[N/A: Vale lembrar que eu tive de acrescentar uma tatuagem no Harry por ~motivos~ e que essa fanfic é uma adaptação de outra de minha autoria, que postei em outro fandom. Espero que gostem :D]
Meus pais eram exatamente o que se podia esperar de um casal de classe média. Minha mãe era professora de francês num colégio de adolescentes muito ricos e meu pai era contador. Mamãe nunca havia se recuperado da gestação da minha irmã mais nova e ainda vivia em guerra com algumas estrias e gordurinhas que nunca haviam desaparecido da barriga que ela prendia usando cintas apertadas.
Meu pai era o oposto. Era um homem de seus quarenta anos que ainda mantinha um rosto muito bonito, sempre atraindo olhares de outras mulheres, o que deixava minha mãe maluca de ciúmes. Ela tinha um medo constante de perdê-lo, já que seu corpo não era o mesmo de quando haviam se casado, mas a verdade era que meu pai provavelmente a amava mais do que minha mãe o amava.
Minha irmã, Charlotte, era um ano e meio nova do que eu, estava terminando o ensino fundamental e já dava dor de cabeça aos dois. Se eu havia demorado para dar meu primeiro beijo, ela apresentou o primeiro namorado aos onze anos e agora, com quinze anos recém completados, já escondia pacotes de preservativos na gaveta de calcinhas, desfilando pelo colégio (que era o mesmo que o meu) com aquela aparência de anjo que havia caído do céu. Nós nos dávamos bem, mas ela vivia dizendo que eu pensava demais antes de fazer as coisas.
Eu rebatia falando que era melhor do que matar o papai e a mamãe de infarto antes dos cinquenta.
Claro que as coisas mudaram um pouco quando eu mostrei para ela a tatuagem e disse que havia beijado o tatuador. Desde então ela vivia trocando sorrisos cheios de segredo por trás dos olhos dos meus pais. Era como se, assim que eu me mostrei menos certinho do que sempre fui, ela automaticamente tivesse passado a se identificar mais comigo.
- Vai encontrar seu cara errado hoje, Lou? - Lottie indagou logo depois de nossos pais saírem para trabalhar. Nós íamos andando para o colégio, que era bem pertinho, então podíamos enrolar dentro de casa por meia hora depois de nossos genitores saírem, antes de ficarmos perigosamente atrasados para a aula.
- Não sei... Ele ainda não me mandou nenhuma mensagem, nem eu, então acho que não. - Respondi, tomando um gole do café que iria me servir de desjejum, já que eu me recusava a colocar alguma coisa substancial na boca pela manhã desde que havia começado a passar mal, duas semanas atrás.
- E por que você não mandou nada, exatamente? Desde ontem você não para de olhar pro celular. - Apontou, engolindo a segunda fatia de pão. Charlotte parecia um dragãozinho comendo. Eu nunca tinha visto alguém com um metabolismo mais rápido do que o dela e isso meio que me irritava, porque apesar de eu controlar bem meu peso, era só eu sair um pouco da linha que minha barriga já começava a virar um problema. - Sei lá, Lou, mas se ele te come, meio que você tem o direito de incomodar o cara com mensagens, certo? Não é isso que está escrito na bíblia: 'Irritarás a vida alheia assim como o outro irrita seu buraquinho nas transas de domingo?"
Por algum motivo idiota que eu nunca vou entender, entrei numa crise de risos absurda com aquela frase, sendo obrigado a abraçar minha própria barriga, que começou doer por causa dos risos quase histéricos em que eu havia me metido, tentando me controlar como podia.
- Ok, vou mandar uma mensagem pra ele. - Concordei, tirando o celular do bolso e destravando a tela do bloqueio. Demorei um pouco para saber exatamente o que iria lhe dizer, mesmo porque ainda sentia como se realmente estivesse sendo desagradável de alguma forma, contudo era bem verdade que esse era o dilema adolescente, certo? Nunca ter certeza de nada.
"Posso te ver hoje?"
E larguei o celular, porque sabia que Harry não tinha pressa nenhuma em responder o que quer que fosse, que dirá minha crise de carência, que pouco lhe importava.
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Antagonismo {l.s}
FanfictionHarry era preto no branco, era um pilar inabalável no meio do caos; era tintas, tatuagens e uma marca à ferro em minha pele. Ele era neve e o significado literal do bater das asas de uma borboleta numa teoria clichê. Ele era tudo, na parte mais ins...