Série Crossfire - Enfim Nós

CAPÍTULO 9

CAPÍTULO 9

Eva. Como odeio essa mulher! Ela acabou com todos os meus planos. Graças a ela não sou eu a Senhora Cross. Maldita seja! Não sei o que os homens vêem nela, não sei o que Gideon vê nela. É até bonitinha, mas não chega aos meus pés. E não é morena! O que essa desgraçada tem que eu não tenho?! Conheço Gideon há anos e sei como agradá-lo. Sei ser quem ele quer. Sou o que ele precisa. E preciso fazer com que perceba isso tudo. Queria ser uma mosquinha para saber como foi a recepção de Gideon para com o exemplar do meu livro que mandei entregar no Crossfire. Gostaria de tê-lo entregue pessoalmente, mas não achei bom. Será que ele mostrou para aquela sem sal da esposa dele? Ou escondeu em algum lugar que ela não possa encontrar? Enfim... Ainda vou descobrir. Meu celular toca.

"Senhora Corinne Giroux?!", uma voz grave diz meu nome.

"Sim, sou eu. Quem fala?", confesso que fico curiosa. Não conheço o número que ligou.

"Bom dia. Meu nome é Brian, Brian Johnson. Fui indicado pela editora que está lançando seu livro para organizar a festa e o coquetel.", o homem explica.

"Ah, sim. Bom dia, Brian. Estava esperando sua ligação."

"Gostaria de marcar uma reunião com a senhora para resolvermos alguns pontos. Seria possível?"

"Sim, claro. Quando quiser.", respondo animadamente porque mal posso esperar por esse lançamento.

"Podemos almoçar hoje. E já vamos conversando sobre suas ideias para que eu possa fazer o possível para colocar tudo em prática."

"Ótimo!", eu exclamo. "Tem um restaurante maravilhoso de culinária francesa perto do shopping, no Centro. E é neste shopping que fica o espaço cultural que pretendo lançar meu livro. Poderíamos nos encontrar lá. Vai unir o útil ao agradável.", dou essa ideia e espero verdadeiramente que ele goste da sugestão.

"Acho sua ideia maravilhosa!", sinto que o rapaz fica animado. "Podemos nos encontrar ao meio dia?"

"Perfeito!", sorrio.

"Então nos vemos em algumas horas, Senhora Giroux. Até mais."

"Até mais, Senhor Johnson."

Desligo a chamada e corro para meu closet para escolher minha roupa para a primeira reunião sobre meu coquetel. Só isso para me animar... Tenho certeza que vai sei um golpe extremamente forte no casamento de Gideon. Aquela mulherzinha dele não vai suportar e vai deixá-lo. É muito fácil provocá-la! Aquela não sabe ser uma dama da sociedade. Vou acabar com ela!

Escolho um vestido verde esmeralda que ressalta ainda mais meus olhos claros. Deixo meus longos cabelos soltos caindo sobre os ombros em largas ondas. Completo o visual com uma sandália de salto alto, sobretudo marrom, já que está um clima frio, e maquiagem leve, marcando somente os lábios.

Estaciono meu carro na entrada do restaurante e um dos funcionários se apressa em vir até mim e me ajudar a descer. Caminho até a hostess, que logo me indica que já sou esperada numa das mesas. Vou me aproximando e percebo quão bem apessoado é o tal Brian. É alto, braços forte, ombros largos, um belo sorriso super branco, cabelos negros e lisos. Seus olhos são claros. Está vestido num belíssimo terno. Ou ele ganha muito bem em seu emprego ou não precisa trabalhar para pagar por suas roupas. Conheço um terno da alta costura quando vejo um. Por um momento me deixo fascinar pelo belo exemplar masculino em minha frente. Mas logo entendo que ele me chama atenção justamente por me lembrar Gideon.

"Boa tarde, Senhora Giroux. É um prazer poder trabalhar com a senhora", ele sorri e me estende a mão direita em cumprimento.

