It Is What It Is

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Eu conheci Louis Tomlinson bem antes de ele me conhecer.

Não era algo que eu pretendia contar para aquele moleque, mesmo porque não existe nenhum bom motivo para isso, mas eu já o conhecia há pouco mais de um ano quando vi o garoto entrar pela minha porta como um idiota, achando que aquele pouco dinheiro realmente pagaria uma tatuagem comigo.

Pagou, mas não porque valia o preço.

Meu estúdio de tatuagem ficava no caminho que ele percorria da casa dele até o colégio no qual costumava estudar. Apesar de Louis achar que os pais dele têm uma conta bancária bem menor do que a minha, aquilo não era bem verdade... Eles não moravam em um bairro nobre, mas estudavam em um. A mensalidade daquela escolinha de gente rica estava muito longe de ser "mundana" e apesar de o Sr. e a Sra. Tomlinson não darem tudo que os filhos pediam – provavelmente por uma questão de princípios -, eles tinham um estilo de vida que não se encaixava no da população geral.

E poderia ser uma ironia do destino, mas eu era uma pessoa muito pragmática que chegava todo dia no mesmo horário, porque acordava todos os dias no mesmo horário e tinha mil pequenos rituais pela manhã até que eu estivesse no trabalho, sabendo que meus horários depois que eu chegasse lá seriam uma zona incontrolável porque dependiam das tatuagens e dos clientes, mas o fato era que... Eu sempre estava abrindo o estúdio ao mesmo tempo que Louis estava passando com a irmã para ir até o colégio.

Não costumavam ter muitas pessoas naquela rua pela manhã, mas mesmo assim a desatenção daquele garoto foi o suficiente para que ele esbarrasse em mim, no primeiro dia que eu o vi.

Ele nem prestou atenção, pediu desculpas correndo e teve que aguentar a irmã rindo sem parar dele enquanto continuavam o próprio caminho, mas eu reparei nele. Reparei no rosto bonito, no corpo adolescente todo esguio mesmo que tivesse coxas fartas e uma bela bunda, no sorriso de dentes brancos e nos olhos azuis muito brilhantes.

Reparei nele indo embora naquele dia e me peguei percebendo, com o passar do tempo, que ele sempre voltava.

Então fui percebendo como ele pegava na mão da irmã para atravessar a rua, em como ele sempre passava a mão nos cabelos quando estava nervoso pelo horário atrasado, ou em como ele corria engraçado quando tinha esquecido alguma coisa em casa e tinha de voltar para pegar.

Me acostumei a esperar por ele perto na janela no horário em que Louis supostamente voltava do colégio e ver como ele ficava com o cabelo bagunçado quando tinha educação física e provavelmente era obrigado a tomar banho no vestiário, porque ele sempre esquecia de trocar os sapatos e no dia seguinte tinha que carregar os tênis na mão de volta para a escola.

Também conheci Nihal (ou Niall, ou o que seja), que vez ou outra o acompanhava de volta para casa. Charlotte ficava soltando corações em cima do cara e ele sempre pareceu mais interessado no joguinho do celular do que nas possíveis investidas da menina.

Também foi nessa época que descobri que Louis cantava, porque em uma das raras vezes em que ele voltou apenas com o amigo loiro, veio cantando uma música qualquer que conseguiu soar dez vezes mais bonita no timbre dele do que no do cara mainstream que cantava nas rádios.

É, não que eu faça o tipo de cara que fica alimentando sentimentos idiotas por garotos aleatórios na rua, mas acho que interpretei esse papel por quase um ano, me divertindo em observar como ele era igual e ao mesmo tempo diferente todas as vezes que o via passar em frente do estúdio de tatuagem.

Eu não era nenhum tipo de stalker louco e nunca o segui por aí ou deixei meus momentos de observação extravasarem qualquer coisa que fosse além da vitrine do estúdio e definitivamente não era um tópico que eu levantava quando estava me empanturrando de cerveja e salgadinho com Zayn no quarto de jogos lá em casa, mas era algo que eu comentava com a minha mãe quando ia vê-la.

Antagonismo {l.s}Onde histórias criam vida. Descubra agora