Capítulo 22- Falhas

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Especial

Narração subjetiva

Dentro do táxi, enquanto Caíque estava sentado com fones nos ouvidos olhando pela janela no banco do passageiro, Larissa e Beatriz esperavam o momento certo para agir. O carro parou em frente a locadora de carros e todos os três passageiros desceram, Larissa pagava o taxista enquanto Beatriz esperava pacientemente ao lado de Caíque. Haviam dezenas de sinais combinados, um deles era deixar o celular cair para poder mandar uma mensagem para os dois disfarçadamente. Larissa jogou o celular no asfalto da rua enquanto o taxista esperava por seu pagamento. Beatriz colocou a mão no bolso traseiro de sua calça, procurando por seu aparelho e não o sentiu. Suspirou e murmurou um palavrão em um volume baixo.

- Está tudo bem? - Caíque perguntou a assustando.

- Claro. - sorriu falsa.

"Locadora, 124, Caíque"

Larissa enviou a mensagem em um grupo de aplicativo de mensagens e o devolveu ao bolso. Abriu sua carteira e tirou o dinheiro entregando ao taxista. Quando o táxi seguiu seu caminho, Larissa olhou para Beatriz que cruzou os braços.

Esse era o sinal que dizia que algo estava errado.

Larissa disfarçou e entrou na locadora sendo seguida pelos dois, já encontrando mais um integrante do plano atrás do balcão; Eduardo. O garoto moreno com um jeito aparentemente tímido, na verdade, é o maior hacker de toda a França. Além disso, ele pode roubar um objeto de sua mão sem que você nem mesmo perceba.

- Bom dia, nós fizemos uma reserva pela internet. O carro é o 124, está em nome de Larissa Alonso. - ela sorria e olhava nos olhos do comparça.

- Sim, claro. Yasmin, confirme a entrega do carro com a moça. - Edu se afastou do balcão.

E lá veio, a garota de olhos claros e cabelos escuros. Em seu uniforme preto com detalhes brancos, um pequeno sorriso. Ao primeiro olhar, ela é apenas uma atendente. Mal sabe que ela é uma lutadora profissional de Karatê. Mais uma para a lista de capangas de Arthur.

Yasmin entregou os documentos e Larissa os assinou, antes de se afastar, Larissa lhe olhou e ela dirigiu o olhar à Caíque. Logo entendeu que era dele que se tratava.

Caíque continuava concentrado em suas músicas, o reggae o acalmava e ele gostava disso. Percebeu uma troca de olhares entre as pessoas à sua volta, mas achou comum. Afinal, as pessoas se olham. De repente sua música parou. Caíque tirou o celular do bolso para verificar se sua bateria havia descarregado, mas a tela de seu aparelho estava completamente vermelha. Larissa olhou para Caíque que batia o telefone contra a mão, na esperança que aquilo parasse. Educadamente, ela agradeceu e logo Edu estava na porta da locadora com o carro. Eles caminharam até o mesmo e Beatriz guiou Caíque até o banco traseiro. Caíque tirou os fones e olhou confuso para Edu, que estava devidamente protegido com o cinto de segurança, as mãos no volante e o encarando pelo retrovisor.

- Contratou um motorista? - franziu o cenho e perguntou à Larissa.

- Melhor ficar quieto. - Beatriz avisou e pegou a pequena pistola embaixo do banco do motorista.

Caíque automaticamente arregalou os olhos e tentou abrir uma das portas mas estava trancada, o medo percorria seu corpo. Beatriz encostou a arma em sua nuca e o puxou para trás. Caíque começou a gritar e Eduardo olhou para Larissa já furioso.

- Eu disse que deveríamos ter vindo com o Nathan! Esse aqui é muito atentadinho! - tampou a boca de Caíque mas ele a mordeu.

- SOCORRO! - ele gritou.

- Ninguém vai te ouvir, babaca! O carro é blindado e à prova de som, cala a merda da boca ou a gente te apaga! - Larissa o olhou e ele riu debochado.

- Não tenho medo de vocês. - ele a encarou.

- Eu teria se fosse você. - sorriu falsa e mandou um beijo no ar.

- Eu vou denunciar vocês, vou acabar com vocês! - Caique ameaçou.

- Apaga ele de uma vez, Beatriz! - Eduardo revirou os olhos.

. . .

