Despertei com o balançar do cavalo e com a respiração de Nicolay. Eu estou com a cabeça encostada em seu peito. "Não me lembro de ter caído no sono." Abri os olhos e os senti pesados deve ter sido o choro ou o sono. Não tinha conseguido dormir na noite passada o cansaço me bateu com força. O céu continua escuro mas agora o motivo é o cair da noite, o frio está dez vezes maior, a capa que Cat escolheu para mim não é capaz de me esquentar de tal clima gélido. Senti meu corpo tremer e provavelmente Nicolay também, sem dizer nenhuma palavra me ajeitou em seus braços pegou um pedaço de sua capa que mais parecia um manto e jogou por cima de mim. Não sei como ele consegue me segurar e guiar o cavalo ao mesmo tempo de forma tão tranquila. Porém ele consegue estável e com maestria.— Achei que você me odiasse e que quisesse me matar. — Falei com os olhos meio abertos e meio fechados.
— Não odeio você. Odeio o seu noivo e não se engane, ainda quero te matar. — Respondeu Nicolay.
— Se você quer tanto me matar então por que não me larga em qualquer lugar para que eu possa morrer congelada pelo frio? — Perguntei. Minha voz saiu num sussurro.
— Tenho planos melhores para você. Não será nada divertido deixar você para morrer congelada. — Respondeu.
— Planos? — Sussurrei para mim mesma. — Então para você morrer tem que ser algo divertido? — Puxei um pouco mais de assunto para poder entendê-lo.
— Sim. — Ele simplesmente respondeu depois continuou. — Entenda uma coisa princesa você para mim é um instrumento para atingir Leonidas. Sem você ele ficará fraco e é aí que eu entro. Talvez... Eu corte sua cabeça e depois envie em uma caixa de presente, não sei tenho tantas ideias. — Fingiu estar pensando no que acabara de falar.
Nicolay fala como se suas palavras escabrosas fossem a coisa mais normal do mundo. Talvez para ele fosse. Olhei para os meus pulsos e eles estão vermelhos e ardem por conta da corda roçando em minha pele frágil. Eu poderia tentar me desprender, pular do cavalo, correr, fugir, me debater ou algo do tipo mas não adiantaria há mais ou menos uns vinte homens com Nicolay. Vinte e um contando com Catarina. Obviamente não conseguiria ir muito longe. E está tão frio, o sono ainda por cima não me larga então aceitei os fatos de que brevemente irei morrer o que é uma vergonha. Sem forças para discutir encostei novamente minha cabeça em seu peito e fechei os olhos. É tão irônico essa vida. Estou aconchegadamente nos braços do homem que quer destruir a pessoa que mais amo e que futuramente tirará minha própria vida também. Acho que o frígido e cortante ar está atingindo meus miolos. Para mim essa é a única explicação. Eu deveria estar apavorada mas não estou. Deveria preferir passar frio do que ser aquecida por ele mas a verdade é que nesse momento eu quero ser aquecida por ele.
Acordei e reparei que não estou em cima de um cavalo e muito menos nos braços de Nicolay. Estou em uma cama. "Uma cama?" Que tipo de prisioneira fica em uma cama? E ela é macia, quente e gostosa. Alguma coisa está errada. Tudo está escuro. "Já estou ficando exausta de tanta escuridão." Devo estar em um quarto, pelo menos é o que eu acredito, então há luz em algum lugar aqui. Levantei da cama e constatei que minhas roupas foram trocadas. Estou com um vestido leve e pelo que consigo perceber também estou com um robe que pelo tecido parece ser de seda. "Seda?" Isso só pode ser algum tipo de brincadeira. Saí apalpando tudo pela frente até encontrar as paredes achei algo parecido com um interruptor e apertei. A luz se acendeu e não acreditei no que meus olhos estavam vendo. O quarto não é um quarto comum é simplesmente "O Quarto" ele é enorme, a cama onde havia dormido é gigantesca. No lado direito há uma escrivaninha e ao lado dela uma lareira com vasos de flores mas não qualquer flor, são flores de Ana. Nas paredes há quadros antigos sofisticados, no chão tapete de veludo, no teto um lustre no meio do quarto que ilumina todos os pontos. Do outro lado do quarto há duas portas fui na direção delas para abrir. Na primeira porta existia alcovas magníficas e está abarrotado de vestidos todos de cores vibrantes apenas alguns são mais simples, vários sapatos e acessórios. Em uma mesa de vidro no centro há colares de diamantes, brincos, tiaras
O sonho de qualquer garota. Fechei a porta e abri a segunda e me surpreendi com o que vi. Uma biblioteca com milhares, milhões de livros. As estantes iam do chão até a altura do teto, há escadas para poder ir até a última fileira de livros. Na biblioteca também tem uma mesa e um sofá com uma poltrona na frente deixando o ambiente mais confortável. É tudo incrível, sempre fui apaixonada por livros mas com certeza não são para mim. Sai da biblioteca e percebi que havia mais uma outra porta obviamente fui ver o que tinha atrás. Entrei devagar. É uma sala de banhos e como todo o resto do quarto ele é enorme, com banheira, espelhos enormes, mais vasos com flores de Ana, a pia está cheia de perfumes e atrás de onde eu estou tem um grande armário com sais de banho e óleos de todas as essências possíveis. Saí da sala de banhos e voltei para o quarto. É tudo muito bonito mas por que eu estou aqui? Quando vim para cá? Seja qual for o lugar onde estou, imaginei que ficaria numa cela nojenta cheia de ratos e fedida e não em um palacete em forma de quarto.— Olha só já está de pé?
