CAPÍTULO 21

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CAPÍTULO 21

Eva chegou lindíssima do salão de beleza. Agora está no banho. Estou esperando ela vir para almoçarmos. E para conversarmos. Definitivamente não acho uma boa ideia irmos ao lançamento do livro hoje à noite.

"Pronto. Já estou aqui. Vamos comer?", Eva, finalmente, está de volta num lindo vestido.

"Claro. Vou buscar um vinho para acompanhar a massa. Eu mesmo quem fiz!", sorrio e caminho até a adega.

"Não queria tomar vinho hoje.", ela diz.

"Não? Mas por quê?"

"Por que?! Porque ainda não estou muito bem do estômago e também quero estar bem sóbria mais tarde, no coquetel. Ou esqueceu do coquetel?"

O coquetel... Como poderia esquecer? Eu queria que ela esquecesse.

"Tudo bem, bebemos suco. Vamos comer.", se ela não quer vinho, também não quero.

Estamos à mesa em silêncio. O que me soa muito esquisito. Minha esposa é sempre tão falante. Talvez ela esteja sentindo a minha tensão... Vou aproveitar que acabamos de tocar no assunto do coquetel e vou tentar fazê-la mudar os planos para hoje à noite. Tomara que eu seja bem sucedido.

"Eva, queria falar com você.", quebro o silêncio.

"É.. Eu também queria... Falar com você..."

Não creio que seja sobre o coquetel. Afinal, ela falou agora a pouco sobre isso e ainda pretendia ir.

"Então fale, anjo...", dou a deixa para que ela comece.

"Não, você primeiro.", ela responde.

Nós nos olhamos e sinto que Eva deseja que que fale primeiro. Cedo a sua vontade.

"Tudo bem... É sobre o coquetel de hoje da Corinne. Não quero ir. E eu também não acho uma boa ideia.", faço uma pausa. "Vamos ficar em casa? Se não quiser ficar em casa, podemos sair e ir a qualquer outro lugar.", seguro suas mãos com carinho tentando parecer mais calmo do que realmente estou.

"Gideon, já conversamos sobre isso. Não acredito que vamos ter essa conversa outra vez. Não adianta fugir. Ela quer nos intimidar. Nós vamos a esse coquetel e ponto final. Mostraremos o quanto ela não é capaz de nos atingir."

Meu Deus! Que mulher teimosa essa que eu tenho!

"Tenho meus motivos para querer não ir... E são evidências muito consistentes.", insisto.

"Você sempre tem motivos. E eu não duvido disso. Sei que não quer ir para não me expor. Não se preocupe com isso. Afinal, você não confia na sua equipe de segurança? Nós não vamos eliminar nossos problemas com a Corinne fugindo dela. Sabe que não é assim que funciona. Não precisa me proteger como a uma criança. Sei me defender quando necessário. Você mesmo me incentivou a ser assim é já devia saber disso...", ela parece brava.

"Corinne está planejando algo. Não descobri o que é ainda. A ideia de que ela possa tentar algo contra você me faz recuar. Você é o meu bem mais precioso, Eva...", se algo acontecer à ela, não me perdoaria.

"Planejando algo ela certamente está. Desde que ela voltou não faz outra coisa."

Uma coisa não posso negar: minha mulher sabe como argumentar! Ela vai se dar muito bem quando começar a trabalhar na minha Fundação. Mal posso esperar para vê-la em ação.

Vou até ela e tento convencê-la pela última vez. Não tenho mais cartadas. Mostro a mensagem que Corinne me enviou. Ela lê.

"Entende agora do que eu falo?"

"Entendo. Mas minha opinião é a mesma. E se você não for, eu vou sozinha.", ela dispara.

É... Não fui capaz de fazê-la mudar de ideia. Só me resta concordar e ir a esse maldito evento. Que droga!

"Ai, Eva... Ok. Nós vamos.", sorrio meio entre os dentes. "Agora sua vez, o que quer falar comigo?"

Ela parece nervosa. Alguma coisa aconteceu com ela.

"Eva?! O que houve? Aconteceu alguma coisa com você? Porque se aconteceu você precisa me falar."

Odeio quando alguém diz que quer falar alguma coisa e não fala. Ainda mais se tratando de Eva. Fico fora de mim...

"Está me assustando...", digo a ela, que se levanta da mesa. Eu a sigo.

A postura dela não me parece boa. A cada segundo que passa sinto que se trata de algo sério e muito ruim. Ela se senta no sofá e eu me sento a sua frente. Sua linguagem corporal me mostra o quanto ela está alterada. Parece que sente medo de me falar o que está se passando.

"Gideon, o que tenho para falar é muito importante. E muito sério também.", ela para de falar por um momento e me olha nos olhos. "Quero que saiba que não foi algo planejado. Simplesmente aconteceu. Eu não fazia ideia de que... Bem, eu estou tentando te explicar que não foi algo premeditado...",

Escuto meu celular tocar, mas ignoro. Não quero saber de interrupções. Ainda mais agora. Sinto que Eva quer me falar algo importante.

"Atenda. Pode ser importante.", ela me diz.

"Nada é mais importante do que ouvir o que você tem para me dizer.", olho no fundo de seus olhos.

"Eu não vou fugir. Espero aqui, sentada no sofá, até você terminar a ligação. Não vou desistir de falar o que preciso falar. Atenda..."

Se eu não atender, ela não vai parar de insistir. Se eu atender, desligo logo o celular e fico sabendo o que ela tem a dizer. É... Vou atender. Olho e não reconheço o número.

"Cross!", falo.

"É o Raúl, Sr. Cross. Estou ligando do número privado porque tenho informações para passar ao senhor antes mesmo que possa ler o relatório. Pedido de Angus.", olho e percebo que Eva está na cozinha. Prefiro assim nesse momento.

"Prossiga.", falo baixo.

"Temos pistas bastante consistentes de que o homem que anda vigiando a Sra. Cross foi contratado por Ryan Landon.

"Landon?! Tem mesmo certeza?"

"Temos, senhor."

"Nenhum envolvimento dos Lucas?"

"Não.", isso me surpreende.

"Conseguiram localizar onde ele se esconde?"

"Temos um plano para apanhá-lo na próxima vez que aparecer."

"Perfeito. Envie o relatório agora mesmo. Quero tomar conhecimento de cada linha. Aguarde meu contato para uma reunião sobre tudo isso a qualquer momento."

"Evidente, senhor."

Desligo o telefone. Landon está levando nossa competição longe demais. Fui pacífico demais com ele. Mas quando se metem com a minha esposa... Ele vai se arrepender. Sou capaz de matar pela Eva, faço qualquer coisa por seu bem estar e felicidade. Ela é o que tenho de mais valioso na vida. Falando nela, temos uma conversa pendente...

"Eva! Meu anjo, onde estávamos?!", vou até ela, que está sentada junto à bancada da cozinha. "Você dizia que simplesmente havia acontecido...", sento ao lado dela.

"Sim, garotão... Aconteceu..."

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