IV

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Há quatro meses eu não sabia, mas eu estava apaixonado pelo Allan. Ao longo desses quatro meses eu fui descobrindo o que era apaixonar-se. Nunca tinha me apaixonado antes, então quando vi os sentimentos surgindo foi um pouco difícil de aceitar, mas vi que lutar contra ele é impossível. Depois de quatro longos meses, tive a coragem de deixar minha paixão pelo Allan ser aproveitada da melhor forma possível. Quando comecei a sentir algo pelo Allan, achei que era puro desejo pelo físico dele, porque é impossível não sentir uma ereção involuntária vendo aquela bunda. Mas descobri que era algo a mais. Pensei que poderia ser o mesmo carinho que sentia pelo Noah, mas também não era.Eu amo o Noah, mas não sinto nenhum desejo sexual por ele. Já pelo Allan, só de ouvir a voz grave dele meu amiguinho fica todo animadinho.

Eu e o Noah temos uma longa historia juntos. Conhecemo-nos desde criança. Toda sexta à noite saímos para jogar baquete. O Noah tem uma mania de bater na minha bunda, mas depois de doze anos eu nem ligo mais. Na época que contei para meus pais e todos - incluindo ele - sobre minha orientação sexual, eu tinha vinte e dois anos. Quando eu contei ao Noah, ele ficou puto e quase me bateu por eu não ter contado a ele antes. Depois que ele teve o ataque de fúria por eu não confiar nele o bastante, disse que a gente tinha que marcar para ir a uma boate gay, para eu tirar meu "atraso" e que era pra eu parar de esconder as coisas dele, porque nós éramos irmãos, daí eu chorei. Ele chorou. Abraçamo-nos e ele começou com a seção perguntas "Por que você pega mulher, se você não gosta?", "Quando você vai arrumar um namorado?", "Quantos caras você já pegou?", "Você é passivo ou ativo?" etc.

Em uma festa, quando nós estávamos bêbados eu quase beijei ele, e ficou aquele clima tenso entre a gente, passamos duas semanas sem nos falar. Meus irmãos e nossos amigos marcaram uma festa para a gente poder conversar e acabamos nos acertando. No final da festa fomos conversar sobre o quase beijo e fui tentar me desculpar com o Noah. Ele me beijou e me perguntou - Tá sentindo alguma coisa? - respondi que parecia que tinha beijado meu irmão e de lá para cá, eu e o Noah ficamos mais unidos que nunca. Participamos até de um ménage juntos, mas sem nenhum contato físico nosso! Não que antes eu e ele fossemos distantes, mas parece que contar a ele sobre minha orientação nos aproximou ainda mais. Mas apesar de todas minhas experiências com o Noah, nunca senti nada além de amor fraternal por ele. E mesmo que eu sentisse além do Noah ser hetero, eu não chego nem perto da Martha, que é a noiva do Noah.

Quando meus sentimentos pelo Allan começaram a se intensificar eu achei que poderia ser vontade de comer o Allan, mas eu não o via como eu via os outros caras que já havia fodido. Pelo Allan havia algo a mais que eu não identificava. Um dos pontos que me fez descobrir isso foi às vezes que eu ficava observando-o trabalhar da minha sala e os sonhos que eu tinha, onde eu fazia bondage com ele e ele fazia o mesmo comigo.

Mas mesmo sem saber o que eram meus sentimentos, me aproximei dele e sempre que surgia a oportunidade jogávamos Word of Warcraft, Diablo III, Halo, Battlefield ou qualquer game que me permitisse ouvir a voz dele. Sempre havia momentos em que parecíamos saber os pensamentos um do outro. Resumindo tudo, eu estou apaixonado pelo Allan...E Allan, Noah e eu nos tornamos bons amigos.

Eu mais que o Noah!

Nós vamos quase todo final de semana, ou para o apartamento do Noah ou para o do Allan. No meu apê nos nunca fomos, porque ele é meu santuário e eu tenho um carinho especial por ele. Nunca levei ninguém além do Noah e dos meus pais, irmãos e sobrinhos lá.

Meu amado e querido apê fica na esquina da SW Columbia ST com à SW 3rd Avenue. O prédio inteiro é meu. Comprei depois que a vizinha do andar de baixo, que era religiosa, tocou minha campainha e disse que eu iria para o inferno por ser gay. Não tenho nada contra quem é religioso, mas gosto que me respeitem e tem alguns que só usam o nome de algum Deus para justificar seu ódio gratuito! Quase disse a ela que eu já fui ao inferno, e na minha ultima visita não tinha visto nenhum viado por lá, mas me contive a ligar para o dono do prédio e comprá-lo. No dia seguinte bati na porta do apartamento dela e quando ela abriu a porta, mostrei meu melhor sorriso e com a maior satisfação do mundo disse a ela - Então dona Bia... Eu vou para o inferno, mas você vai precisar procurar um apartamento novo, em um novo prédio para morar, porque esse é meu e eu não quero a senhora nele. Tenha uma boa tarde! - não deixei ela responder, apenas me virei entrei no elevador e voltei para minha toca, me sentindo o cara.

Venatores - Ignis(Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora