Ultimamente eu andava com medo...
Não era algo que eu conseguia controlar, nem mesmo que eu conseguia compreender, mas o medo me corroía como ácido, de dentro para fora, fazendo com que eu passasse noites acordado ao lado de Harry encarando algum ponto fixo na parede como se a resposta para minhas dúvidas fosse magicamente saltar de dentro dela em algum momento.
As provas finais já estavam acontecendo para mim, pelo menos me dando a chance de finalizar o ensino médio antes de ir para a sala de parto, na qual minha vida mudaria para sempre. Quando eu saísse dela, em três semanas, teria um filho nos braços – menino ou menina – e teria de mudar absolutamente tudo em minha rotina e em meus planos de vida para que ele pudesse se encaixar.
Apesar das maravilhas que todo mundo tinha mania de falar sobre as bênçãos de ter um filho, você só precisa de um pouco de inteligência para entender que o mundo não é bem assim... Que não ter uma bendita noite de sono ininterrupta por meses não seria fácil, ou que viver e respirar os cuidados e o bem estar de um ser totalmente dependente de você provavelmente acabaria com toda a minha força de vontade e minha paciência... Que não poder transar com Harry na sala ou me dar o direito de sair para ver Niall sem hora para voltar não acabariam me fazendo chorar de frustração.
A maternidade já era difícil para quem tinha a vida feita, um casamento estável, condições psicológicas e financeiras para criar uma criança, então que dirá para mim, que não passava de um adolescente assustado que nunca havia feito mais do que segurar alguns bebês enquanto os pais dele iam ao banheiro, ou algo assim.
Por isso quando voltei para casa depois de minha última prova final, me peguei encolhido contra o sofá da sala, chorando como um idiota na solidão do apartamento enquanto desejava desesperadamente voltar sete meses e meio atrás e ter tomado mais cuidado, porque não importa o que todas essas mães felizes te falem por aí: em algum momento você se arrepende. Em algum momento você tem medo de parir, ou de ser um pai de merda que vai acabar criando um marginal... Em algum momento você fraqueja.
Então foi um verdadeiro inferno ter que engolir minhas lágrimas e limpar meu rosto às pressas quando ouvi a campainha sendo tocada por alguém. Deveria ser a vizinha pedindo para que eu desse uma olhada no cachorrinho dela novamente; era um filhotinho de spitz alemão, que ainda era muito novinho para ficar sozinho e que tinha um efeito quase mágico em me fazer ficar mais calmo enquanto cuidava dele, então ao menos isso poderia me ajudar a encarar aquelas horas até que Harry chegasse em casa para me distrair com qualquer coisa – até mesmo o som de sua respiração.
Mas quando abri a porta o que encontrei não foi o filhotinho de cachorro...
Foi minha mãe segurando uma bolsa de bebê em uma das mãos e uma boneca que imitava um recém nascido na outra.
Seria uma mentira deslavada dizer que não passei uns bons vinte segundos totalmente estagnado na porta de entrada, com a maçaneta em uma das mãos e um rio de lágrimas represadas na garganta, que meu orgulho impedia de soltar.
Eu falava com ela todo santo dia, entretanto não a via desde que havia saído de casa.
Não sentia seu cheiro, nem via aquelas ruguinhas na lateral de seus olhos – a única coisa que delatava sua idade – quando ela sorria. Johannah Poulston sempre havia sido meu porto seguro... Aquele tipo de coisa que apenas mães conseguem ser, sabe? E que agora estava parada na porta da minha casa, bem quando eu estava prestes a ter um ataque de nervos.
- Estava chorando? Harry fez alguma coisa? - Minha mãe questionou com aquele tom preocupado que havia me acompanhado por toda uma vida enquanto adiantava-se para dentro sem nenhum convite, abraçando-me – desajeitadamente por causa das coisas que tinha em mãos - como se não tivéssemos passado tanto tempo longe um do outro... Como se eu ainda fosse o menino dela, que havia apenas saído para ir até a casa de Niall. Eu a amei tanto naquele momento que chegou a doer.
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Antagonismo {l.s}
FanfictionHarry era preto no branco, era um pilar inabalável no meio do caos; era tintas, tatuagens e uma marca à ferro em minha pele. Ele era neve e o significado literal do bater das asas de uma borboleta numa teoria clichê. Ele era tudo, na parte mais ins...