem que por um segundo, meu acerto de contas com ela.

-Mas e você? Como funciona processo de criação dos seus livros? -Instigo ela a contar. Quero que assuma que não faz isso sozinha.

-É difícil! As vezes você tem uma crise de criatividade e escreve tudo o que quer. Outras vezes, você se sente tão cansada que nem quer mexer nos arquivos. E, quando nem uma coisa e nem outra acontecem, você precisa trabalhar com o enredo que já tem. E, para que não está acostumado, é muito complicado. -Os ombros dela caem e ela apoia os braços no joelho. Parece cansada.

-Mas você não tem ajuda? -Pergunto sem mostrar interesse.

-Nem que eu quisesse! -Essa é a resposta dela. -Eu tenho que fazer todo o trabalho sozinha. E é bem mais difícil escrever uma cena de sexo do que praticar o ato em si e...

-Eu sou o Michael. -Solto sem perceber. E agora?

-Oi? -Como assim? Ela não ouviu?

-Eu. Sou. O. Michael. -Respondo pausadamente. E ela demora um pouco até ter alguma reação, até que ri sem parar.

Vejo ela ficar vermelha e perder o fôlego, até tomar mais um pouco de ar e continuar rindo.

Não sei ao certo quando ela parou de rir, mas fechou a cara assim que viu minha expressão séria.

Agora ela iria ouvir.

Michael Onde histórias criam vida. Descubra agora