"Creio que seja recíproco. Será muito bom trabalhar com o senhor.", devolvo a gentileza.

Ele vem até mim e da questão de afastar a cadeira para que eu me sente. Sinto seu perfume. É caro. A fragrância não me é estranha. Mas agora não me recordo de onde conheço.

Tudo transcorre bem no almoço. Vejo que o Senhor Johnson não tem só um rosto bonito, ele tem muita competência. Falamos sobre vários detalhes referentes ao coquetel. Creio que juntos poderemos fazer um evento magnífico!

Após o almoço nos dirigimos ao shopping, para que possamos visitar o espaço da festa. É um local amplo, e será fácil decorar.

"Senhora, Giroux, temos aqui um espaço grande. São muitas as pessoas convidadas?"

"Ai, por favor, não me chame de senhora mais. Somos parceiros de trabalho agora. E me sinto velha sendo chamada assim. Pode me chamar de Corinne, apenas.", sorrio.

"Tudo bem, Corinne. Mas só se me chamar de Brian...", ele sorri de volta, amigável.

"Combinado, Brian! E sim, a lista de convidados é longa. E ainda conto com a presença de uma pessoa que está em meu livro.", desvio meu olhar do dele para que não note o grau do meu envolvimento emocional.

"Eu acho que já sei de quem se trata...", ele diz em um tom que não consigo decifrar.

"Sabe?!", eu me volto para ele surpresa.

"Sim... Certa vez ouvi um dos editores falar em Gideon Cross. Um dos magnatas de Manhattan. Não é dele que a senhora, quer dizer, você fala?"

"É dele sim. Aguardo sua presença. E Gideon Cross sempre atrai as pessoas. Então, serão várias e da alta sociedade."

"Entendo."

Silêncio paira no ar, me incomodando visivelmente. Falar de Gideon com outras pessoas não me deixa numa posição favorável. Não posso transparecer minha ira contra Eva, aquela mulherzinha sem sal. Resolvo pôr um falso sorriso no rosto e voltar a falar sobre o espaço.

Terminada a visita, Brian se oferece para me acompanhar de volta ao restaurante, onde ficaram nossos carros. Mas preciso ficar só. Quero evitar mais perguntas sobre Gideon hoje. Dou a desculpa de que irei fazer umas compras. Ele aceita e se despede. Combinamos de nos comunicarmos durante a semana.

Caminho pelo shopping olhando as vitrines quando me deparo com uma figura conhecida numa cafeteria.

"Olá, Eva! Como vai?", digo com uma falsa alegria.

"Corinne.", ela me encara.

"Estava passando e não acreditei quando te vi aqui. Gideon está com você?", eu falo enquanto me alegro com a possibilidade de Gideon estar com ela ali.

"Meu marido não está comigo."

"Ah, que pena... Gostaria de perguntar se ele recebeu minha encomenda.", aproveito para alfinetar e semear uma pequena discórdia.

"Olha, Corinne, pelo que eu saiba ele não ficou nem um pouco satisfeito com a sua encomenda. Ao contrário, ele jogou no lixo logo após me mostrar,"

Como? Ele jogou fora? O quê?! Por quê?!

"Se você pensa que vai se meter na nossa vida e semear a discórdia está muito enganada. Nosso relacionamento é de verdade e nosso casamento é sólido. Não adianta tentar essas mesquinharias porque você não vai chegar a lugar algum. Invista seu tempo em algo que realmente valha à pena. E nos deixe em paz. Agora, com licença, tenho que ir encontrar meu marido. Tenha um bom dia.", ela fala isso tudo e ainda não consigo assimilar. Ele jogou meu livro fora? Era primeira edição! Mandei com tanto amor... Afinal, só foi possível essa história ser publicada graças a ele.

Vejo Eva pegando sua bolsa e indo em direção à saída. Não tenho reação alguma. Mas ao perceber um sorriso ridículo em seus lábios sinto o ódio crescer dentro de mim. Só posso me controlar. Aqui não é local nem momento para um escândalo. Não ainda.

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