CAPÍTULO 25

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CAPÍTULO 25

Pai. Vou ser pai! Nossa! Depois da morte do Sr. Geoffrey Cross, meu pai, nunca uma coisa me tirou tanto o chão como essa notícia. Ainda não sei lidar direito com certas emoções e, claro, me senti apavorado. Mas o posicionamento da minha esposa sobre tudo isso me fez perceber que estava me comportando como um covarde. Afinal, ela não engravidou sozinha… É uma situação inesperada e louca, porque somos dois sobreviventes de traumas horríveis e ainda não alcançamos a “cura”. Como vamos criar um outro ser humano?! Nesse caso, outros seres humanos..

Minha cabeça ainda está dando voltas ao pensar nisso.

“Calma, Cross…”, respiro fundo e digo a mim mesmo.

Agora Eva está tomando banho. Vamos ao coquetel. A Sra. Cross pode ser muito persuasiva quando quer alguma coisa. Liguei para meu sogro e o estou aguardando para conversarmos. Como homem, tenho que mostrar a ele meu posicionamento quanto ao que se passa. Ouço uma batida na porta.

“Gideon, posso entrar?”, Victor pergunta.

“Claro, entre…”, levanto-me da cadeira e contorno a mesa a fim de cumprimentá-lo.

“Queria falar comigo?”

“Sim, sente-se.”, indico o sofá na lateral do escritório.

Meu sogro senta primeiro e eu em seguida.

“Victor, eu te chamei aqui para falar da Eva e da… Da gravidez.”, ele faz sinal de positivo com a cabeça e eu continuo. “Bem, eu confesso a você que foi uma surpresa, porque não pretendia ser pai tão cedo. Há algum tempo atrás, antes de conhecer a sua filha, nem pai eu queria ser. Mas sua filha, com seu jeito singular de ser, me mudou e graças a ela sou outro homem. Sou um homem muito melhor! Quando ela me entregou o ultrassom, fiquei em choque, não vou negar. Só que Eva me fez enxergar com clareza. Não tenho um problema na minha frente. Com seu jeito de encarar a situação, me mostrou que era preciso aceitar nossa nova condição e aproveitar essa chance de começar a nossa descendência. Vou ser pai e estou contente. Apesar da enorme insegurança, de não saber ser o pai que nossos filhos precisam, estou ao lado da minha esposa para o que der e vier.”

Victor me encara e não fala nada. Sinto-me constrangido, sem saber o que fazer ou falar. O que é uma grande novidade para mim. Seu olhar parece penetrar no meu. Segundos depois ele se levanta e então começa a falar.

“Gideon, desde o início dessa relação de vocês, percebi que era impossível separá-los. Como pai, pensei em afastar a minha filha de você, confesso, pois não julgava que seria homem suficiente para fazê-la feliz. Mas notei que existia uma enorme força que os unia cada vez mais e hoje tenho certeza de que isso é amor. Seu cuidado com minha filha me deixa tranquilo, porque sei que se eu faltar algum dia na vida, você estará lá para apoiá-la, cuidá-la e amá-la.”, ele toca em um dos meus ombros. “Peço que encare de frente esse desafio. Ser pai não é fácil, mas também não é impossível. Basta amar, ter paciência e carinho. Não sou um pai perfeito, nunca vou ser, e você também nunca será. Somos passíveis de erros. Somente apoie minha filha e ofereça seu melhor a ela e às crianças. Estarei aqui para ajudar sempre que for preciso. Afinal, quem melhor que o avô para cuidar e mimar os netos?”, Meu sogro sorri para mim.

Eu me levanto e nos cumprimentamos com um abraço.

“Não vou decepcionar sua filha.”, digo.

“Sei que não. Mas se isso acontecer, lembre-se de que, ainda que seja seu funcionário, sou policial, Ah, e ando armado…”, Victor sorri e me dá um tapinha nas costas.

“Vou me lembrar…”, sorrio.

“Isso é tudo?! Porque ainda não terminei de revisar com Angus o protocolo para daqui a pouco.”

“Pode ir, era sobre isso que queria conversar. Mas vou descer com você porque quero fazer um comunicado aos funcionários. Vamos?”

Victor sai e eu saio atrás. Descemos em silêncio até o térreo.

“Atenção, o Sr. Cross tem algo a dizer.”, Victor se adianta a mim, mas no momento em que ia tomar seu lugar à fila, seguro-o pelo braço para que fique ao meu lado.

