Série Crossfire - Enfim Nós

CAPÍTULO 28

CAPÍTULO 28

Falei e falaria tudo novamente! Impossível ouvir a quantidade de inverdades ditas por Corinne e permanecer calado. Que tipo de homem seria eu?! Tento me aproximar da mesa em que estava com Eva mas a multidão de pessoas travam bastante meu caminho. Uma enorme confusão se instaurou. Acho que não era bem esse o resultado que Corinne esperava após seu discurso. Localizo Angus e meu sogro vindo em nossa direção.

“Senhor, precisamos tirá-los daqui.”, Angus me fala.

Concordo com a cabeça. Sinalizo para eles que quero um cordão de isolamento ao redor de Eva. Receio que essa multidão possa fazer com que ela se sinta mal. Aos poucos vamos conseguindo avançar, chegando bem perto da porta. Quando estamos prestes a deixar o salão, ouvimos gritos femininos e um som agudo, que me parece estar vindo de um microfone. Instantaneamente olhamos para o palco. Ah, não… Corinne de novo?!

“ISSO NÃO ACABOU, EVA! VOCÊ AINDA NÃO GANHOU ESSA GUERRA. VOCÊ AINDA NÃO GANHOU! GIDEON É MEU! MEEEEEEEU!”

Olho para ela, incrédulo, e em seguida olho para minha esposa. Eva não me parece bem. Está pálida. Tenho que tirá-la daqui depressa. Percebo um homem alto, moreno, retirar Corinne do palco. Quem será ele?! Se fosse alguém significante eu conheceria. Deve se tratar de algum novo amiguinho dela... Ou amante. Agora não faz diferença. Mas tomo nota mentalmente de que preciso investigar. Todo cuidado é pouco quando se trata de Corinne Giroux. Alguns fotógrafos são mais insistentes e nos seguem até o lado de fora. Entro no carro logo depois de Eva e Arnoldo entra por último.

“O que foi aquilo, meu amigo?”, Arnoldo me pergunta.

“Aquilo se chama: pôr uma pessoa em seu devido lugar.”, sorrio ao relembrar meu discurso. Seguro as mãos da minha esposa. “Você está gelada, Eva. Está se sentindo mal?”

“Estou só um pouco enjoada. Os flashes das câmeras me deixaram tonta. Só quero ir para casa…”, ela responde, com um tom de voz baixo.

“Logo chegamos. Aguente firme.”, Digo, oferecendo meu ombro para que ela se deite.

Eva adormece rapidamente. Percebo que, além de gelada, está suada. Sua pressão deve ter caído porque seu suor é frio. Não gosto disso.

“Amico, ho apprezzato il suo discorso!”(Amigo, gostei muito do seu discurso!), Arnoldo sorri largo.

“Obrigado! Senti que devia falar algo.”

“Mas você achou que foi bom ter falado para todo mundo que Eva está

incinta?” (grávida)

“Como assim?!”

“Gideon… Não viu o estado da Corinne? Aquela mulher não está nada bem.”

“Continue… Porque não entendi onde quer chegar.”

“Ho paura per l'integrità della moglie e questa gravidanza...” (Receio pela integridade da sua esposa e dessa gravidez…)

Sinto como se tivesse parado de respirar. Arnoldo tem razão. Será mesmo que arrisquei a vida da minha mulher e dos meus filhos? Não… Ela não seria capaz… Ou seria?!

“Amanhã mesmo vou tomar providências para proteger minha família…”

“Faça isso mesmo! Espero que seja só uma impressão minha, mas é melhor prevenir que remediar, não é?!”, ele faz uma pausa. “Bem, vamos parar de falar nisso. Eva pode acordar e ouvir. Não é bom nem para ela nem para o bebê.”

“Bebês…”, falo sorrindo.

“Bebês? De verdade?! São dois?”, Arnoldo sorri com os olhos arregalados e percebo que ele tenta me cumprimentar o mais silenciosamente possível.