- Eu vou te ver de novo? - perguntei ajeitando a alça da mochila em um dos ombros.
Ela apenas olhava para frente, sem nem se importar se eu estava a encara-la.
- O mundo é bem pequeno, Paulo. - ela disse ainda olhando para frente com um meio sorriso no rosto.
Apesar de as vezes ser irritante, eu até que gosto desse jeitinho misterioso dela. Me deixa cada vez mais interessado, mais curioso. Eu só queria saber o que o mundo lhe fez para que acabasse desse jeito. Ou então, se é apenas uma forma de seduzir.
Olhei para frente e vi Caíque a Nathan. Caíque deu um tapa no braço de Nathan que estava distraído bebendo milk-shake. E assim que ele viu Nathália do meu lado, revirou os olhos. Ele já havia entendido tudo.
- Combinei com as minhas irmãs de encontra-las no café. Até mais. - ela sorriu e seguiu em direção ao café.
- Até. - senti um tapa forte na minha nuca e rapidamente virei para encarar Caíque - Você ficou doido?
- E você esqueceu que tem que trabalhar? - na verdade, sim. - Estamos te esperando aqui desde às 08:30. Que horas você acordou?
- Nove. - suspirei.
- Ah, tudo isso por causa daquela garota? Tenho certeza que a festinha foi boa. - ele cuspiu as palavras.
- Olha só, Caíque, não fala assim...
- Deixa ele Paulo, vamos logo, já estamos atrasados. - Nathan me puxou.
Não acredito que ele insinuou isso. Mas tudo bem, eu sei que é o jeito dele. Mas isso está começando a me irritar.
. . .
" Até que seus capangas são bonitinhos. " , dizia a mensagem de Nathy.
Fazia uns dez minutos que nós estávamos conversando, dentro da van, eu estava fixo naquele aparelho. Enquanto ela digitasse, eu não iria larga-lo.
" Ah, e eu? "
" Dá para o gasto, assim digamos." , ri alto e logo senti o olhar de estranhamento de Caíque sobre mim.
- Mas que gay... Aposto que está conversando com aquela garota. - resmungou.
- Caíque, deixa de ser implicante. Tenho certeza que você também está doido para conversar com alguém, mas ninguém te quer. - ele olhou para mim e ergueu o dedo médio.
- Vocês são demais... - Nathan balançou a cabeça.
- Só para deixar claro, estou sozinho porque eu quero. É só eu estalar os dedos e fazem fila por mim.
- Ah é sim Caíque... - Nathan riu e eu também.
" Estamos falando sobre você agora. "
" Sobre mim? '-' "
"Sim, sobre o quanto você é linda. "
"Paulo, vai catar coquinhos. Tenho que arrumar umas coisas. Até mais."
"Até. Só não me abandone."
. . .
No ensaio, parecia que todas as músicas tinham sido escritas exatamente para ela. Nathália estava mudando toda a minha forma de pensar e predominando a minha mente sem nem ao menos perceber. Se é que ela ainda não percebeu.
Apenas sei que ela está varrendo toda a sujeira para debaixo do tapete. Toda a minha sujeira. Está tentando criar coisas novas e de repente parece que todo aquele muro de proteção que eu criei contra o tipo de mulher que me enlouquece, caiu. E adivinha quem derrubou?
- Paulo, pelo amor de Deus, desliga esse celular. - João pediu e só então eu percebi que ele estava tocando.
- Ah desculpa, eu... - olhei na tela.
Desconhecido. Poderia ser Nathália me ligando ou talvez não. Um milhão de hipóteses. Poderia ser ela, engano, trote ou então alguma fã que descobriu o meu número. Mas eu só iria saber se atendesse.
- Paulo, desliga. - João ordenou e eu olhei novamente para o celular.
E antes que eu pudesse fazer algo, a chamada desligou sozinha. E todas as minhas esperanças haviam acabado. Droga.
- Ótimo. Agora me dá isso e volta pro ensaio. - estendeu a mão pedindo meu celular e eu o entreguei.
. . .
Quando o ensaio finalmente acabou, eu já estava angustiado. João me olhou com cara de nunca mais faça isso e eu apenas assenti. Peguei meu celular e procurei o número que havia me ligado. Quando achei, retornei a chamada.
E se fosse a Nathália? O que eu iria dizer?
Depois de três toques, finalmente atenderam.
- Alô? - uma voz masculina soou do outro lado da linha.
- Alô, esse celular é da Nathália?
- Quem é?
- Paulo, eu preciso falar com ela. Acho que ela me ligou desse número. - caminhei até um canto afastado dos músicos na sala.
- Não é não, Paulo. É um engano, deve ter sido a minha irmã. - o cara disse.
- Ok, obrigado. - desliguei e coloquei o aparelho no bolso.
Merda. Será que ela é tão misteriosa que nem me permite ter o seu número? Será que aquele número realmente não é o dela? E se for, quem era aquele cara?
Não pode ser. Eu estou com ciúme de uma garota que não me dá bola?
É, eu estou.
Cala a boca, Paulo interior!
Paulo 05x Nathália 09
Mais um ponto para ela. Por conseguir me deixar cada vez mais doido.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Te Vi Passar (VERSÃO FANFIC)
FanfictionPaulo não imaginava que toda sua vida mudaria quando uma garota aparentemente comum passou em frente ao café onde ele estava com seus melhores amigos. Uma garota cheia de mistérios e segredos, cujo ele fazia questão de desvendar, sem nem mesmo saber...