Eduardo vasculhava todos os arquivos do celular de Caíque, ele sabia que estava em algum lugar ali. Ele tinha certeza. Larissa andava de um lado para o outro pensando no quão burra Beatriz foi em esquecer o celular. Não só pela mensagem, mas também pelas informações que ele guardava. À aquela altura, os meninos já deveriam estar a procura de Caíque. E se eles houvessem pegado o celular e descoberto o paradeiro de Nathália, estariam presos ou resgataram a menina. Tudo era ruim, e ela sabia que levaria umas boas bofetadas quando Arthur descobrisse. Ela comandava essa parte do plano, e foi deixado bem claro que falhas não seriam perdoadas.

- Achou? - Larissa perguntou a Eduardo que suspirou.

- Que merda, é a milésima vez que você me pergunta isso! Se eu tivesse achado essa porra, já estaria dando uma festa para comemorar! - ergueu o dedo médio e Larissa fez o mesmo.

- Temos que ver como o Caíque está. - suspirou e se sentou no sofá olhando a pulseira que havia ganhado de Caíque.

Ela gostava daquela pulseira, sempre que a olhava, lembrava do sorriso lindo que Caíque a lançou enquanto a colocava em seu braço. Caíque havia mexido com ela, e por isso, à alguns dias quase teve a costela quebrada. Ela pensou em desistir de tudo e ficar com Caíque, mas não é mais ela quem faz as escolhas, desde que pisou naquele galpão.

- Você gosta dele. - Beatriz riu sem graça. - E vai pagar caro por isso. Muito caro.

- Não diga uma coisa dessas, Beatriz. Você sabe bem que o Fagundes nos proibiu de ter qualquer relação com eles! - disse firme.

- Exceto a Nathália! - revirou os olhos. - Porque ela é sempre a queridinha?

- Porque o Paulo se apaixonou por ela! Você estuda na mesma faculdade que a irmã do Nathan e não conseguiu merda nenhuma!

- E você trabalha na Sweet Biles e tudo o que conseguiu foi levar a Nathália para lá. - revirou os olhos.

- A culpa não foi minha! O Fagundes mandou ela para lá, eu só fiz a minha parte. Se eu me apaixonei ou não, não importa! - suspirou com lágrimas nos olhos.

- Está apaixonada pelo moleque? - Fagundes entrou na sala segurando seu óculos escuro na mão.

Fagundes é o típico homem com aparência de pai de família. E ele é. Pai de Arthur e padrinho das meninas. Mas acima de tudo, o chefe de tudo aquilo. Larissa estava sem palavras, se dissesse a verdade poderia morrer. Se mentisse e ele descobrisse, apanharia até a morte.

- N-não dindo, estávamos falando da Nathália. - ele arqueou uma sobrancelha.

- Hum. Espero que não tenham sido burras como a irmã de vocês, sabem que eu não dou a mínima para vocês duas. - se abaixou entre as duas e dívida os olhares entre elas. - Vocês duas, minhas afilhadinhas - segurou o rosto de cada uma, o apertando com força- , são só duas putinhas gostosas que eu uso para atrair esses otários. São o mesmo que prostitutas, eu não faço questão nenhuma de ter vocês na equipe. - as soltou. - Mas não ousem me desafiar ou descumprir minhas ordens, sabem bem do que eu sou capaz.

Fagundes se levantou e elas se entreolharam. Beatriz nunca sentiu tanto nojo de alguém em sua vida, ela passava a mão pelo rosto e tentava se livrar dos pensamentos que ainda à assombravam. De sua infância impura e das humilhações. Nathália nunca foi submetida à nada disso, diferente de Beatriz. Larissa sempre foi treinada e cobaia nas armações do padrinho. Já Nathália, era a princesinha. A única que ganhava presentes caros e carinho. Larissa nunca se importou, sabia porque estava ali e o que queria fazer. Ela sempre gostou do perigo. Já Beatriz, entrou nesse caminho obrigada.

- Beatriz? - Fagundes chamou e ela o olhou. - Ainda sabe brincar de "mamãe e papai"?

Rapidamente um embrulho se formou em seu estômago, ela olhou para Larissa que a olhou encorajando. Ela sabia o que iria ter de aturar a partir de então, era isso o que ele dizia quando a estrupava. Beatriz se levantou e caminhou até o corredor, o velho a seguiu sem desviar o olhar de sua bunda. Larissa balançou a cabeça e olhou para Edu que deu de ombros e continuou a procurar pelo celular de Caíque.

Te Vi Passar (VERSÃO FANFIC)Onde histórias criam vida. Descubra agora