Capítulo 4

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"Abra a porta gatinha

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"Abra a porta gatinha."

Estava escrito no bilhetinho dentro do envelope. Joguei o bilhete no chão e corri para abrir a porta. Ele estava com os braços esticados nas laterais da porta com a cabeça baixa, as roupas estavam desleixadas, a camisa solta por cima das calças, o cabelo bagunçado com a expressão de cansaço como se não dormisse há dias. Para ser sincera tenho a plena certeza que ele não dorme há dias. Quando abro a porta ele levanta a cabeça e dá um sorriso meio amarelo mas não deixa de ser o sorriso mais lindo que já vi.

— Oi. — Ele diz me olhando com carinha de cão perdido.

Apesar de estar triste pelo o que é que esteja acontecendo, estou também com raiva por ele não ter a decência de me contar e ainda me deixar todo esse tempo aflita.

— Oi. — Eu disse tentando não transparecer minha raiva.

— Você deve estar brava mas...

— Você tem noção do quanto estou preocupada? — O interrompi. — Estou há dias sem ter notícias suas, sem saber o que está acontecendo. — Me irritei.

— Me perdoe Meri eu estava tentando resolver alguns problemas mas não tive muitos resultados. — Disse ele desanimado.

— O que está acontecendo Leon me diga? — fiquei com medo.

— Ele de novo! Como sempre ele! 

Respondeu exasperado e enfim entrando em meu quarto.

— Ele está de volta para me assombrar. — Disse mexendo nos cabelos.

— Nicolay? — Falei, mas minha resposta saiu como uma pergunta.

— Ele mesmo, Nicolay Madark. — Leon senta cansado na beirada de minha cama.

Fechei a porta e fui me sentar ao seu lado agora com a raiva mais contida.

Nicolay Madark é o inimigo de Leon de longa data, é uma guerra de gerações aparentemente. Há anos que eles se enfrentam, já ouvi estórias de coisas que esse tal Nicolay já fez, estórias por sua vez bem assustadoras e horripilantes. Não sei do porquê mas Leon nunca quis me contar o motivo real desse ódio que um tem pelo outro. Creio que para ele seja difícil pois só de olhar em seus olhos vejo que está exausto mas também sei que ele não vai se render, não tão fácil.

— O que ele quer? — Perguntei com medo de saber a resposta.

Leon se levantou e caminhou até uma das janelas da sacada ficou encarando o nada do lado de fora com um olhar vazio.

— Ele quer uma última batalha entre nós e dessa vez... — Ele para e percebo o ódio em seu olhar.

— Dessa vez? — O aticei a responder.

Nunca o tinha visto assim, somente quando alguém ou eu tocava em algum assunto que envolvia Nicolay.

— Dessa vez até a morte. — Diz diretamente e sem rodeios.

Nesse momento senti que meu sangue havia parado de circular em meu corpo. Isso só podia ser brincadeira Leon não seria capaz de aceitar uma proposta tão absurda e descabida dessa. Com certeza é algum tipo de armadilha, ele não pode estar falando sério.

— Você não aceitou, não é? — Perguntei mas no fundo já sabia a reposta.

Meus olhos começaram a marejar e para piorar Leon não responde.

— Você não aceitou? Aceitou? — Gritei para que pelo menos assim ele me respondesse.

Senti as lágrimas queimarem em meu rosto quando Leon virou para mim com determinação e orgulho, misturado com um pedido de desculpas e acenou a cabeça positivamente. Meu coração ardeu. Sei que Leon é um grande guerreiro mas Nicolay também é e além disso é perigoso não o conheço mas não preciso conhecer para saber deste fato.

— Quando é que você vai? — Perguntei enxugando as lágrimas firmemente.

— Vou partir amanhã pela manhã. — Abaixou a cabeça.

— Amanhã? Mas... — Tentei não mostrar minha confusão mas foi em vão.

— Você vai sozinho? — Minha voz quase não sai.

— Não céus! Não Meri. Ricardo, Hugo, Stephen e o General Carter vão mas só para o caso de não encontrarmos por lá o que realmente esperamos. Em todo caso é só por precaução.

Ele pega em minhas mãos e me analisa, mantém o olhar fixo em meu colar e depois olha em meus olhos, enxuga algumas lágrimas que insistem em cair e continua.

— Gordon ficará aqui caso precise dele. Esse dia chegaria de qualquer jeito, vou acabar com isso você vai ver. Vai ficar tudo bem. — Fala esperançoso.

Eu não respondo.

— Eu sinto muito Meredith.

— Sinto muito? — Minha voz sai em um sussurro tão baixo que a pergunta foi mais para mim do que para ele.

Foi a única coisa que me disse e então saiu de meu quarto o mais rápido possível.

— Leon! — Saí andando atrás dele de camisola e pantufas.

Coloquei apenas um casaco o que estava mais perto e fácil. Se fosse em outros dias quaisquer me policiaria quanto a esta atitude mas que se dane.

— Leon! Leon! — Gritei andando apressadamente atrás dele mas ele não me deu ouvidos.

— Leon pare! Já disse para parar! Me escute, o seu povo...

Leon parou bruscamente no lugar me fazendo bater em suas costas.

— O seu povo está com medo eles precisam de você aqui. — Eu disse um pouco mais calma.

Ele me olhou por sobre os ombros depois olhou para os pés, coçou as têmporas de seus olhos e curvou os ombros como se estivesse cansado disso tudo tanto quanto eu e disse:

— Eu sei Meredith, eu sei.

— Se sabe disso então por que não acaba com tudo isso? Leon olhe para mim.

Ele virou em minha direção mas não me olhou nos olhos.

— Olhe para mim. — Repeti.

Então ele me olhou. Levantei minha mão esquerda e repousei em seu rosto, suas bochechas estavam rosadas por conta do frio imenso que se aproximava de BrownWood. Ele segurou minha mão que estava pressionada em seu rosto e olhou fixamente para meu pulso.

— Não quero que nada de mal te aconteça. — Disse ele ainda encarando meu pulso.

— Nada vai me acontecer. Por qual motivo me aconteceria algo? — Perguntei.

— Só estou dizendo...

— Leon não estou brincando pare enquanto é tempo você está querendo entrar em uma guerra que não sabe se vai poder sair, esqueça essa rivalidade idiota você não precisa fazer isso. — Disse em um tom meio desesperado.

— Me desculpe Meri mas eu preciso sim fazer isso e mais, eu quero fazer isso por você e pelo nosso povo, já me cansei dessas ameaças absurdas se ele acha que eu vou me entregar de bandeja ele está muito enganado. "Je vais jusqu'au bout même si je dois mourir."

"Vou até o fim mesmo que para isso eu tenha que morrer."

— Leon!

Ele beijou meu pulso e depois desapareceu pelos corredores e dessa vez eu não fui atrás dele.

After The Sunset Vol.1Onde histórias criam vida. Descubra agora