Volto

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[N/A: Gente, queria agradecer a todos e a cada um de vocês pelo carinho que estou recebendo com essa fanfic e com as outras que estou postando ao mesmo tempo.
Meu estilo é um pouco diferente da maior parte das fanfics que eu vejo por aqui e isso provavelmente tem a ver com eu só ler fanfics gringas (estou tentando melhorar e ler algumas em pt), mas eu achei que por isso ninguém iria ler. Fico imensamente feliz de estar errada.
Boa leitura!]

Harry tinha um piano de parede em seu apartamento, daqueles que são menores e que normalmente muito mais baratos. O som não era tão bonito quanto o de um de cauda, mas mesmo com todo o dinheiro que o tatuador aparentava ter, seu apartamento não comportaria um desses, nem que ele quisesse; afinal mesmo sendo um lugar grande, feito para abrigar facilmente uma família de cinco pessoas - com três quartos e uma suíte - você precisava de mais do que isso pra se dar ao luxo de ter um piano de cauda na sala de estar. 

Mas para mim, era o suficiente.

Eu tocava desde os sete anos, mesmo que nunca tivesse me empenhado para me transformar em alguma espécie de profissional... Era muito tímido, daqueles que não precisavam de mais do que uma plateia com cem pessoas para querer sair correndo e enterrar minha cabeça no chão, então era melhor assim.

Ainda assim, eu tocava.

E cantava... Só que menos pessoas ainda já haviam me ouvido cantar. Minha irmã – particularmente – adorava ouvir minhas versões das músicas que gostava e para ela eu abria algumas exceções, sempre treinando alguma melodia que ela me pedia para reproduzir. Às vezes eu usava o piano para acompanhar, às vezes Niall tocava violão comigo, para que eu me sentisse menos foco das atenções, mas a verdade era que enquanto a maior parte das pessoas tinha talento para química, física, ou queriam ser médicos como seus pais, eu sempre funcionei com a música.

O que parecia uma grande piada, quando minha timidez sempre havia me impedido de tentar ser profissional no que quer que fosse.

Apesar de eu me considerar muito bom no piano e no canto, também sabia tocar violino e violão – o que quase por consequência me fazia ter noção de guitarra -, ou seja, eu era alguma coisa com instrumentos de corda. Alguma coisa que eu mantinha dentro de mim, obviamente.

Contudo, tocar me acalmava e ultimamente eu estava precisando excessivamente de calma.

Meus dedos passeavam pelas teclas, apertando-as conforme minha memória me ajudava, já que não havia nenhuma partitura em cima do piano e eu não queria vasculhar a casa de Harry novamente para procurar. Cantava baixo, aquela música que habitualmente era um dueto da Avril Lavigne com Chad Kroeger, quando os dois ainda eram casados. Não gostava muito da loira, mas tinha uma paixão incontrolável por essa música. Talvez por ela expressar uma parte do que eu sentia naquele momento.

- Esse piano era da minha mãe. Não ouvia ninguém tocando há anos. - Claro que quase prendi meus dedos na minha pressa em abaixar o protetor de teclas, desesperado de susto.

- Desculpa, não deveria ter mexido. - Falei, sem nem conseguir encarar o tatuador, que me encarava com seus olhos de caos, absurdamente verdes. Ele estava com uma regata cujas mangas exibiam suas costelas e uma calça jeans clara, toda rasgada. Provavelmente havia acabado de voltar do estúdio. Deveria ser bom poder trabalhar com as roupas que se usava habitualmente.

- Não disse que você não podia tocar, pode parar de ser neurótico. - Falou, me dando um peteleco na testa enquanto arrancava os sapatos com os pés, largando-os no meio da sala para ir até a varanda descalço, buscando por um cigarro. Ele não fumava mais perto de mim, nem dentro do apartamento. - Você é bom nisso. - Fez um sinal com o rosto de traços fortes indicando o piano, o que me deixou um pouco mais calmo.

Antagonismo {l.s}Onde histórias criam vida. Descubra agora