Especial
Narração subjetiva
Dentro do táxi, enquanto Caíque estava sentado com fones nos ouvidos olhando pela janela no banco do passageiro, Larissa e Beatriz esperavam o momento certo para agir. O carro parou em frente a locadora de carros e todos os três passageiros desceram, Larissa pagava o taxista enquanto Beatriz esperava pacientemente ao lado de Caíque. Haviam dezenas de sinais combinados, um deles era deixar o celular cair para poder mandar uma mensagem para os dois disfarçadamente. Larissa jogou o celular no asfalto da rua enquanto o taxista esperava por seu pagamento. Beatriz colocou a mão no bolso traseiro de sua calça, procurando por seu aparelho e não o sentiu. Suspirou e murmurou um palavrão em um volume baixo.
- Está tudo bem? - Caíque perguntou a assustando.
- Claro. - sorriu falsa.
"Locadora, 124, Caíque"
Larissa enviou a mensagem em um grupo de aplicativo de mensagens e o devolveu ao bolso. Abriu sua carteira e tirou o dinheiro entregando ao taxista. Quando o táxi seguiu seu caminho, Larissa olhou para Beatriz que cruzou os braços.
Esse era o sinal que dizia que algo estava errado.
Larissa disfarçou e entrou na locadora sendo seguida pelos dois, já encontrando mais um integrante do plano atrás do balcão; Eduardo. O garoto moreno com um jeito aparentemente tímido, na verdade, é o maior hacker de toda a França. Além disso, ele pode roubar um objeto de sua mão sem que você nem mesmo perceba.
- Bom dia, nós fizemos uma reserva pela internet. O carro é o 124, está em nome de Larissa Alonso. - ela sorria e olhava nos olhos do comparça.
- Sim, claro. Yasmin, confirme a entrega do carro com a moça. - Edu se afastou do balcão.
E lá veio, a garota de olhos claros e cabelos escuros. Em seu uniforme preto com detalhes brancos, um pequeno sorriso. Ao primeiro olhar, ela é apenas uma atendente. Mal sabe que ela é uma lutadora profissional de Karatê. Mais uma para a lista de capangas de Arthur.
Yasmin entregou os documentos e Larissa os assinou, antes de se afastar, Larissa lhe olhou e ela dirigiu o olhar à Caíque. Logo entendeu que era dele que se tratava.
Caíque continuava concentrado em suas músicas, o reggae o acalmava e ele gostava disso. Percebeu uma troca de olhares entre as pessoas à sua volta, mas achou comum. Afinal, as pessoas se olham. De repente sua música parou. Caíque tirou o celular do bolso para verificar se sua bateria havia descarregado, mas a tela de seu aparelho estava completamente vermelha. Larissa olhou para Caíque que batia o telefone contra a mão, na esperança que aquilo parasse. Educadamente, ela agradeceu e logo Edu estava na porta da locadora com o carro. Eles caminharam até o mesmo e Beatriz guiou Caíque até o banco traseiro. Caíque tirou os fones e olhou confuso para Edu, que estava devidamente protegido com o cinto de segurança, as mãos no volante e o encarando pelo retrovisor.
- Contratou um motorista? - franziu o cenho e perguntou à Larissa.
- Melhor ficar quieto. - Beatriz avisou e pegou a pequena pistola embaixo do banco do motorista.
Caíque automaticamente arregalou os olhos e tentou abrir uma das portas mas estava trancada, o medo percorria seu corpo. Beatriz encostou a arma em sua nuca e o puxou para trás. Caíque começou a gritar e Eduardo olhou para Larissa já furioso.
- Eu disse que deveríamos ter vindo com o Nathan! Esse aqui é muito atentadinho! - tampou a boca de Caíque mas ele a mordeu.
- SOCORRO! - ele gritou.
- Ninguém vai te ouvir, babaca! O carro é blindado e à prova de som, cala a merda da boca ou a gente te apaga! - Larissa o olhou e ele riu debochado.
- Não tenho medo de vocês. - ele a encarou.
- Eu teria se fosse você. - sorriu falsa e mandou um beijo no ar.
- Eu vou denunciar vocês, vou acabar com vocês! - Caique ameaçou.
- Apaga ele de uma vez, Beatriz! - Eduardo revirou os olhos.
. . .
