— O quê você descobriu? — Nathan perguntou enquanto dobravámos a esquina ainda atrás da menina.
— Nada. Aquela amiguinha dela não quis me dizer nada. — Caíque revirou os olhos.
— Vamos voltar. Não vou mais seguir ela, isso é crime, eu não quero ser preso. — parei de andar e me encostei em um poste de energia elétrica.
— O quê? Estamos andando atrás da garota à quase vinte minutos e você quer desistir? — Nathan perguntou, incrédulo.
— É. Já é tempo suficiente para ser considerado crime! — argumentei.
Tudo bem, nós poderíamos simplesmente estar indo para o mesmo lugar e pelo mesmo caminho. E caso ela perguntasse ou chamasse a polícia, poderíamos dar essa desculpa. O problema é que eu odeio mentiras. E não sei mentir.
— Ele tem razão, Nathan. Apesar de eu estar indignado por ter andado dois quarteirões nesse frio atrás de uma garota desconhecida só porque o Paulo gostou dela, isso é crime. Mesmo que seja por uma boa causa. — Caíque concordou.
— E vai perder ela de vista desse jeito? — Nathan cruzou os braços.
— Eu posso superar isso. — dei de ombros e comecei a voltar pelo mesmo caminho.
. . .
Uma semana depois...
Nessa semana que se passou, eu fui duas vezes para o estúdio, fiz três shows e um programa de televisão. A minha rotina é bem cansativa.
Eu também não vi mais aquela garota. Apesar de ter sonhado com aquele rostinho lindo e ter beijado ela. No sonho, é claro. Até hoje me culpo e me martirizo por não ter ido falar com ela ou ter seguido ela até um lugar onde eu pudesse a encontrar depois.
Mas eu sei que ela conhece a atendente da doceria. E isso já é um primeiro passo. Um ponto para mim.
Paulo 01 x Garota Desconhecida 02
Dois? Sim, dois. Um por ela ter me chamado a atenção e um outro por ela ter feito eu a seguir por dois quarteirões.
Hoje o dia está um pouco mais quente, hoje estou no Rio. Viemos fazer um show aqui então decidimos ficar um pouco mais. Mas ainda assim, eu sinto um frio dentro de mim. Um vazio sabe? Eu sou homem, preciso de uma mulher comigo, pra mim.
Eu poderia ligar para qualquer uma das dezenas de garotas que saí. Mas não adianta. Precisa ser especial, e agora, só vai ser especial se for com ela.
Enfim, eu sempre amei observar o mar. As ondas quebrando, o pôr do Sol se formando no fim do oceano, o tempo passando e a brisa do mar batendo forte contra o meu rosto. Fechar os olhos e imaginar que eu poderia estar com ela ali. Cantando ou então apenas conversando. Só queria... Sabe... Não me sentir tão sozinho as vezes.
Ouço algumas risadas, e não. Não pode ser ela.
— É eu sei! Mas quando eu chegar em casa eu vou procurar, prometo. — ela falava ao telefone.
Eu juro que achei que não a veria nunca mais. Ainda mais fora de São Paulo. Então:
Paulo 01 x Garota Desconhecida 03
Mais um ponto pra ela por ter reaparecido.
Ela me ultrapassa. Porque será que ela sempre anda tão rápido? Não posso deixar essa chance passar. A vida está me dando mais uma. Tenho sorte, pois um raio nunca cai duas vezes no mesmo lugar. Me levantei e corri até ela. Não sei por que, mais por um momento, eu juro que senti como se ela fosse um pote de ouro.
E como se eu fosse alguém importante, segurei em seu braço. Ela rapidamente se virou e olhou firme para mim. Olhar naqueles olhos castanhos foi como levar um choque. Eu realmente não sei o que me deu. Quando me dei conta, estava paralisado. Como se só existisse aqueles olhos um tanto puxados no mundo. Como se só existissem eu e ela.
Ela desviou o olhar para minha mão em seu braço e aquele olhar espantado e firme de tornou furioso, confuso.
— É... E-eu... — tentei falar mas nada além de gemidos saíam.
Ela balançou um pouco o braço e eu a soltei. Engoli em seco quando a vi revirar os olhos e olhar o celular, que estava no chão. Me abaixei e peguei o aparelho, entreguei a ela que ainda me olhava confusa.
— Oi. — consegui dizer.
— Oi. — ela respondeu um tanto confusa e reprimida, porém sorriu.
— Meu nome é Paulo. — estendi a mão e ela apertou.
— Hum, prazer, Paulo. — ela franziu o cenho e continuou sorrindo.
— E você? Como se chama? — ela abriu um pouco a boca e olhou por cima de meus ombros, estalou os dedos e voltou a me olhar sorrindo.
— Amanda. Eu me chamo Amanda. — ela sorriu ainda mais largamente e mostrando suas covinhas.
Ela limpou o celular o jeans do short curto e ajeitou a camisa branca antes de guarda-lo em sua bolsinha preta e sorrir para mim.
— Bom, Paulo, eu adorei nossa conversa de menos de dois minutos. Mas... Eu tenho que ir fazer alguma coisa. Então tchau. — ela se virou e começou à andar.
Nossa, que fiasco. Eu preferia ter levado um tapa na cara do que ser rejeitado dessa forma. E olha que eu só me apresentei. Então:
Paulo 02x Amanda 04
Um ponto para mim, por ter conseguido descobrir o nome dela. E um ponto para ela, por me ignorar.
Passei a mão pelo rosto, tentando conter a raiva e a vontade de arrancar a minha cara e enfiar na areia. Respira, inspira. Eu nem conheço essa garota. Não posso ficar assim. Só sei que ela se acha a última bolacha.
— Espera. — ela disse um pouco mais alto por estar à uma distância significativa.
Epa! Ela voltou atrás!
Paulo 03 x Amanda 04
— Você não é aquele esquisito que me encarou e me seguiu por dois quarteirões, lá em São Paulo? — Ela lembrou de mim!
Ok. Ser chamado de esquisito foi esquisito e doloroso. Mas, pelo menos ela se lembrou que eu fui esquisito. Talvez eu devesse ouvir as baboseiras que saem da boca de Caíque e Nathan. Afinal, ela não saberia quem eu sou, se eu não tivesse seguido ela por dois quarteirões esquisitamente. Bom, talvez ela saberia. Eu costumo aparecer em programas de televisão, rádio e em redes sociais as vezes. Desculpa, eu posso.
— É, sou eu sim. — sorri animadamente.
Paulo 04 x Amanda 04
Mais um ponto pra mim por ter sido esquisito.
Empatados!
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Te Vi Passar (VERSÃO FANFIC)
FanficPaulo não imaginava que toda sua vida mudaria quando uma garota aparentemente comum passou em frente ao café onde ele estava com seus melhores amigos. Uma garota cheia de mistérios e segredos, cujo ele fazia questão de desvendar, sem nem mesmo saber...