“Boa noite a todos. O que tenho a dizer será rápido. Gostaria de informar que a família Cross vai aumentar.”, dou um leve sorriso e olho para meu sogro. “A Sra. Cross está grávida. Logo serei pai.”

Os funcionários começam a parabenizar a mim e, em seguida, ao Victor, num enorme alvoroço. Deixo-os com a novidade e subo de volta ao apartamento. Preciso me arrumar.

“Demorou, hein…”, Eva diz assim que entro em nosso quarto.

“Desculpe. Estava fazendo umas ligações e resolvendo umas coisas.”, tento me explicar.

“Hum… Vai logo se arrumar.”

“Já vou.”, ela parece brava. “A propósito, estive falando com seu pai.”, caminho para dentro do banheiro e ela vem atrás.

“Sobre?!”

“Sobre nossos filhos. Engravidei a filha dele e o mínimo que posso fazer é tranquilizá-lo. Deixei claro que estou assustado, mas também muito feliz com essa nova fase. Ele sabe que não estará sozinha.”

Parece que ela gosta da minha atitude. Entro no banho e ela me observa. Percebo malícia em seu olhar.

Vou terminar de me arrumar, Sr. Cross.”, ela se retira.

Terminamos de nos arrumar e saímos de casa. Minha esposa está magnífica! Descemos juntos pelo elevador e encontramos ambas equipes de segurança nos aguardando no térreo.

“Sra. Cross, em nome da equipe de segurança do Sr. Cross, desejo à senhora uma gravidez tranquila. Parabéns.”, Angus diz.

“Minha filha…”, Victor se aproxima. “Que Deus abençoe sua gestação. Meus homens lhe desejam o mesmo.”, ele a abraça, emocionado.

Eva me observa. Com certeza ela deve achar que mandei eles fazerem isso, mas não. Foi uma linda iniciativa deles. Minha mulher, segurando as lágrimas, toma a palavra.

“Estou emocionada com o carinho de todos vocês. Não esperava por essa demonstração de carinho. Obrigada, de coração, a todos.”

Caminhamos em direção ao nosso carro. Angus e Victor vão nos acompanhar. Espero que isso tudo acabe logo. Quero voltar para casa, curtir minha esposa e os nossos filhos. Para mim, essa coisa de livro e  coquetel é uma enorme palhaçada da Corinne. Quando chegamos, descemos do carro e nos deparamos com fotógrafos. Paramos para algumas fotos. Eva sorri mas eu mantenho minha feição neutra, como se estivesse alheio ao que se passava. Conduzo minha esposa pelo caminho e finalmente entramos. O espaço está bastante cheio. Sei bem que não é pelo prestígio mas pela polêmica. Uma moça, provavelmente a hostess, nos aborda.

“Sr. E Sra. Cross, queiram me acompanhar até sua mesa.”, ela sinaliza a direção.

Sentamos ao local indicado. Claro que seria um bem exposto, na primeira fila. Corinne sabe bem que não pode me intimidar. Muito menos dessa forma.Isso tudo é para encurralar minha esposa. Percebo que alguns convidados nos observam. Mas me tranquilizo um pouco quando vejo Eva sorrir para mais uma foto que tiram de nós. Ela tem se esforçado para ser mais forte, tal como o meu sobrenome impõe que seja. E vejo muitos avanços.

Um homem, que deve ser o locutor do evento, começa a falar e o silêncio se faz entre todos.

“Boa noite, senhora e senhores. Sejam todos bem vindos ao lançamento do livro de Corinne Giroux. Gostaria de informar que já está presente entre nós o Sr. Gideon Cross.”

Esse circo só estava esperando a minha chegada para iniciar o espetáculo? As pessoas aplaudem e eu sorrio meio amarelo de volta. Não estou gostando do rumo dos acontecimentos. Preciso estar preparado para proteger minha esposa… E a mim mesmo.

“Solicito que todos possam tomar seus lugares para que a autora possa subir ao palco e fazer a abertura do evento.”, vejo as pessoas se sentando. “Anuncio, então, a senhora Corinne Giroux!”

Corinne sobe ao palco sorridente. Percebo que ela lança um olhar triunfante para Eva. Conheço essa mulher há anos. Alguma coisa ela está planejando. Mas, se depender de mim, nenhum ato dela contra nós surtirá efeito.

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