CAPÍTULO 19

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CAPÍTULO 19

Saio do consultório com o ultrassom do meus bebês. Meus bebês. Dois! Meu Deus! Olho ao meu redor e vejo Cary vindo ao meu encontro. Tenho certeza de que estou com um sorriso bobo nos lábios. Eu me jogo nos braços do meu amigo e começo a chorar copiosamente. As minhas emoções estão à flor da pele. Não dá para evitar.

"Eva, o que foi? Por que está chorando? Correu tudo bem lá dentro?", Cary me pergunta todo preocupado.

Não consigo responder de primeira. Então me afasto, respiro e tento me controlar. Finalmente olho para Cary.

"Tudo.", faço uma pausa para respirar fundo novamente. "Tudo correu bem. Muito bem, diga-se de passagem.", sorrio.

"Então pode parar de chorar e começar a me contar..."

"Vamos conversando no caminho? Não podemos mais perder tempo. Já demorei mais que o necessário.", caminho para o elevador puxando-o pela mão.

"Calma, gata! Parece que vai tirar alguém da forca. Ande devagar. Meu sobrinho, ou sobrinha, não vai gostar dessa correria toda."

Entramos no elevador. Estamos à sós na descida.

"Dois.", eu digo.

"Dois? Dois o quê? Nós dois?"

"Dois, Cary... Aqui...", sorrio enquanto levo as mãos ao meu ventre.

"Espera...", ele arregala os olhos e abre a boca num sinal nítido de surpresa. "Você está me falando que está com dois bebês aí dentro?!"

"Sim...", continuo com um sorriso no rosto, só que mais largo agora.

Cary parece estar sem fôlego, pois encosta em uma das paredes do elevador.

"Eva!", ele me abraça. "Meus parabéns, novamente. E em dobro!", ficamos abraçados até que a porta de abre. Saímos nós dois, sorrindo e com lágrimas de alegria nos olhos.

Fazemos o caminho de volta ao shopping calados. Mas minha emoção está transbordando por todos os poros do meu corpo. Entramos pela entrada lateral e rumamos para o salão de beleza. Ainda bem que a dona me conhece. Tratou de logo trazer Mário até mim e em questão de poucos minutos já estava com o cabelo lavado e com uma das manicures sentada ao meu lado arrumando minhas unhas.

"Ai, não...", bufo ao olhar meu celular.

"O que houve? Problemas?", Cary pergunta.

"Meu pai me encheu de mensagens... Meu celular estava no silencioso e nem lembrei de programar para tocar. Devo ligar para ele?"

"Agora! Senão ele liga para o seu marido e em questão de minutos Gideon aciona até o FBI para vir atrás de você...", Cary dá uma risada.

"Quer que eu te deixe sozinha por um momento, Sra. Cross?", Mário se oferece para se afastar um pouco e me dar privacidade.

"Oh, faria isso por mim, querido?"

"Claro! Não há nada que eu não faria pela cliente mais importante e mais linda que tenho!", ele pisca para mim e sai.

"E eu vou ali fora compra uma coisinha. Volto já.", Cary beija meu rosto e também sai.

Ligo para meu pai, que atende no primeiro toque.

"Eva! Santo Deus! Por onde você anda?", ele parece nervoso.

"Estou no salão, papai..."

"Pode estar agora. Mas antes não estava. Tentei falar com você, e como não consegui, fui procurá-la no salão. E você não estava. Onde foi?"

"Eu estava somente dando uma volta no shopping com o Cary, olhando umas vitrines, nada demais."

"Eva, não minta para mim! Sou seu chefe de segurança mas antes disso sou seu pai. E sei muito bem quando está mentindo. Quero saber onde você foi."

Caramba... Como ele consegue saber que estou mentindo via telefone? Será que quando meus filhos nascerem vou ter também essa capacidade? E agora, eu conto ou não?

"Fui resolver uma coisa fora do shopping. Mas não estava sozinha, Cary foi comigo."

"Você não compreende o risco que correu... Se estou aqui à disposição, é a mim que você deve recorrer quando precisar resolver alguma coisa. Se Gideon descobrir que você saiu das minhas visitas posso acabar perdendo meu cargo. É isso que quer?"

Poucas vezes meu pai ficou tão irritado comigo. A última acho que foi quando ele soube que ia me casar com Gideon.

"Não, pai, claro que não...", reconheço que ele está certo.

"Então? Onde esteve, Eva?"

Faço uma pausa. Não queria contar. Mas...

"O senhor pode vir até aqui? Prefiro conversar pessoalmente."

"Agora você está me assustando...", ele muda o tom de voz para um mais brando.

"Não precisa se preocupar. Eu estou bem. Não aconteceu nada de mal comiho. Apenas venha.", tento acalmá-lo.

"Ok. Estou indo."

Desligo. Vou contar logo tudo para o meu pai. Queria contar primeiro para o meu marido, mas parece que as coisas não vão sair como eu esperava. Paciência...

Chamo Mario e ele continua seu trabalho no meu cabelo. Espero que o procedimento de hoje não demore. Quero muito terminar isso e ir para casa. Ainda ao chegou na metade do dia e já estou emocionalmente cansada. Pior é que ainda tem o coquetel hoje.

"Oi, gata! Voltei. Conseguiu falar com o Victor?"

"Sim. Ele está vindo para cá."

"E para quê?"

"Vou conversar sobre hoje com ele. Sobre onde estivemos à pouco."

"Você vai contar pra ele que... Vai contar antes de contar para o seu marido?"

"Vou."

Meu pai chega e se aproxima. Mario já terminou por agora e tenho privacidade para conversar. Levanto-me da cadeira e vou com ele e Cary para um espaço mais privado, onde há algumas poltronas e sofás, e podemos conversar de maneira mais discreta e confortável.

"Então, Eva, o que tem para me contar que só podia ser pessoalmente?

Sem rodeios, conto tudo para meu pai. Primeiramente ele fica sem reação, mas em seguida me abraça e me apoia. Peço sigilo, pois eu mesma quero contar para o meu marido. E quanto a isso todos estamos de acordo.

"Aproveitando que estamos aqui falando sobre isso, Eva, isso aqui é um presente meu para seus bebês. Quis ser o primeiro a comprar algo.", Cary me entrega uma sacola amarela linda.

"Ah, meu amigo, que gracinha!", eu o abraço. "Obrigada!"

Papai nos observa, sorrindo. Abro a sacola e encontro dois pares de sapatos de bebê. Ambos brancos e feitos de tricô.

"Como ainda não sabemos o sexo dos bebês, comprei algo neutro."

"Achei lindo, meu amigo! Muito obrigada mesmo, em meu nome é em.nome dos meus filhos. Ou filhas...", dou uma risadinha.

"O avô vai providenciar logo um presente também, filha!", ele se levanta da poltrona em que estava e senta ao meu lado. "Ainda não acredito que vou ser avô... Sua mãe ia ficar radiante com a notícia, se estivesse entre nós.", papai acaricia meu ventre.

Ficamos os três ali, juntos, abraçados.

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