Eduardo vasculhava todos os arquivos do celular de Caíque, ele sabia que estava em algum lugar ali. Ele tinha certeza. Larissa andava de um lado para o outro pensando no quão burra Beatriz foi em esquecer o celular. Não só pela mensagem, mas também pelas informações que ele guardava. À aquela altura, os meninos já deveriam estar a procura de Caíque. E se eles houvessem pegado o celular e descoberto o paradeiro de Nathália, estariam presos ou resgataram a menina. Tudo era ruim, e ela sabia que levaria umas boas bofetadas quando Arthur descobrisse. Ela comandava essa parte do plano, e foi deixado bem claro que falhas não seriam perdoadas.
- Achou? - Larissa perguntou a Eduardo que suspirou.
- Que merda, é a milésima vez que você me pergunta isso! Se eu tivesse achado essa porra, já estaria dando uma festa para comemorar! - ergueu o dedo médio e Larissa fez o mesmo.
- Temos que ver como o Caíque está. - suspirou e se sentou no sofá olhando a pulseira que havia ganhado de Caíque.
Ela gostava daquela pulseira, sempre que a olhava, lembrava do sorriso lindo que Caíque a lançou enquanto a colocava em seu braço. Caíque havia mexido com ela, e por isso, à alguns dias quase teve a costela quebrada. Ela pensou em desistir de tudo e ficar com Caíque, mas não é mais ela quem faz as escolhas, desde que pisou naquele galpão.
- Você gosta dele. - Beatriz riu sem graça. - E vai pagar caro por isso. Muito caro.
- Não diga uma coisa dessas, Beatriz. Você sabe bem que o Fagundes nos proibiu de ter qualquer relação com eles! - disse firme.
- Exceto a Nathália! - revirou os olhos. - Porque ela é sempre a queridinha?
- Porque o Paulo se apaixonou por ela! Você estuda na mesma faculdade que a irmã do Nathan e não conseguiu merda nenhuma!
- E você trabalha na Sweet Biles e tudo o que conseguiu foi levar a Nathália para lá. - revirou os olhos.
- A culpa não foi minha! O Fagundes mandou ela para lá, eu só fiz a minha parte. Se eu me apaixonei ou não, não importa! - suspirou com lágrimas nos olhos.
- Está apaixonada pelo moleque? - Fagundes entrou na sala segurando seu óculos escuro na mão.
Fagundes é o típico homem com aparência de pai de família. E ele é. Pai de Arthur e padrinho das meninas. Mas acima de tudo, o chefe de tudo aquilo. Larissa estava sem palavras, se dissesse a verdade poderia morrer. Se mentisse e ele descobrisse, apanharia até a morte.
- N-não dindo, estávamos falando da Nathália. - ele arqueou uma sobrancelha.
- Hum. Espero que não tenham sido burras como a irmã de vocês, sabem que eu não dou a mínima para vocês duas. - se abaixou entre as duas e dívida os olhares entre elas. - Vocês duas, minhas afilhadinhas - segurou o rosto de cada uma, o apertando com força- , são só duas putinhas gostosas que eu uso para atrair esses otários. São o mesmo que prostitutas, eu não faço questão nenhuma de ter vocês na equipe. - as soltou. - Mas não ousem me desafiar ou descumprir minhas ordens, sabem bem do que eu sou capaz.
Fagundes se levantou e elas se entreolharam. Beatriz nunca sentiu tanto nojo de alguém em sua vida, ela passava a mão pelo rosto e tentava se livrar dos pensamentos que ainda à assombravam. De sua infância impura e das humilhações. Nathália nunca foi submetida à nada disso, diferente de Beatriz. Larissa sempre foi treinada e cobaia nas armações do padrinho. Já Nathália, era a princesinha. A única que ganhava presentes caros e carinho. Larissa nunca se importou, sabia porque estava ali e o que queria fazer. Ela sempre gostou do perigo. Já Beatriz, entrou nesse caminho obrigada.
- Beatriz? - Fagundes chamou e ela o olhou. - Ainda sabe brincar de "mamãe e papai"?
Rapidamente um embrulho se formou em seu estômago, ela olhou para Larissa que a olhou encorajando. Ela sabia o que iria ter de aturar a partir de então, era isso o que ele dizia quando a estrupava. Beatriz se levantou e caminhou até o corredor, o velho a seguiu sem desviar o olhar de sua bunda. Larissa balançou a cabeça e olhou para Edu que deu de ombros e continuou a procurar pelo celular de Caíque.
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Te Vi Passar (VERSÃO FANFIC)
FanfictionPaulo não imaginava que toda sua vida mudaria quando uma garota aparentemente comum passou em frente ao café onde ele estava com seus melhores amigos. Uma garota cheia de mistérios e segredos, cujo ele fazia questão de desvendar, sem nem mesmo saber...