Me assustei com a aparição de Catarina.
— Pensei que fosse ter que jogar um balde de água fria em você. — Disse abrindo as cortinas. — Vejo que não será necessário mas vou te contar um segredo eu estava torcendo por isso, que pena. Quem sabe na próxima. — Concluiu fingindo estar decepcionada.
— Onde é que estamos? — Perguntei tentando ser educada com ar de superioridade.
— Ah! — Deu uma risadinha e continuou. — Estamos em Sansalom. — Respondeu com desdém.
— Sansalom? — Não acreditei.
— Claro! você agora é prisioneira do Nicolay e ele se você não sabe é o rei de Sansalom para aonde você achou que iria? — Perguntou em deboche tentei não cair em sua provocação e me segurei.
— Se sou prisioneira por que estou aqui? — Perguntei apontando para o quarto.
— Nicolay vai te dizer na hora certa mas eu acho que ele quer que você aproveite um pouco os seus últimos dias de princesinha mimada antes de morrer. — Sorriu.
— Aonde ele está? — Andei rumo a porta.
— Não te interessa. — Respondeu Catarina, ríspida.
— O que disse? — Parei no lugar.
— Ele vai mandar uma criada para te ajudar a se arrumar para o jantar.
— Jantar? — "Céus que parte da conversa eu perdi?"
— Sim, além de burra é surda? — Me provocou.
— Olha aqui garota você pensa que é quem para falar comigo assim? Eu não sou burra muito menos surda. Se você acha que vou ficar escutando seus insultos você está completamente enganada. — Falei em tom de raiva.
— Hum... Olha só a princesinha está colocando as asinhas para fora? Que bonito mas deixa eu te avisar uma coisa, você não está mais em seu reino as coisa são bem diferentes aqui e espero que não se esqueça disso. — Ela disse esbarrando em mim e saindo batendo a porta.
Minutos depois entrou uma senhora em meu quarto. É a criada que vai me arrumar. Ela é caladona e tem um aspecto fechado. Pelo visto aqui todo mundo morre de tanto mal humor. A mulher não se apresentou nem nada apenas entrou foi em direção a sala de banhos e preparou a água na banheira. Fiquei um pouco incomodada de tirar minhas roupas na frente dela. E por falar em roupas quem será que trocou as minhas na noite passada? E pelos deuses por quantas horas eu dormi? São perguntas que eu provavelmente nunca saberei as repostas. Depois de meu banho fui para o quarto a criada misteriosa correu para a alcova e voltou com um vestido vermelho longo e aliás um vestido pra lá de decotado cheio de detalhes.
— Não vou usar isso. — Falei um pouco irritada.
"Isso já é exagero."
Para alguém que há algumas horas atrás era uma prisioneira isso não pode estar certo o que será que Nicolay quer com isso tudo?
— Eu só cumpro ordens não posso fazer nada. — Disse ainda com sua expressão.
Foi a única coisa que ela disse não discuti, então não falei mais nada vou tirar tudo a limpo com Nicolay e será esta noite.
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After The Sunset Vol.1
RomanceSinopse: Meredith Rose Calore, a futura rainha de Brownwood, enfrentou o seu momento mais sombrio quando se viu obrigada a se render ao pior inimigo de seu noivo, o rei Leonidas, para proteger seu povo. Em um ato de desespero e coragem, ela sacrific...